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QUANDO ABRO A PORTA DA SALA tenho vontade de dar meia volta, Silene está chorando, gritando ou sei lá surtando, me pergunto se alguém morreu mas pela tranquilidade da minha irmã sei que não.

– ESGOTOU E VOCÊ NÃO COMPROU. – aah, então era isso.

– Credo garota, achei que alguém tinha morrido. – seu olhar é tão intenso que sei que poderia morrer se ela tivesse algum super poder.

– EU MORRI LYS, EU! – ela sobe as escadas correndo e segundos depois a porta bate com força.

– Quanto drama. – me jogo no sofá, vou esperar um pouco antes de revelar que comprei os ingressos.

– Você fala isso agora né, lembro que quando a mamãe não comprou os ingressos para o show da One Direction você chorou feito um bebê por dias. – minha irmã mais velha comenta e eu acabo me lembrando.

– Pelo menos eu fui mais contida né. – dou de ombros.

– Acho que fui uma mãe horrível. – minha mãe comenta antes de se jogar do meu lado.

– Eu realmente não vou superar isso. – solto baixinho.

– Agora você tem dinheiro, por que não vai? – ela pergunta e eu não consigo evitar de revirar os olhos.

– Mãe. – minha irmã começa a rir e para de falar. – O grupo se separou. – ela volta a rir.

– Eu sou realmente uma mãe horrível. – agora é a minha mãe que começa a rir e eu desisto.

Me levanto e vou atrás da minha irmã mais nova, ela está jogada na cama e uma música que repete save me está tomando conta do lugar.

– Eu vim te salvar irmãzinha. – falo mas ela nem me da bola.

– Eu não vou ver o meu oppaaaaaa. – o que?

– Do você ta falando garota? – ela se senta num pulo e pega o celular, ela parece procurar algo nele e quando acha vira o aparelho na minha direção.

– Ele Lys, meu oppa. – ele aponta rapidamente para um ponto, mas eu me confundo quando olho para os outros garotos e chego a conclusão que são todos iguais.

– Quem?

– Esse aqui Lys. – ela me mostra uma foto só com um garoto. – Ele é o Tae.

– Tae. – repito e ela concorda. – Entendi.

– EU NÃO VOU VER ELE. – ela volta a gritar e chorar, decido acabar com esse sofrimento.

– Eu comprei os ingressos. – é como um botão mute, ela para de chorar na mesma hora.

– O que? – agora ela está tremendo o que me deixa preocupada.

– Hoje, eu fui a Paris e comprei os ingressos. – ela volta a chorar e eu desisto.

– Você está me assustando então eu vou sair, mas antes eu preciso dizer que você só vai nesse show se começar a se comportar bem, o que incluiu tratar a mamãe com mais respeito. – ela concorda com tudo o que eu falo, me viro e sigo para o meu quarto.

(...)

Observo as bochechas vermelhas da Sabrina, a sua pele clara sempre reage ao frio dessa forma e eu sinto todas as complicações de ter problemas respiratórios quando o tempo muda de repente.

– Acho que vou começar a pedir chocolate quente até nos dias quentes, isso é muito booom. – ela revira os olhos enquanto bebe demonstrando todo o seu prazer, olho para o mocca a minha frente ainda esperando que ele esfrie um pouco. – E ai, conseguiu os ingressos?

– Sim. – penso nos pedaços de papel escondidos estrategicamente dentro da estante da sala.

– E o que lhe custou? – a pergunta é tão dolorosa que eu penso antes de responder.

– Tudo o que eu tinha. – ela ri da minha resposta, mas para assim que vê a hora.

– Vamos? – nego antes que a loira se levante da mesa, aponto para minha xícara ainda intocada e posso ver uma expressão irritada tomar conta do seu rosto. – Anda logo.

– Para que essa pressa toda? – olho o horário no meu celular e como eu já esperava, não estamos nem perto do atraso.

– Eu só... – ela para de falar assim que o som do sininho da porta chega aos meus ouvidos, olho nessa direção e me lembro que dia é hoje.

Os cabelos vermelhos balançam e o olhar profundo de Marie chega a nossa mesa, ela direciona um sorisso cínico a minha amiga antes de voltar sua atenção ao seu grupo de amigos que se acomodam em uma mesa próxima a nossa.

– Por que ela sempre faz isso? – questiono irritada. – Esse é o nosso lugar, ela realmente precisa vir aqui nesse dia só pra esfregar na sua cara que terminou com você? – a garota a minha frente apenas balança os ombros, bebo todo o líquido da minha xícara e nos levantamos, pago tudo e não deixo de encarar a garota ruiva antes de sair.

– Encontrei o Luke ontem. – ela começa e eu demoro para continuar o assunto, não entendo o porquê do assunto ter começado.

– E?

– Ele perguntou de você. – olho desconfiada e ela confirma com a cabeça.

– Perguntou o que? – me preocupo em segurar a mão dela quando atravessamos a rua, encaro o prédio da Jean Jeurès e fico triste por termos saído de um lugar com aquecedor para esperarmos até a hora da minha aula nessa universidade gelada.

– Perguntou se nos veriamos nessa semana e me pediu seu número.

– E você deu? – a risadinha sem graça indica que sim.  – O que será que ele quer comigo?

– Não faço idéia, mas talvez descubra em breve. – ela está olhando para algo atrás de mim, então viro a cabeça devagar, pelo canto do olho consigo ver um moreno desconhecido mas sei que o Luke está com ele por causa da sua voz alta e seu sotaque.

Volto minha atenção para a Sabrina e ela acenando, calculo na minha cabeça e no tempo certinho eles estão a nossa volta.

– Oi Bina. – encaro minha amiga com os olhos cerrados, "Bina", o que eu perdi em uma semana? – Oi Lys.

– Oi. – aceno.

– Meninas, esse é o Ashton.

Estendo minha mão e nos comprimentamos,  observo enquanto os três conversam, Sabrina é muito comunicativa então em pouco tempo de conversa eu consigo descobrir que ele é australiano mas mora na França a bastante tempo, o que explica a falta de sotaque.

Flowers | LysOnde histórias criam vida. Descubra agora