17 - Renascer Pela Dor

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Escuro...

Dor...

Fogo...

Lágrimas…

Essas palavras rondavam minha mente ao ponto que pensava que somente isso havia restado, era como se todo o meu mundo fosse resumido naquelas quatro palavras de poucas letras e tantos significados que até o momento traziam somente desgraça, a sensação de impotência tomava conta do meu corpo e o desespero já estava tão entranhado em minha alma que parecia ser a única coisa que havia restado dentro de mim. Eu sempre ouvia que a coisa mais difícil era quebrar o espírito de alguém, pois era algo tão particular e tão pessoal que somente um golpe forte e poderoso o bastante era capaz de tal feito entretanto, percebi que não era tão difícil assim e que ao invés de um golpe forte e poderoso poderiam usar de vários golpes pequenos, um por vez, todos os dias ou semanas para que no final quebrasse só aquilo que havia restado e era assim que eu me sentia, quebrado de uma forma que talvez nunca conseguisse consertar.

Sentia que braços me seguravam e arrastavam-me pelo chão frio, eu lembrava de tudo o que havia acontecido e também do porquê havia desmaiado, sentia um gosto metálico na garganta como se meus gritos tivessem rasgado tudo por dentro e sinceramente era isso que eu queria, abri os olhos e ja estava na cama onde o meistre do castelo e duas curandeiras me rodeavam procurando algum ferimento, ferimento esse que não era visível pois só eu sentia e sabia onde ele estava. Levantei sentindo o macio do lençol e mandei que todos saissem, talvez tenha conseguido gritar uma ou duas vezes forçando ao máximo a pouca voz que tinha até que saissem e me deixassem só. Olhei pela janela e a comoção ainda estava por todo o pátio, não conseguia ver quem era quem mas sabia que entre os muitos gritos um deles era de Ellis ou Thace, acho que finalmente conseguia entender o que a sombra disse na primeira vez que nos vimos na biblioteca e talvez se eu assumisse de uma vez por todas que não era capaz e que havia perdido eu ainda conseguiria salvar Lydia e quem sabe Ellis e os outros, sai da janela e ainda desnorteado desci na direção do salão de onde havia acabado de me retirar, lá fora podia ouvir o tumulto e quando as portas foram escancaradas novamente todo o barulho que queria esquecer se fez audível mais uma vez.

   — Ellis… — Cinco soldados passaram pelas portas fazendo o possível para segurar o noxiano, ele se debatia e chutava tal qual uma fera sem controle, ele era forte e se estivesse consentrado já teria derrubado a todos porém não foi assim. Vi o meistre se aproximando e nesse momento ainda que com dificuldade conseguiram coloca-lo de joelhos, tempo bastante para que o velho homem se aproximasse com uma de suas poções, Ellis gritava e praguejava todos os nomes possíveis mas quando entrou em contato com a fumaça alaranjada que a coisa exalava foi se acalmando até perder a consciência.

     Eu observava tudo aquilo como se não estivesse ali, parecia que via um espetáculo de alguma trupe onde tudo se passava na minha frente e eu não podia fazer absolutamente nada para ajudar, mais soldados passaram e dessa vez traziam Thace com os punhos presos em algemas grossas e sendo puxado por correntes, eu tentava imaginar o que aquilo significava para alguém que ja havia sido escravo por uma parte da vida, a sensação de novamente estar preso por correntes sendo que há pouco tempo era um homem livre e a pior parte era que ele não estava se colocando contra aquilo, ele estava sendo preso por algo que não cometeu ou talvez por ser um el'ymas entretanto isso não importava, era injusto e cruel e no momento as pessoas que podiam se colocar contra essa insanidade estavam sem ação, eu pelo menos estava sem ação. O castelo estava um caos e não precisava de muito para saber que naquele momento estávamos todos em pânico, um rei estava morto, as sombras novamente haviam invadido o local e como sempre fizeram suas vítimas que não esperavam um destino assim, Will entrou segurando o braço quebrado e se deixou cair encostado contra a parede também com o olhar perdido, forcei minhas pernas a se moverem até cair de joelhos na frente dele para ouvir as palavras que tanto recusava pensar.

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