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MINHAS COSTAS DOEM, MINHAS PERNAS DOEM, tenho sede mas não posso beber água, sinto calor porém não quero segurar minha blusa, prefiro que meu corpo a segure, fecho os olhos e apenas existo.

— Silène, por quê?

—  O que foi dessa vez Lys? — sinto que a paciência da minha irmã pode acabar a qualquer momento.

— Estamos nessa fila a quanto tempo?

— Umas seis horas? — ela me responde depois de olhar no celular, bufo.

— Não deveríamos ter chegado tão cedo. — acho que já disse isso umas oito vezes em menos de trinta minutos.

— Se eu quero ficar o mais perto do palco possível eu tenho que chegar cedo. — a grosseira na sua voz me assusta, tem grandes chances dela me bater, decido ficar em silêncio.

KIM NAMJOON, KIM SEOKJIN, MIN YOONGI, JUNG HOSEOK, PARK JIMIN, KIM TAEHYUNG, JEON JUNGKOOK, BTS!!

Uma garota começa a gritar e de repente todas se juntam a ela, olho em volta assustada, o que é isso? Uma seita? Minha irmã está gritando junto com elas e aparentemente eu sou a única perdida, até às mães que vieram acompanhar os filhos estão gritando.

— Silène o que é isso? — pergunto e minha irmã revira os olhos.

— Fanchant. — legal, entendi tudo.

— O que é fanchant? — mais uma revirada de olhos.

— Estamos gritando o nome dos integrantes, entendeu? — assinto.

Elas tem que decorar tanta coisa, fico realmente impressionada, quando elas param de gritar eu agradeço mas meu alívio não dura muito porque alguém coloca uma música deles para tocar e todas cantam, obviamente não existe afinação alguma, é tudo na enrolação, tenho certeza que a pronúncia está errada.

Um moço passa vendendo acessórios e outras bugigangas dos coreanos, me faço de morta, minha irmã já me pediu tanto dinheiro que tenho medo de dever ao banco até o resto dos meus dias.

— Lys. — sua voz é doce mas não me engana.

— Não tenho dinheiro. — ainda de olhos fechados sinto que estou sendo fuzilada.

— Por favor. — recebo beijinhos no rosto e estou a ponto de socar essa garota.

— Silène eu ainda tenho que pagar as passagens, se quer o dinheiro para comprar essa tralhas inúteis eu te dou e aí você vai precisar conquistar um desses garotos para que levem você, porque eu não vou pagar sua passagem. — ela parece entender porque não contesta.

(...)

Depois de horas de dor e sofrimento o show finalmente começou, Silène me fez correr tanto que estamos quase em cima do palco, só passou duas músicas e estou realmente arrependida de não ter comprado os ingressos para arquibancada, minha irmã está pulando e cantando, todos estão, me sinto um peixe fora d'água.

A única coisa que me conforta é saber que ela vai ter esse dia incrível antes da tempestade, como eu já imaginava minha mãe suspeitava da traição mas aparentemente estava disposta a passar por isso por causa de nós, porém o flagra naquele dia mudou tudo, ir com ela até nossa rua, se beijar na frente da nossa casa foi a gota d'água para Louise.

Minha mãe contou tudo para Dahlia no día seguinte, minha irmã também já imaginava que algo estivesse acontecendo e isso não impediu que ela ficasse furiosa com a situação, até teve a ideia de envenenar meu pai, felizmente o surto durou pouco, depois disso pensamos em Silène e em como isso afetaria ela, foi aí que decidimos só contar depois do show, vamos dar um tempo para que ela aproveite toda essa sensação e depois "puxar o seu tapete".

Encaro o palco por um tempo, toda a estrutura é impressionante, parece que pensaram em cada detalhe, os figurinos são incríveis, os meninos parecem ser muito atenciosos com os fãs, param o tempo todo para conversar, posso entender porque minha irmã gosta tanto deles.

Fecho os olhos quando uma melodia triste começa e quando percebo estou chorando, penso em todas as coisas que estão acontecendo na minha vida nesse exato momento, algumas fãs estão soluçando perto de mim então decido abrir um olho, todo mundo chora a minha volta e a expressão no rosto dos cantores é de tristeza.

— Silène. — chamo e minha irmã me olha com os olhos marejados. — Por que todos estão chorando?

— A tradução dessa música deixa todo mundo no chão. — ela não foca muito em mim, assim que fala volta sua atenção aos quatro coreanos no palco.

Penso em perguntar o nome da música mas deixo para depois, não quero levar um soco, também quero perguntar sobre o paradeiro dos outros três integrantes, entretanto não tenho muito tempo de dúvida, eles aparecem assim que essa música triste acaba, a diferença é que eles estão cantando um rap animado e todas estão pulando, é estranho porque segundos atrás só tinha lágrimas aqui.

Silène ainda está chorando eu apenas a puxo para um abraço, acho que nunca ficamos tanto tempo abraçadas, porque só nos separamos quando a música acaba.

— Obrigada por isso Lys, obrigada mesmo, eu sei que não merecia mas você me deu a melhor noite da minha vida e ter esse momento com você deixa tudo mais especial. — nós ainda estamos abraçadas quando ela diz isso, não tenho a oportunidade de ver seus olhos, me afasto e desfazemos o abraço, seguro seu rosto com as mãos e olho nos seus olhos.

— Esse show está sendo especial para mim também, fico contente de ver você feliz e agora estou mais feliz ainda de saber que é a sua noite favorita, espero ter mais oportunidades de te deixar feliz assim.

Ela não diz nada mas me puxa para outro abraço, esse dura pouco e ela termina com um beijo na minha bochecha.

Voltamos a prestar atenção no show, um dos integrantes aparece sozinho, ele me chama a atenção porque consegue hipnotizar todas mesmo estando sozinho, ele domina o palco e eu sinto que ele nasceu para isso, sua música é agitada e ele está entregando tudo de si na dança. Um coro começa, todas gritam seu nome o mais alto que conseguem.

— Silène, acho que me apaixonei. — confesso e minha irmã ri.

— Bem vinda ao clube, você é a mais nova cadelinha de Jung Hoseok ou se preferir o stage name, J-Hope.

Flowers | LysOnde histórias criam vida. Descubra agora