9 - Tenebris Sunt

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Tenebris Sunt: vindo do Latim significa "Que a escuridão saia"

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Tenebris Sunt: vindo do Latim significa "Que a escuridão saia"

O dia não poderia estar mais confuso, desde o primeiro momento que coloquei os pés nesse castelo sentia que talvez a paz que tanto era acostumado em Solaria havia ido embora. A conversa que tivera diversas vezes com meu pai sobre minhas responsabilidades como futuro rei, martelavam incansavelmente em minha cabeça desde que o casamento foi anunciado e meu destino traçado sem prévia consulta, eu já havia desistido de argumentar contra tanto que aceitei o casamento porém agora convivendo com o noxiano percebi que deveria ter insistido mais, ou pelo menos ter coragem o suficiente para dizer não a isso. O quarto de Will ficava na ala oeste do castelo enquanto as masmorras ficavam na norte o que nos deixava distante de nosso destino, ainda não compreendia bem como Kaya poderia salvar Will ou como fez a espada de Ellis flutuar, mas como Cecile e o próprio noxiano haviam dito ele era um el'ymas e o pouco que li sobre eles dizia que os mesmos tinham dons que poderiam ser usados ou não para o bem.

Olhei para o lado no exato momento em que passávamos pelas portas da biblioteca, senti meu coração apertar e a mesma sensação de quando vi a sombra ali dentro junto de suas chamas, mesmo querendo ficar longe daquele lugar sentia que algo me puxava para entrar ali mais uma vez, talvez fosse a sensação de alguém que precisava enfrentar seus demônios particulares ou quem sabe uma sombra que atormentava. O corredor estava iluminado pelos vitrais e pude perceber isso pelas paredes que eram banhadas pelas diversas cores dos vidros coloridos perto do teto, as janelas estavam abertas e a luz entrava por todo canto e minhas mãos formigavam como nunca antes, era a porta da biblioteca a minha frente e um corredor totalmente iluminado a minha volta, ainda não tinha percebido porém estava parado encarando a maçaneta de cristal e quase a tocando quando vi minhas mãos.

Eu sentia que estava a beira da loucura ou talvez toda a tensão dos últimos dias estivessem afetando meu pensamento e visão, as luzes coloridas dos vitrais e a que vinha das janelas parecia quase que dançar ao redor de minhas mãos, afastei as palmas da maçaneta da porta e a medida que fazia isso os raios que antes giravam ao redor de minha mão se dividiam ficando mais finos e agora giravam se acumulando até formarem pequenas esferas brilhantes que flutuavam, respirei fundo acreditando que era algo da minha mente enquanto procurava por alguma sombra, me recusava a acreditar que aquilo estava acontecendo ou melhor, me recusava a acreditar em tudo o que estava acontecendo nos últimos dias. Minhas mãos não estavam quentes ou frias, não havia sombra no corredor somente Cecile e Kaya que olhavam tão assustados quanto eu, as esferas se desfizeram transformando-se em feixes com uma tonalidade que estava entre branco e as cores dos vitrais, agitei as mãos mas a luz ainda estava nelas era quase como se fizesse parte de mim.

Minha vontade inicial era gritar porém se mais alguém visse aquela cena eu seria no mínimo acusado por bruxaria, e a única coisa que Solaria e Noxia concordavam além do acordo de união, era que bruxas ou bruxos deveriam ser queimados. Os feixes ainda "saiam" de minhas mãos e olhar para Kaya e Cecile não foi uma boa opção, os dois se encontravam afastados com os olhos fixos no nos feixes de luz que saiam de minhas mãos e por um momento pensei ver um vislumbre de medo no rosto de ambos. Eu não conseguia controlar e muito menos sabia o que estava acontecendo e inconscientemente agitava as mãos como se essa ação fosse parar os feixes de luz que se intensificavam, deveria assumir que não era uma sensação ruim na verdade era como se toda aquela luz do corredor estivesse dentro de mim. Meu peito se apertou e minha respiração ficou pesada, era o medo agindo, o corredor e os feixes de luz viraram um borrão aos meus olhos a medida que sentia o corpo entorpecer e cair, mãos me seguraram pelos ombros amenizando a queda e olhando de relance para minhas mãos pude ver mesmo entre a visão turva que os feixes de luz estavam desaparecendo assim como na primeira vez.

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