MAIS FORTE - MyE

009

Estevão tem muito o que contar e espero não me equivocar!!! 

Maria revirou os olhos e pegou sua pasta onde anotava tudo e depois de terminar o café se retirou e caminhou sem pressa alguma para a sala de reuniões parou no meio do caminho e levou a mão ao peito sentindo algo diferente, uma sensação que a muitos anos não sentia. Ela negou com a cabeça e tratou de focar no que diria aquele homem para que a reunião fosse terminada logo de uma vez, mas para a desgraça dela não seria assim e o momento que entrou naquela sala se arrependeu amargamente pela imagem que se desenhou frente a seus olhos.

— O que faz aqui? — falou com muito custo e a voz saiu grossa.

Estevão naquele momento se virou e deu um sorriso sem vida alguma.

— Finalmente!!! — foi tudo que disse...

Finalmente? O que significava aquela palavra para ele? Ela o olhou de cima a baixo nem se quer chegava aos pés do homem que um dia tinha conhecido, estava um pouco mais magro e no rosto carregava o peso de suas escolhas. Ele estava ali de pé frente a mulher que um dia ele tanto amou e que seguia amando como um louco e não sabia nem como começar aquela conversa que não tinha o direito mais estava ali para tentar.

Maria estava linda ainda mais linda do que a cinco anos atrás e ele um trapo de homem, nem sabia como tinha tido coragem pra marcar aquela reunião... Reunião onde o único propósito era vê-la, ou melhor, revê-la depois de todos aqueles anos. Ele tinha a perdido durante um tempo, mas assim que a encontrou acompanhou todo seu sucesso enquanto ele seguia apenas caindo e caindo.

— O que faz aqui? — voltou a perguntar vendo que ele estava preso em sua imagem.

— Eu precisava falar com você. — Por fim voltou a si.

Ela caminhou com seus saltos batendo até a mesa e deixou a pasta sobre ela e os olhos foram novamente aos dele.

— Eu não vejo nenhum assunto que possamos ter em comum. — cruzou os braços.

Ele sem conseguir se aproximou dela e pode sentir aquele perfume maravilhoso que exalava de seu corpo e ela se afastou dele de imediato.

— Maria, você sabe perfeitamente que temos que conversar e...

— Tudo que tínhamos pra dizer um ao outro já dissemos naquele cemitério a cinco anos atrás!!! — espalmou as mãos na mesa e os olhos dele automaticamente foram aos seios dela.

Ele respirou fundo e virou caminhando pela sala, não sabia nem por onde começar, mas precisava. Voltou seus olhos a ela e disse:

— Eu quero primeiramente pedir seu perdão.

Ela elevou a sobrancelha e até sentou cruzando os braços para ouvi-lo.

— Eu fui um fraco desde o começo e perdi tudo!!! — falou com frustração. — Mas eu sei que temos um filho e eu quero conhecer.

Maria sentiu seu sangue gela e tornou a ficar de pé, não iria permitir que ele chegasse perto de suas filhas, elas não mereciam um pai fraco como ele. Elas não mereciam ser partida ao meio como ela tinha sido há anos atrás quando ele foi um covarde e preferiu o dinheiro dele ao amor dela, não iria permitir mesmo sabendo que ele tinha todo o direito do mundo de estar com as meninas.

— Acha mesmo que depois de cinco anos, você pode vir aqui e querer ser pai? — riu em completo deboche. — Eu não vou permitir que seja um fraco com elas, não vou permitir que entre na vida delas para destruir como fez comigo. — rosnou as palavras.

— Então é uma menina? — sorriu. — Deve ser muito parecida a você.

— Não me venha com esse seu cinismo, Estevão. — falou com raiva. — Você ainda acha que tem algum poder de sedução comigo? Acha mesmo que depois de tudo vai vir com essas palavrinhas aí e eu vou cair de quatro no seu papo? — se aproximou dele. — Sinto muito em te dizer, mas mulher nenhuma gosta de homem fraco, sem postura e que se acha no direito de aparecer depois de anos e querer ser pai.

Ele não queria brigar, não queria brigar com ela e a segurou pelo braço e ela quis se soltar ao sentir seu corpo tremer em total debilidade por ele.

— Eu estou aqui numa boa querendo um acordo com você, mas posso colocar meu advogado pra trabalhar e aí eu vou ter todos os direitos de pai que cabem a mim e você não vai poder me impedir.

Ela riu com ódio e bateu no peito dele para que ele a soltasse.

— Maldito!! Mil vezes maldito!!! — gritou. — O que quer de verdade? Fala a verdade porque eu sei que não está aqui por amor a elas ou teria vindo antes.

Só naquele momento ele percebeu que ela se referia a filha como elas e seu coração desmontou entendendo que não tinha apenas uma filha com ela, mas sim duas.

— Elas? Você teve gêmeas? — falou com a respiração pesada. — Meu Deus... — ele até se sentou. — Eu tenho duas filhas com você e por culpa da minha maldita ganância perdi tudo... — a olhou.

— Eu não vou sentir pena de você!!! — foi até a jarra e pegou um copo com água. — Você teve sua chance de fazer diferente, mas não quis e acho que essa conversa já acabou porque você não merece as minhas filhas. — tomou sua água.

Ele se levantou sentindo que o mundo tinha menos sentido ainda, virou para ela e com os olhos cheios de lágrimas disse:

— Há um mês eu perdi meu filho e não quero perder as duas. — começou a chorar. — Eu não posso perdê-las.

Maria sentiu o coração acelerar com aquelas palavras.

— Como assim o perdeu? — a voz saiu falha.

— Ele já nasceu com muitas dificuldades porque Ana Rosa não se cuidou e com tantos problemas que tínhamos ele nasceu prematuro, venceu a primeira batalha, mas a alguns meses foi diagnosticado com leucemia em estado avançado e mesmo eu fazendo de tudo para salvá-lo... — não conteve as muitas lágrimas que tomavam o seu rosto. — Eu não consegui...

Maria encheu seus olhos de lágrimas e se compadeceu dele, se aproximou e segurou em sua mão. Ela era mãe e podia imaginar o sofrimento dele porque somente em pensar que poderia ser com alguma de suas meninas ficaria igual ou até pior que ele.

— Eu sinto muito... — falou de coração.

— Eu só quero uma chance de consertar as coisas pelo menos com elas. — respirou fundo controlando seu choro. — Me de a chance de mostrar a você e a elas que eu posso ser melhor? Me de essa chance? — apertou a mão dela e Maria o olhou sem saber o que dizer naquele momento com tanta informação...