ESPECIAL (THACE) - O Menino Sem Nome

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        Os sons da cidade era o que me fazia dormir toda noite, quando ainda tinha um lar e um reino costumava ficar na varanda do quarto olhando como a Cidade De Pedra era mais viva durante a noite que o dia, as tochas ficavam acesas e os dançari...

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        Os sons da cidade era o que me fazia dormir toda noite, quando ainda tinha um lar e um reino costumava ficar na varanda do quarto olhando como a Cidade De Pedra era mais viva durante a noite que o dia, as tochas ficavam acesas e os dançarinos do fogo faziam seus malabares e criavam seus dragões gigantes que passavam entre o público, era quando as arenas de luta ficavam mais cheias e quando as lutas eram ainda mais sangrentas que durante o dia, o barulho dos vendedores anunciando preços de pechinchas e especiarias trazidas de longe e também era quando se podia ver o espetáculo que os vulcões proporcionavam, a lava quente pulando no topo e descendo pelas encostas como se fossem rios e enquanto ela descia homens trabalhavam em busca do ouro vermelho, o maior dos tesouros de Noxia, muitos diziam que o reino era cruel assim como as cidades que eram suas aliadas porém, não sabiam que cruéis eram as pessoas que reinavam no Castelo Do Fosso e sentavam no maldito trono vermelho.

    As cidades mesmo com seu vento quente vindo do deserto e as constantes tempestades de areia conseguiam ser acolhedoras, e seu povo mesmo castigado pelo Sol e pela terra quente conseguiam ser tão calorosos quanto nas cidades do Sul e diferente do que muitos pensavam, Noxia o reino em si era um lugar bom para se viver, se você soubesse como viver é claro. Era comum eu dormir na varanda enquanto olhava e pensava quando seria a próxima fuga do castelo ou se ele viria comigo, e aqui não era diferente, dormia próximo a janela e a grande diferença era que não havia cama ou travesseiros mas sim um chão duro e frio e um cobertor velho que por mais que colocasse no Sol não perdia o cheiro de palha umida, a única coisa que me confortava era a janela e o barulho da cidade que parecia muito com a que ouvia toda noite em Noxia.

  Abri a janela e mesmo não estando em uma torre alta ou atrás de uma muralha reconhecia o som de um mercado, de uma taverna, um vendedor tentanto atrair seus clientes noturnos, de pessoas bêbadas e cantores pelas ruas, queria poder sair e ver tudo isso de perto entretanto a grossa corrente de metal me impedia assim como o círculo com quatro pontas marcado em meu peito que ainda doía quando tocava, mesmo que eu me soltasse com aquela marca não iria tão longe porém eu ainda não havia perdido a esperança e eu seria livre novamente e isso viria o mais rápido possível.

    — Vamos acordem, andem moleques hora de levantar. — Senti o chute nos pés e antes de outro me coloquei de pé, éramos oito dormindo em um espaço minúsculo enquanto o Mercador se empanturrava cada dia mais com vinhos e festas no seu palacete e nós ficávamos morrendo de fome. — Levantem que hoje teremos muito trabalho, vocês vão descarregar mercadorias na Grande Feira e se quebrarem algo já sabem o que acontece.

    Rhast era nosso "chefe" em outros tempos o chamaria de captor ou até mesmo vendedor de escravos porém, na primeira vez que o chamei assim senti o peso do seu chicote ganhando algumas marcas a mais nas costas e nas mãos, não era o medo do chicote que me fez mudar o modo como o chamava e sim o fato de não querer ter que sentir seu cheiro de cachorro molhado toda vez que se aproximava, até mesmo em Noxia onde a água era controlada as pessoas e animais cheiravam milhões de vezes melhor que o desgraçado. Olhei as roupas que fazia o possível para não ficarem tão sujas e sempre que podia escapava e entregava minha camisa surrada e a dos outros para Tonia lavar as escondidas, ela era uma das criadas e sempre que conseguia trazia alguns agrados para nós e eles incluiam pedaços de bolo esquecidos e até mesmo alguma bandeja com coxas de peru que nem foi tocada durante os banquetes do Mercador entretanto hoje o "desjejum" se resumiria ao mingau azedo e água, comemos rápido e em pouco tempo já estava no grande mercado descarregando os caixotes cheios de peças de vidro e cerâmica vindos de vários cantos.

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