Dante

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-Desculpe-me, mas por acaso nos vimos antes?

Minha voz ecoou trêmula. Eu sentia uma emoção inexplicável dentro de mim, como se aquele momento fosse algo que eu esperava de forma inconsciente a muito tempo. A visão daquele soldado, com vários cavalos brancos atrás vindo em minha direção, parecia ser algo que marcaria para sempre; cada parte do meu corpo parecia me dizer isso.

Eu podia ver no olhar do cavalheiro que ele estava tão impressionado como eu. Nós dois estávamos como que presos na eternidade daquele momento. Demorou algum tempo até que eu pudesse responder.

-Estou certo que não, senhorita... Por acaso está perdida?

Não tive tempo de responder; logo meu visão escureceu e eu perdi os sentidos.

***

Os olhos claros do soldado foram a primeira coisa que eu vi quando voltei a mim. Eu estava em seus braços.

-Graças aos céus... como se sente?

-Eu estou bem. -Respondi sem pensar, me levantando- Não tenho me alimentado bem, e o esforço esgotou as minhas energias, apenas isso.

O desconhecido não parecia estar totalmente satisfeito com a minha resposta.

-Peço que me diga onde mora.

-Não é necessário.

-Não me peça para deixá-la ir para casa sozinha.

-Ela não está sozinha, Dante.

A voz do recém-chegado me fez abrir um grande sorriso.

-PADRINHO!

Ele desceu do cavalo enquanto eu corri em sua direção.

-Achei que não a veria de novo, minha menina.

Eu o abracei forte. De algum jeito, achei seu abraço frio, como se algo tivesse o tivesse mudado. Mas tão rápido quanto veio, a cisma foi embora. Com certeza era apenas fruto da minha imaginação.

Logo quando eu saí do abraço dele, meu olhar foi mais uma vez tragado ao do soldado. Era algo irresistível.

-Fico muito agradecida, senhor, por ter me ajudado. Como eu disse, o desmaio não foi nada demais.-Eu não sabia a razão, mas parte de mim não queria que eu dissesse o que disse a seguir- Mas não é necessário que me leve até onde eu resido. Meu padrinho fará isso.

-E eu agradeço por ter ajudado a minha menina, Dante. Ela é uma das coisas mais preciosas que eu tenho na vida.

-Não foi nada, Simeão... Mas, nunca me disse que tinha uma afilhada tão linda, isto é... -Ele tentou disfarçar o elogio, e não puder evitar ficar corada- nos vemos no baile de máscaras.

Ele se virou em direção ao seu cavalo, mas minha pergunta o parou.

-Baile de máscaras? -Eu perguntei surpresa- Que baile de máscaras?

-Em casa falaremos sobre isso, Beatriz. -Não pude deixar de notar o tom frio com que ele me respondeu. Estaria meu padrinho tentando não parecer estar aborrecido comigo? Afastei mais uma vez aquela inquietação de que ele havia mudado, enquanto ele falou com o soldado pela última vez- Nos vemos lá, Dante. E mande lembranças ao seu irmão, espero ver Gaspar também por lá.

-Meu irmão não perderia essa festa por nada. -Ele sorriu para si mesmo- Até.

Ambos apertaram as mãos. Quando meu padrinho se virou, Dante pegou a minha mão fazendo meu coração bater forte, como nunca havia antes.

DanCris Fanfic ChallengeOnde histórias criam vida. Descubra agora