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MEU PAI QUASE ME ATROPELA quando passa por mim, ele não olha para trás antes de entrar no carro com uma pequena mala na mão. Silène está chorando, minha mãe está encostada na parede, ela está pálida como neve, eu nunca imaginaria que algo assim fosse possível em uma mulher negra, olho em volta procurando Dahlia.

— O que aconteceu? — pergunto.

Tenho certeza que elas não tinham notado minha presença até aquele momento.

— Louise aconteceu. — a mais nova responde, Dahlia sai do banheiro como um furacão.

— Silène você precisa entender... — minha mãe é interrompida por mais gritos.

— Se você não fosse uma péssima esposa e uma péssima mãe ele não teria largado a gente, a culpa é toda sua.

Tudo acontece rápido demais, Louise escorrega pela parede indo em direção ao chão, por um momento acho que ela desmaiou, corro na sua direção e apenas paro quando um estralo faz Silène calar a boca, Dahlia acabou de acertar um tapa no rosto dela.

— Dahlia! — minha mãe repreende se colocando de pé no mesmo instante.

— Seu amado pai foi embora porque ele quis, traiu a mãe porque não tem caráter, não culpe a mãe e ache que eu vou deixar, se coloque no seu lugar garota mimada.

Silène corre para a rua batendo a porta com muita força.

— Lys vai atrás da sua irmã. — minha mãe pede e eu nego.

— Ela precisa de um tempo sozinha e ela também não tem muitas opções, saiu sem celular e a casa mais próxima que ela pode ir é a do Owen.

— Eu vou fazer um chá. — a mais velha anuncia e se afasta.

Louise se senta no sofá e eu fico do lado dela que me explica tudo, elas não tinham a intenção de contar sobre a traição do meu pai hoje, mas ela acabou escutando quando meus pais conversavam sobre o assunto, uma gritaria começou, Dahlia entrou no meio e no final meu pai decidiu sair de casa o que deixou Silène mais surtada ainda.

Minha irmã mais velha apareceu com o chá de camomila quando minha mãe já estava no fim da história, eu não sabia muito o que falar e minha única certeza era que ela falaria as coisas certas para minha mãe nesse momento, assim que terminei de beber, mandei mensagem para Owen e ele me confirmou que ela estava lá.

— Vou ir buscar a Silène.

Pego o carro da minha mãe, a casa dele não é tão longe mas eu quero ter um espaço para conversar com a minha irmã quando voltarmos. Os dois estão jantando no quarto quando eu chego lá, eu já tinha conversado com a mãe dele por telefone mas essa é a primeira vez que nos encontramos pessoalmente, ela gosta de falar, então eu apenas me sento e escuto.

— Eu realmente não consigo tirar isso da cabeça então preciso perguntar. — ela muda de assunto tão rápido que sei que ela estava pensando nisso o tempo todo. — O que aconteceu? — fico em silêncio. — Digo, ela chegou aqui chorando e visivelmente muito abalada, meu filho demorou bastante para conseguir acalma-la. — penso um pouco se devo ou não contar, ela não parece estar curiosa apenas pela fofoca, consigo ver a preocupação na sua voz.

— Bom, resumindo, meu pai estava tendo um caso e por conta disso nossos pais vão se separar, ela descobriu tudo hoje. — sua mão está sobre a minha, ela faz carinho por alguns segundos.

— Sinto muito, de verdade, isso é sempre difícil, mas eu sei que vocês vão passar por isso. — Georgiana me puxa para um abraço, é caloroso e confortável, me sinto muito bem e percebo que precisava disso.

Flowers | LysOnde histórias criam vida. Descubra agora