Capítulo 19

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Malu

Estou me arrumando quando vejo Noah sair do banho, nos mantemos em silêncio o clima está pesado, nós descemos e tomamos café e vamos pro aeroporto. Queria poder estar bem, feliz pra falar com ele, mas não consigo me forçar a tentar ser simpática. Quando recebi telefonema sobre a morte de meu pai eu fiquei totalmente sem reação.

Sei que vivi muito pouco com ele e que ele não foi um exemplo de pai, antes da minha mãe morrer ele era diferente, apesar de muito nova as vezes me lembro de alguns momentos, lembro de que sempre cozinhávamos juntos e deixávamos minha mãe brava com a bagunça que fazíamos na cozinha, ele sempre me levava aos parques e nos divertíamos juntos.

Depois que minha mãe morreu ele mudou completamente, se tornou um homem frio passou a me tratar com indiferença como se não fosse nem sua filha, me levava e buscava na escola e falava apenas o necessário.

Um tempo depois Edward e Cecilía me buscaram e nunca mais o vi, por muitas vezes pensei em procura-lo e perguntar o que aconteceu, porque simplesmente me mandou com estranhos e simplesmente me abandonou, milhares de perguntas se passaram na minha cabeça. Me faltou coragem e me sobrou medo da rejeição, medo das respostas acabarem comigo.

Tinha esperanças de que um dia eu conseguiria, mas não contava com a morte dele, nunca contamos com as decepções. Acredito que tudo acontece por um motivo, então sei que tudo aconteceu e está acontecendo com um propósito.

Estou a caminho do avião, Noah me ajudou no checkin e esperou até que eu entrasse pra área de embarque pediu que eu mandasse mensagem quando estivesse no avião. Entro no avião e faço o que pediu, durmo durante as 2h30 de voo.

Pego minha mala mão e desço do avião, quando desembarco logo vejo um homem com uma placa com meu nome, não faço ideia de quem seja, mas vou até ele.

– Olá.

– Oi, você deve ser a Maria Luisa Morin Cooper.

– Sim sou eu e você quem é?

– Sou Adam, sou um dos detetives da polícia aqui de Toronto. Estou investigando a morte do seu pai, me mandaram aqui pra leva-la e mantê-la segura no período em que estiver aqui.

– Por que a polícia está investigando a morte do meu pai? Pelo que sei ele morreu por infarto no apartamento.

– Aqui está meu crachá, sei que deve parecer muito estranho. Podemos conversar no caminho para o hotel?

–  Como sei que esse crachá não é falso?

–  Se quiser pode ligar na delegacia e confirmar.

Ligo pra delegacia, prefiro não arriscar minha vida. Ele realmente é da polícia, tudo isso está tão estranho, meu pai morreu de infarto pelo menos foi o que minha tia disse quando me ligou pra contar, não consigo achar um motivo pra polícia estar investigando.

Adam é bonito, 1,85 de altura aparentemente, cabelo preto escuro, olhos meios cinza puxando pro azul, barba curta feita num estilo tradicional, aparentemente uns 26 ou 27 anos, está usando uma calça bege e uma camiseta azul marinho escura que mostra uma certa definição em seu corpo e um Nmd preto da Adidas, saio de meus pensamentos quando ele me chama.

– Então Malu, posso te chamar assim?

–  Pode.

–  Quem te contou sobre o que aconteceu com seu pai?

–  A irmã dele tia Dolores.

–  Acho que ela não quis te contar a verdade ou talvez quisesse dizer pessoalmente.

–  Que verdade?

–  Seu pai não teve um infarto.

–  Como assim? O que aconteceu?

–  Seu pai foi encontrado morto com 5 tiros.

–  O QUE? Quem? Como?

–  Sei que lhe parece confuso, ele deixou isso pra você – Ele me diz entregando um envelope.

– Não sei o que é, encontramos isso no apartamento em seu nome. – Diz me dando um envelope.

Abro o envelope e começo a ler, é uma carta.

" oi filha sei que isso parece estranho, mas eu precisava te contar isso. Sei que não apareci na sua vida esse tempo todo e que tudo isso te deixou muito chateada. Antes de qualquer coisa quero que saiba que eu te amei muito minha filha e senti muito a sua falta esse tempo todo, não pude ir atrás de você. Sei que quando ler isso vai ser tarde e eu provavelmente não poderei estar com você, queria poder compensar  o tempo que não pude estar com você, sei que depois que sua mãe morreu passamos um ano difícil, tudo por algo que deveria ter contado a muito tempo. Vou direto ao ponto, sua mãe não morreu num simples acidente de carro, o carro da sua mãe foi sabotado, cortaram o freio pra que ela morresse, sei que agora isso parece assustador eu não sei quem fez e nem porquê o único nome envolvido que encontrei foi Pedro de Castro Machado, não sei bem se teve algum envolvimento direto mas sei que estava no meio dessa armadilha. Depois que ela morreu e eu nem sabia o motivo, tive medo do que poderia lhe acontecer por isso sempre te mantinha em casa, bebia pra esquecer tudo. Não fui um bom pai nesse período eu sei e me arrependo só não queria que nada lhe acontecesse, quando aquele casal de ricos chegou eles me fizeram uma proposta de leva-la pra longe, cuidar, proteger e dar tudo que não podia te dar em troca disso nunca mais poderia procura-la, não sabia quem eram e de primeiro momento não quis que você fosse, eles me mostraram a história de vida deles e me disseram que conheciam a sua mãe e sabiam que ela tinha sido morta e que você possivelmente estaria em perigo, eu aceitei porque queria que você ficasse bem e que crescesse em segurança, precisava te contar de alguma forma. Estou correndo perigo e sei que em breve estarei morto estou escrevendo isso porque sei que se eu não falar talvez você nunca saiba, espero que isso não caia em mãos erradas. Te amo muito minha filha, minha eterna menina e estarei sempre olhando por você, me desculpe por não ter sido um pai presente e ter sido covarde suficiente para não ir atrás de você, quando fui já era tarde sinto muito minha menina. Sei que se tornou uma mulher incrível mesmo não estando com você. Um beijo estou olhando por você e te amarei pra sempre."

Vivendo uma mentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora