O QUARTO DO LUKE NÃO TEM cortina então a luz do sol bate diretamente no meu rosto, se eu estivesse com a cabeça para o lado oposto muito provavelmente isso não aconteceria, não sei até que horas nós conversamos naquela madrugada, mas sei que dormimos sem perceber, ele ainda está deitado no mesmo sentido que eu e para completar o pacote estamos em uma espécie de abraço, posso sentir o cheio do seu pescoço e mesmo tendo deitado sem tomar banho ele não está fedendo, o cheiro do amaciante é forte e gostoso, tento encaixar meu rosto ainda mais próximo dele numa tentativa de fugir do sol e consigo, fecho os olhos e volto a dormir.
Quando acordo pela segunda vez naquele dia Silène está me chamando, ela não tem mais maquiagem no rosto e cheira a sabonete, meu palpite é que acordou parecendo um panda e se livrou da maquiagem quando viu.
— Os meninos foram comprar pães recheados para o comermos, pode fazer o café?
Me levanto com dificuldade, parece que fui esmagada, procuro o banheiro e faço o mesmo que minha irmã, quando me sinto apresentável vou até a cozinha, não gosto de mexer nas coisas que não são minhas então faço minha irmã procurar pelos utensílios, ele tem uma cafeteira italiana, procuro no YouTube um tutorial ensinando a usar, não é tão difícil consigo terminar antes do previsto.
— Vocês dormiram na mesma cama? — respondo com um "sim" bem baixo, estou concentrada em achar o açúcar. — Você não ficou com vergonha?
— Por algum motivo eu me sinto muito à vontade com ele.
— Cai do sofá no meio da noite e quase matei o Owen. — ela fica tão vermelha que não me permito rir. — Ele disse que estava tudo bem, mesmo assim me senti mal.
— Eu acho ele tão legal. — escuto um "eu também" e em seguida um suspiro.
Acho o açúcar dentro da geladeira que por sinal está mais vazia que minha conta bancária, não fico impressionada porque ele mora sozinho e passa mais tempo fora do que em casa.
— Falei com a mamãe, ela quer a gente em casa para o almoço e mandou você ligar o celular. — vish.
— Chegamos! — Owen anuncia, ele tem um galo na testa e dessa vez é difícil segurar o riso, ele me olha confuso e Silène está a ponto de morrer.
— Você é tão escandalosa Lys. — Luke me cutuca com o dedo e volto a me sentir mal pela minha irmã, isso serve como incentivo, paro de rir na hora.
Não tem cadeiras na cozinha então tomamos café na sala, do mesmo jeito que estávamos ontem, o pãozinho ainda estava quente o que garantiu o queijo derretido e perfeito.
Sabrina mandou mensagem falando que vai buscar o carro na minha casa e aproveitar para almoçar com a gente, minha mãe não parece brava mas teremos Beef Wellington e eu sei como é difícil já que ela faz a massa folhada em casa, aviso sobre Sabrina e pergunto se Luke pode ir, a resposta é sim.
— Quer almoçar na minha casa?
— Sua mãe não vai achar ruim? — nego.
— A mãe do Owen só vai poder buscar ele mais tarde e a Sabrina vai também, podemos até ver um filme depois.
— Eu tô doido para comer a comida da sua mãe, vai ser um prazer.
(...)
Eu não tenho uma casa enorme mas a minha sala é grande, o que deixa tudo confortável mesmo com tanta gente nela, Sabrina conversa animada com Luke sobre o show e sobre o pós show com Clementine, que descobri ser a garota que estava com ele na primeira vez que nos vimos, lá na floricultura.
— E vocês, o que fizeram? — ela pergunta olhando para todo mundo. — Tirando comer né, recebi os avisos do cartão. — faço cara de paisagem.
— Fiquei conversando com a Silène até dormir. — é Owen que quebra o silêncio.
— O mesmo pra mim. — espero que ela não se aprofunde no assunto.
— Que chato, minha noite foi muito mais legal, nós fomos...
— O almoço está pronto. — ela é interrompida por Louise e promete contar tudo depois.
Temos que levar tudo lá para fora porque a mesa do quintal é grande suficiente para todos, consigo ver a vizinha quando estou saindo com a travessa de legumes assados, ela sorri e eu faço o mesmo.
A comida da minha mãe sempre faz sucesso e hoje não foi diferente, todo mundo come bastante e até mais do que necessário, percebo Owen olhando para minha irmã enquanto ela come e eu acho isso a coisa mais fofa do mundo, cutuco Luke com o cotovelo e faço sinal com os olhos, um sorriso aparece no seu rosto.
— Eles são fofos demais. — ele sussurra no meu ouvido.
— Tia sabia que o casal aqui ama sorvete de chocomenta. — os olhos do meu pai se arregalam enquanto minha mãe apenas acha graça.
— Lys desde quando você namora? — Hugo pergunta.
— Eu não namoro, Sabrina só está brincando com a minha cara. — ele parece estar aliviado.
— Ainda bem que comprei mais sorvete hoje de manhã, Luke pode ir comigo buscar?
— Claro.
— Vou com vocês e já ajudo levando algumas coisas. — Dahlia se oferece.
Eles pegam algumas coisas na mesa antes de irem, Sabrina desliza pelo banco até ficar do meu lado.
— Sua mãe gosta mesmo dele.
— Eu disse.
— Parece que sua irmã vai desencalhar primeiro que as irmãs mais velhas. — olho na direção dela, ela está mostrando algo no celular para o amigo, meu Pai também observa os dois, mas com uma expressão bem assustadora, acho que vou ser a irmã que passa pano para o namoro escondido.
— Que humilhação.
Os três voltam com uma sacola reutilizável, daquelas que levamos para o mercado, minha mãe tira uns três potes de sorvete de dentro dela, além das colheres e os potinhos, acontece uma briga de olhares até que Luke consegue sentar do meu lado de novo.
— Sua mãe me perguntou se estamos namorando. — olho para minha mãe envergonhada, ela está distraída colocando sorvete que nem percebe.
— O que você disse?
— Que ainda não.
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Flowers | Lys
Fanfiction" - Lys. - ele chama e me viro em sua direção. - Você é tão bonita quanto as flores que inspiraram o seu nome" Mais um triangulo amoroso que vai dividir corações, inclusive o da Lys.