Capítulo 23

2 0 0
                                    


Malu

Estamos a caminho do velório, acho que está começando a cair minha ficha estou com os sentimentos misturados não tenho ideia do que vou ver ali ou de como vai ser, estou com medo confesso, Adam parece apreensivo. Quase chegando, sinto meu coração acelerar não sei se estou preparada pra isso, mas tenho que estar.

Nós chegamos, antes de descer Adam olha pra mim com uma cara de interrogação e diz "Tudo bem? Não precisa de nada?" mexo a cabeça em sinal que está tudo bem, nós seguimos. Pego a mão de Adam antes de entrar na salinha na qual meu pai está, ele dá um sorriso de canto e diz estar tudo bem ele abre a porta e nós entramos.

O meu sentimento ao ver meu pai ali no caixão é indescritível, sinto coisas horríveis dentro de mim se misturando minhas pernas começam a bambear e começo a sentir as lágrimas descerem, antes que eu me dê por mim já estou ao lado do caixão chorando sem parar.

– NÃO! EU PRECISO DELE, NÃO! EU QUERO MEU PAI!

Sinto as mãos de Adam meu puxando e me conduzindo pra sentar em uma cadeira, eu o abraço e choro tudo que não chorei desde que soube. Eu nem sei explicar, mas só agora consigo perceber que precisava dele, de um pai.

Eu sei que sentia sua falta, mas agora vejo que era muito mais que isso eu senti falta dele, do amor o carinho, do meu pai que sempre estava ali quando o bicho papão estava embaixo da cama, quando estava triste me fazia sorrir. Senti falta de poder contar como foi o dia na escola e de cozinhar com ele cada uma de suas receitas malucas, senti falta de saber que ele sempre estaria ali pra me proteger e me defender de tudo. Passei tanto tempo tentando fazer a forte, a independente que não notei o quanto era importante pra mim e o quanto fazia falta.

Eu fui tão covarde quanto ele, eu deveria ter ido atrás dele quando pude eu tinha que ter feito isso. Fui burra o suficiente pra deixar o orgulho falar mais alto e não ir atrás dele, agora é tarde e eu não pude ajuda-lo esse com certeza será um arrependimento que levarei pra sempre. Independentemente de qualquer coisa sempre o amarei.

Me levanto já mais calma e fico ali do lado dele o observando, passamos a noite ali. Pessoas que eu nunca vi entram e saem a noite toda, me cumprimentam dizem que sentem muito e me dizem coisas bonitas sobre meu pai sempre dizendo que foi uma perda muito grande e por aí vai. Logo amanhece e o corpo é enterrado.

Estou exausta, estou triste e totalmente perdida, depois de ver meu pai ali eu prometo e juro que vou encontrar quem fez isso com ele, e seja quem for vai pagar por ter feito.

Olho pra Adam, sua camisa está com um bola enorme de choro, eu chorei muito nele coitado. Ele parece tão exausto quanto eu, de alguma forma preciso agradece-lo mesmo que tenha sido pelo trabalho ele poderia ter chamado alguém pra trocar de turno com ele, mas ficou comigo até agora então tenho que agradecer.

– Obrigada Adam.

– O que, por que?

– Por ficar comigo essa noite toda e perder sua noite de sono e tudo mais.

– Tudo bem, não se preocupe.

Nós chegamos eu coloco um pijama e quando vou me deitar o vejo arrumando o sofá.

– Ei o que está fazendo?

– Arrumando o sofá pra eu dormir.

–  Não, você pode dormir na cama comigo se quiser, eu não me incomodo.

– Tudo bem o sofá está ótimo.

– Por favor, depois de uma noite longa como essa não posso deixar que durma no sofá, eu me sentiria muito mal.

– Tudo bem.

Eu e ele nos deitamos, sinto ele inquieto se mexendo na cama, estou tão cansada que uma hora acabo dormindo.

Vivendo uma mentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora