O destino escreveu

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A estação ferroviária estava um caos naquele dia. Pessoas correndo para lá e para cá com suas malas pesadas, atrasadas para embarcar. Beatriz era uma delas.

Ela corria, ou tentava correr, com a mala pesada e a saia longa. Tentava descer os degraus, quando a mala escorregou de sua mão e caiu. Já imaginava ela rolando escada à baixo, abrindo e expulsando todas as suas roupas, mas não foi o que aconteceu. Um homem alto, com cabelo liso e doces olhos azuis a segurou antes que saísse rolando. Ele sorriu e subiu os degraus até ela.

- Bom dia, senhorita. Creio que isto seja seu! - colocou-a nos pés da linda dama.

- Sim, obrigada por... Obrigada. - respondeu sorrindo.

Havia uma coisa estranha acontecendo. Um sentimento estranho envolvendo-a. Um estranho frio na barriga e um leve aperto no coração.

- Sou Dante Dias. E a senhorita?

- Beatriz Dumont. Encantada!

Ele tomou sua mão e depositou um beijo.

- É prazer, senhorita Dumont.

- Nós já nos vimos antes? - ela questionou um pouco aflita. Ele lhe passava uma sensação extremamente boa de confiança.

- Creio que não. - respondeu após muito avaliar o rosto dela. - Para onde a senhorita vai, posso levar sua mala até o embarque.

- Tomarei o trem para Espírito Santo.

- Eu também! Se eu acreditasse, até mesmo diria que é coincidência.

- Não crê nisso?

- Absolutamente não! Tudo o que acontece é porque tem de acontecer.

- De certo que sim, principalmente se levarmos em conta o destino e a crença em vidas passadas.

- A senhorita crê em vidas passadas?

- Eu creio. Mas por favor, me chame somente de Beatriz. - suspirou. - Não acho que acabe assim, após a morte. Eu acredito que voltamos para evoluir, dentre outras coisas.

- Outra coisa que possuímos igual, além do destino.

Logo mais embarcaram no trem. Sentaram-se juntos e prosearam por longas horas.

- Qual motivo de sua viagem, Beatriz?

- Meu tio irá casar-se logo mais. Minha irmã adoeceu, meus pais não puderam deixá-la sozinha e meu irmão está servindo a Guarda Imperial.

- Guarda Imperial, eu sirvo também, qual o nome de seu irmão, talvez servimos juntos.

- Aluísio Dumont. É alto, tem cabelo preto, barba e olhos castanho claro.

- Aluísio, eu o conheço! Somos grandes amigos. Nunca diria que conheceria a irmã de meu melhor nestas condições.

- Por acaso são condições ruins?

- Oh de maneira alguma! Só imaginava conhecê-la e sua família em um jantar ou alguma situação formal. Não em uma viagem de trem.

- Entendo.

Um longo tempo depois finalmente desceram na estação ferroviária no Espírito Santo.

- Então aqui nos separamos. - ela comentou sorrindo tristemente. Uma parte de si não queria que o destino compartilhado chegasse ao fim, uma vez que significava que teriam de se separar para sempre.

- Infelizmente. - ele respondeu com pesar e tomou sua mão para depositar um beijo. - Foi um prazer conhecê-la.

- Igualmente. - respondeu sorrindo.

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