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CHEGO NA FILA MEIA HORA antes da venda do ingressos, me assusto com a quantidade de garotas histéricas, atravesso a multidão em busca do início da fila, quando vejo uma garota com a descrição de figurino que li no twitter me aproximo.

– @LittleCatOfCookie? – menciono o user e a garota se vira.

– Lys? – confirmo com a cabeça, ela indica o espaço na frente dela e eu entro.

– Ei. – a garota atrás da Little Cat...

– Qual é o seu nome? – me viro para a garota que guardou meu lugar.

– Brienne. – é um nome bonito.

– O que? – finalmente me viro para a garota que chamou nossa atenção.

– Não pode furar fila. – ela me empurra e se sua aparência não fosse de uma garota de treze anos, eu com certeza bateria nela.

– Não furei fila, paguei pelo meu lugar, como muitas pessoas fizeram e pelo amor, você é a nona da fila, vai conseguir seus ingressos.

Me viro para frente e Brienne faz o mesmo, pego meu celular na bolsa e começo a planejar o que vou fazer quando sair daqui, não vim até Paris só para comprar ingressos, seria uma perda de tempo incrível.

– Você chegou aqui ontem? – pergunto para a garota que guardou meu lugar.

– Você só pode estar brincando. – ela ri e eu contínuo seria. – Tem duas semanas que estou aqui, desde que anunciaram o local de venda.

– Meu Deus, eles tem fãs tão loucas assim?? - pergunto estarrecida e sei que falei muito alto porque olhares irritados me encaram.

– Para quem é os ingressos que você veio comprar? – ela parece curiosa. – Me diz que você não é aquelas pessoas que compram vários ingressos e depois vendem por muito, muito caro. – ela fala baixo e eu nego repetidas vezes.

– Minha irmã mais nova que é fã, eu só vou acompanhar. – ela parece satisfeita com minha resposta. – Antes que eu me esqueça. – tiro da bolsa o dinheiro que ela cobrou para guardar meu lugar e entrego. – Vai pagar o show com isso? – pelo valor eu tenho certeza que sim.

– Não, bom sim, vou ajuntar com o que eu já tenho.

– Vai comprar que lugar? – essa grana é o valor da arquibancada.

– Pista premium, são os melhores lugares. – penso no meu dinheiro e fico preocupada.

– Eu vou comprar arquibancada, acha que minha irmã vai ficar triste? – ela nega.

– Não são os melhores lugares, mas ela vai amar só de ter a oportunidade de ir. – certo, vou manter o plano e continuar com as arquibancadas.

(...)

Atravesso a rua segurando minha bolsa como se ela fosse a coisa mais importante do mundo, eu fiquei impressionada com a velocidade que os ingressos esgotaram, eu realmente tive medo de ser roubada, o desespero das fãs que não conseguiram me deixou assustada.

Tim me ligou a uns minutos atrás avisando que estava na casa dos pais e perguntou se eu queria ir almoçar com ele, depois de ter gastado meu salário de dois meses com os melhores ingressos meu plano de gastar horrores em Paris foi por água a baixo, eu realmente queria voltar no tempo para a hora que deixei me levar pela emoção e deixei de lado os ingressos para a arquibancada. A minha irmã vai ter que me mimar muito se quiser ir nesse show.

Chego no ponto e quase perco o ônibus, depois que os pais de Timothée se mudaram para Paris eu os visitei umas três vez, mas eu só vim para cá de ônibus uma vez, então passo o percurso todo olhando atentamente para a rua tentando me lembrar o local que devo descer.

Aperto o botão para dar o sinal, ainda meio incerta sobre o local, quando vejo meu amigo do outro lado da rua, ele acena mas não tenho tempo de retribuir porque o ônibus para, meu coração palpita porque ele está muito bonito e eu me sinto estúpida por isso.

– O que te fez faltar para vir a Paris? – Tim pergunta assim que me aproximo, ele começa a andar e eu me prontifico em  seguir ele.

– A fofoqueira da Sabrina não te deu a informação completa? – falo bem debochada o que faz ele rir. – Precisei comprar os ingressos para um show que Silene quer muito ir.

– Dos coreanos né? – concordo com a cabeça. – Eu ouvi falar.

– E você, por que faltou?

– Meus pais vão viajar no fim de semana e queriam me ver antes de ir. – quando percebo já estamos na frente da casa, as paredes continuam no tom de verde que eu gosto tanto.

Seus pais são uns fofos como sempre e a comida do Sr. Chalamet nunca me decepciona, a intimidade me deixa repetir a refeição mais uma vez e na hora da sobremesa eu como bem mais do que deveria, estou deitada na cama do meu amigo observando o teto enquanto ele conversa com os pais, eu não quero me intrometer demais nesse momento e eu realmente acho incrível o silêncio de casa de filhos únicos.

– Desculpa a demora. – eu apenas sinto o colchão afundar do meu lado. – eles são muito dramáticos. – ele ri, mas sei que ele está triste, eu nunca vi alguém tão apegado aos pais como ele.

– São apenas dois meses. – tento frizar o apenas, porém sei que não ajudou muito.

– Lys. – me viro para encarar o seu rosto e ele me beija, de novo, eu não surto como da primeira vez, mas fico mais confusa ainda, acho que passo tanto tempo tentando entender o porquê do beijo que quando ele acaba e eu realmente nem aproveitei. – Vamos, eu sei que se voltar para casa sem comer Madeleines, vai ser como se não tivesse vindo a Paris.

Ele levanta rapidamente da cama e eu ainda preciso de um tempo para agir, quando desço ele já está se despedindo dos pais e eu faço o mesmo, não comento sobre o beijo e sei que ele também não vai falar.

Saio da confeitaria mega satisfeita com os três doces que comi e no fim fico feliz de ter vindo a Paris, volto para casa com um saco com mais doces, dois ingressos caríssimos e cobiçados e um beijo.

Flowers | LysOnde histórias criam vida. Descubra agora