Malu
Aqui estou em um sábado à noite, embaixo de uma tempestade sem conseguir distinguir o que são gotas de chuva e o que são lagrimas que rolam em meu rosto. Fico em frente a enorme mansão que morei durante onze anos durante algum tempo me perguntando como cheguei a isso, como pude ser tão ingênua, a ponto de acreditar nessa mentira durante tanto tempo.
Malu 1 ano antes
– Amiga eu sei – Digo ao telefone com Sophie.
– Você prometeu que iria!
– Eu sei farei o possível, prometo. Te ligo mais tarde ok?
Sophie é minha melhor amiga desde meus 5 anos, eu cresci com suas maluquices, ela é linda, ruiva, tem os cabelos um pouco abaixo dos ombros com pontas cacheadas, olhos verdes, 1,60 de altura, uma pele maravilhosa além de ser estilosa. Ela é bem diferente de mim, eu tenho meus 1,70 de altura, pele branca, cabelos pretos, compridos e lisos, e me visto de forma casual nada definido.
Hoje é seu aniversário, e ela quer comemorar numa balada no centro de Nova York a mais ou menos umas 2 horas da mansão. Prometi a ela que iria a algumas semanas, até então era meu dia de folga, mas houve um imprevisto e o filho de Cecilia minha patroa, volta da Espanha hoje. Não o conheço, mas pelo pouco que sei deve ser uns três ou quatro anos mais velho que eu.
Moro aqui na mansão desde meus 11 anos, vim pra Nova Jersey, nos Estados Unidos com Cecilia e Edward, morava em Vancouver no Canadá com meus pais, quando tinha 10 anos minha mãe sofreu um acidente de carro e morreu na hora, continuei morando com meu pai durante 1 ano, ele bebia todas as noites e tinha dias que levava garotas para nossa casa, me trancava dentro do quarto e mandava que eu ficasse quieta, geralmente ouvia os gemidos do sexo nojento que meu pai fazia com cada uma delas.
Eu costumava limpar a casa, preparar comida para mim e meu pai, não saia pra nada apenas para ir à escola, meu pai trabalhava em algum lugar, mas não sei one e nem o que fazia.
Um dia antes do meu aniversário de 11 anos, Cecilia e Edward chegaram em minha casa, eu abri a porta e meu pai mandou que eu os deixasse sozinhos, fiquei no meu quarto esperando, depois de uns 20 minutos, meu pai entrou no meu quarto, parecia irritado atordoado não sei bem, tudo que sei é que mandou eu fazer as malas e ir com casal que estava na sala.Eu fui com os dois como meu pai mandou apesar da situação estranha eu confiava nele e o respeitava, a final era meu pai. Ele nem sequer despediu-se de mim, apenas abriu a porta e me mandou embora como se eu fosse nada pra ele. Depois andei de avião pela primeira vez, foram umas 9h de voo. Cecilia e Edward, naquela época foram muito legais comigo, me deram brinquedos, me colocaram na escola, me deram presentes, sempre tive tudo que precisei graças a eles.
Quando completei 16 anos, eles me disseram que se eu quisesse continuar ali tendo tudo, teria que trabalhar pra eles, tendo disponibilidade para qualquer tipo de serviço relacionado a mansão e a família eles me pagariam tudo, inclusive a faculdade, mas se eu não trabalhasse eles terminariam de bancar meus estudos na escola, me arrumariam um emprego, um apartamento e eu teria que sair da mansão com 18 anos, e seguir minha vida.Preferi trabalhar pra eles, economizar um pouco do que eles me davam por mês, fazer minha faculdade, pra depois sair da mansão deles e fazer uma vida nova. Até hoje me pergunto o que eles disseram ao meu pai e por qual motivo ajudaram e me criaram, mas não encontro respostas.
– Malu querida, você pode colocar as taças de Crystal na mesa hoje, coloque os talheres mais bonitos que encontrar e monte a mesa com a toalha que trouxe da Turquia – diz dona Cecilia me tirando de meus pensamentos.
– A sim claro, a que horas começa o jantar?
– Às 20 horas, você pode receber os convidados?
– Na verdade queria saber se a senhora poderia me liberar mais cedo, umas 19 horas, hoje é aniversario de uma amiga e prometi que estaria lá, como era meu dia de folga até então, por isso acabei confirmando presença presença.
-Hum, tudo bem peça para Rute ligar para Lara vir fazer isso então.
As vezes tenho a impressão de que Cecilia não gosta muito de mim, mas imagino que seja só impressão. Vou para cozinha atrás de Rute, ela é uma senhora tão gentil, nos seus 56 anos faz mais coisas que eu com 21,ela não só cozinha, como lava as roupas da casa, passa ,organiza as compras de mercado, sempre faz a lista do que falta para que vá comprar, ela e eu nos damos muito bem, ela é como se fosse uma segunda mãe, desde que vim morar aqui sempre meu ajudou no que precisei, cuidou de todos os meus machucados, inclusive dos do coração. Saio dos meus pensamentos e digo:
– Rutezinhaa, meu amor, você pode ligar para a Lara e pedir que venha ficar aqui esta noite, servindo o jantar e recebendo os convidados
– Vou ligar, onde a senhorita vai? – Diz ela sabendo que a vinda de Lara se deve a minha saída hoje à noite.
– Vou a uma balada no centro de Nova York, comemorar o aniversário de Sophie.
– A hoje é aniversário dela? Diga para vir aqui amanhã a tarde, com a chegada de Noah hoje, não tenho como preparar o bolinho que ela gosta.
– Iiii, não gosto disso em os seus bolos tem de ser feitos só pra mim – digo em tom de brincadeira, mas mudando o assunto pro que está me deixando curiosa - Então me fala mais sobre o filho de Cecilia e Ed, até agora só sei que é um pouco mais velho que eu seu nome é Noah.
– A menina, acho que hoje sei menos que você, ele foi morar com o pai em Londres quando tinha 9 anos, depois disso nunca mais o vi, ele e Edward não se davam bem, mesmo o menino sendo novo, até os 11 anos ele vinha passar as férias escolares aqui, um dia acabou brigando feio com o Edward e nunca mais veio.
– Mas o que leva um menino de só 11 anos, brigar com o padrasto e ficar mais de dez anos sem ver a mãe?
– Só quem sabe o que aconteceu, é Noah, Edward e Cecilia, ninguém mais, pelo que sei o pai proibiu o menino de voltar a ter contato com o padrasto depois da briga, então ele não deixou de vir só porque quis mas pela proibição também, mas a mãe dele ia visita-lo sempre que podia, só não sei porque ele resolveu voltar agora.
Olho no relógio, e vejo que já são 18 horas, preciso terminar tudo em uma hora e me arrumar, Sophie e Eloá minha outra amiga, vão passar aqui as 20h30.
– Bom, qualquer dia eu descubro e te conto o mistério por trás dessa briga- digo rindo e saindo da cozinha.
Estou toda distraída saindo da cozinha, quando paraliso com aquela visão, um garoto com mais ou menos 1,90 de altura, de pele branca, cabelos castanhos quase loiro escuro olhos verdes claro, não muito magro naquele estilo de corpo definido e peitoral desenvolvido, pude analisar isso por ele estar sem camisa, parado encostado na lareira da sala, entro em desespero quando percebo que ele está olhando pra mim! Provavelmente nesse momento passei de branca pra vermelha em menos de 5 segundos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vivendo uma mentira
FanfictionMalu é uma menina que está prestes a descobrir algo terrível sobre seu passado. Ela sofreu uma grande perda, perdeu todo amor e a imagem que tinha de família, mas quando está prestes a fazer 11 anos Edward e Cecilia fazem com que sua vida mude compl...