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CHEGO EM CASA PERTO DAS TRÊS da manhã e fico surpresa por ter Silène me esperando, ela está sentada na poltrona do papai e os meninos do show estão na tevê, parecem estar em algum tipo de competição, é engraçado, comento que Sabrina me apresentou o Blackpink e não recebo resposta.

— O que foi?

— Como é quando um garoto gosta da gente? Tipo, ser recíproco sabe? — penso um pouco sobre isso, eu já tive um amor recíproco mas não consigo evitar de pensar em Tim, mesmo com todos os beijos não posso dizer com certeza que ele gosta de mim também.

— É muito bom, mas por que você tá me perguntando isso?

Ela suspira e faz sinal para que eu me sente, tiro o sapato e me sento no tapete bem perto dela.

— Eu gosto de um garoto e eu só queria imaginar como seria se ele gostasse de mim também.

— Owen? — recebo um tapa na cabeça e começo a rir. — Deu pra perceber naquele dia.

— Minhas amigas falam que é óbvio.

— Ele é seu amigo, uma hora ele vai perceber.

— Não somos amigos, só fomos colocados como dupla naquele dia, depois disso é só "oi" e "tchau" quando nos encontramos pelos corredores da escola.

— Você é tão esforçada, graças a sua mania de perfeição tiraram a nota máxima naquele trabalho, se ele for esperto vai querer fazer todos os trabalhos com você, o que seria ótimo já que ele também ajuda e muito e aí com o tempo, quem sabe ele não perceba. — acho que ela gostou do que eu falei porque começa a fazer carinho na minha cabeça.

— Ia ser legal.

— Naquele dia que ele dormiu aqui, ele perguntou se podia deixar a luz do banheiro acessa.

— Ele tem medo de escuro? — faço que sim com a cabeça e começo a rir. — Para de rir Lys, você mijou na cama até bem velha. — me viro e ameaço bater nela com seu chinelo.

— Ainda me pediu para que eu não contasse para você, achei bonitinho. - volto a rir e ela bufa.

— Mudando de assunto, como foi em Paris, com a mamãe e a aquele seu amigo?

— Foi legal, mas com toda certeza foi mil vezes mais legal para eles, pareciam até velhos amigos.

— Ele é tão bonito Lys e ainda disse que tem uma banda, quero namorar um cara assim quando entrar na faculdade. — a sempre dois tipos que magicamente conquistam as garotas, o atleta gostosão e os caras de jaqueta de couro e banda de garagem, Luke é a perfeita definição do segundo.

— E é legal, isso é um milagre né?

— Nos filmes eles são sempre frios e calculistas, não ligam para nada e só falam com garotas gostosas e o Luke fala com você né Lys, quebrou o padrão. — tento pegar o chinelo mas ela é mais rápida, desisto.

— Acredita que ele disse que você é a mais bonita das irmãs Bonnet e eu sou a mais feia? — ela ri tanto que eu tenho que bater nela com a almofada. — Todos estão mundo dormindo, fique quieta.

— Eu não tenho culpa se você chegou tão tarde. — ela se esforça para normalizar a respiração. — Aproveitando que toquei no assunto, o que vocês ficaram fazendo? — percebo um tom malicioso na sua voz. 

— Comemos, bebemos vinho e assistimos Akira. — ele realmente gosta dessa animação.

— Só isso? — nego.

— Conversamos bastante também. 

— O cara que divide o apartamento com ele estava lá? — faço que não com a cabeça. — E vocês só fizeram isso? — afirmo.

— Por que não transaram? 

— SILÈNE! — escuto um "xii" vindo do andar de cima, automaticamente tampo a boca. — Você não pode falar essas coisas e além disso você só tem catorze anos. 

— Quinze, eu tenho quinze. — ela faz uma pausa. — E foi só uma pergunta tá, que você ainda não respondeu.

— A resposta é "porque não". — ela parece desapontada.

— Por que não? — não tenho maturidade suficiente para conversar sobre isso com a minha irmã.

Me levanto e vou atrás do meu sapato, faço sinal para que ela desligue a televisão e vou na direção da escada.

— Vamos dormir, já está tarde. — anuncio. 

— Você é tão chata Lys.

(...)

Sinto um frio absurdo quando acordo, olho para o lado e descubro o motivo, minha irmã pegou a minha coberta, posso ver a luz atravessando minha cortina escura, pego meu celular e me assusto com o horário, em poucas horas vou estar jantando, percebo que a melhor opção é ir tomar banho e só então acordar Silene, não quero ter que brigar pelo banheiro. 

Dahlia está com a porta do quarto aberta, então digo "oi", ela demora para me responder, está cortando EVA, tem muito papel jogado pelo chão. Começo a me afastar e paro quando ela chama meu nome, ela quer saber se o bonequinho parece um cachorro, nego porque parece mais com uma vaca.

Quando estou no final do banho ouço batidas fortes na porta, desligo a música do telefone, com alguma dificuldade, já que meus dedos estão molhados.

— Lys eu preciso fazer xixi. — eu não acredito que Silene atrapalhou minha performance bem no momento que Whitney Houston solta o high note. 

— Use o banheiro do andar de baixo. — grito de volta.

— Também está ocupado. — bufo.

— Estou saindo!

Termino tudo o mais rápido que consigo, me enrolo na toalha e abro a porta, em seguida volto para o box e me seco lá dentro, enrolo a toalha dessa vez com mais cuidado e saio do banheiro, já no meu quarto escolho um pijama quentinho e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, aplico hidrante no rosto e procuro por minha mochila, estudei bem pouco nos últimos dias e preciso terminar o trabalho do professor Dufour, como uma barrinha que achei dentro na gaveta da escrivaninha antes de começar, estou com fome mas já escutei barulho de panela vindo da cozinha, entrar lá agora enquanto minha mãe faz a janta pode deixar ela irritada, essa barrinha vai ter que ser o suficiente. 




















Flowers | LysOnde histórias criam vida. Descubra agora