C#1

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  Estou começando a pensar em conversar com a reitoria da universidade e pedir para mudar de quarto e dar um jeito em minha situação, porque, sinceramente, eu odeio ter que ficar no mesmo recinto que essas garotas chiliquentas. Se bem que só divido o quarto com uma delas, as outras vem de brinde.

  Eloá é a melhor das três, ela até é legal quando não está na companhia das amigas: Olívia e Alice.

Essas duas supracitadas, são um saco!

Nunca conheci garotas mais fúteis e sem noção em toda a minha vida.

  Eu não faço ideia do que elas estão tramando, mas sei que vai dar merda, porque sempre dá!

— Vocês estão tão animadas que estou com medo de botarem um ovo aqui mesmo- Digo, sem ao menos tirar os olhos do meu notebook.

  Olivia faz um gesto de desdém com a mão e volta a soltar seus gritinhos de hiena louca.

— Eloá, você é a mais sensata de todas, então por favor, quer parar com todo esse estardalhaço?

Alice bufa.

— Senhora certinha, acalme-se, tá bom?

  Essa é a mais chata, porque sua vozinha de personagem de desenho animado, me faz ficar irritadiça.

— Volta para a sua torre, Rapunzel do Paraguai, meu assunto aqui é com a Eloá.

  Ela cresce um bico do tamanho do mundo, mas para de dar bola pra mim, porque batidas no quarto tira o foco delas.

— Ele chegou!- Alice solta um gritinho.

Reviro meus olhos. Eu só não espero que seja quem eu acho que é!

  Então, Eloy adentra o quarto com uma cara preocupada, Nolan, amigo dele, e Nikko, primo de Olivia, entram atrás.

— Eloá, você está bem?

Vai começar a festa!

  Continuo digitando meu trabalho, não vou me meter, sei no que isso vai acabar.

— Recebi suas mensagens.

Eloá faz uma cara de cachorro que foi jogado da mudança.

— Foi o seu estômago?

  Reviro os olhos. Agora eu já entendi tudo: Eloá pescou o irmão até aqui para ele trazer o Nolan, o peguete dela, e de quebra, saciar suas amigas doidas por seu irmãozinho.

  Confesso que Eloy não é de se jogar fora, mas basta o idiota abri a boca para a bosta acontecer.

— Eloy, querido!- Alice fala de um jeito tão estridente, que acho que meu cérebro vai fritar.

— Ah, não, Eloá!- Eloy saca tudo.

— Vem cá, gatinho, você andou fugindo de mim a semana inteira- Olivia o agarra pela cintura.

  Eu nunca entendi essa fissura por Eloy Cásper, ele é uma graça, mas não é nenhum Paul Wesley da vida, aliás, ele passa reto de Paul, porque esse cabelo castanho avermelhado não me lembra o Paul em hipótese alguma, mas também não me faz pensar em Ed Sheeran, por conta talvez do queixo sobressalente ou da falta do rostinho redondo lindo do Ed. Enfim, Cásper é bonito, mas nada demais!

  O fato é que Eloy morre de medo das amigas taradas da irmã, elas já fizeram de tudo para impressioná-lo, de maluquice a bizarrice, mas o cara corre delas como o diabo corre da água benta, como vampiro corre da luz, como... Ah, deixa pra lá!

  Já fechei até o meu notebook, porque já desisti de terminar meu trabalho, vou esperar as galinhas alçarem vôo antes, para que eu possa ter paz.

  Nolan está ao lado de Eloy, Nikko, por sua vez, está sentado observando o desenrolar das cenas, igual a mim.

— Aposto vintão que ele pula fora em 15 minutos- Nikko diz.

Olho para ele, risonha.

— Fechado!

Acompanho os minutos com Nikko:

1 min: Eloy está desesperado, mas com cara de quem ainda suporta muito;
3 min: o cara é mesmo guerreiro! Luta bravamente contra as investidas das loucas varridas;
5 min: Desisti, homem! Essas mulheres não têm jeito de largar o osso;
7 min: Vejo sinais, fortes sinais de que ele está fraquejando, vai arregar logo!
9 min: Eu disse! Nove minutos foi tudo que ele aguentou!

— Passa pra cá, meus vintão!

Universitário é tudo pobre mesmo!

Qualquer vinte reais e já estamos em polvorosa.

— Eu odeio o fato de você sempre vencer.

Dou de ombros.

— Eu conheço essas ai, Eloy não as aguentaria por mais tempo.

Nikko ri. Levanto da minha cama e bato palmas.

— Acabou a palhaçada! O circo fecha por hoje, porque o palhaço já caiu na onda de vocês.

Eloy me transmite um olhar enviesado.

— O que foi? Não vai me dizer que você não saca quando sua irmã está fazendo manha?

— Ela disse estar doente, logo, me preocupei.

— Ah, Eloy, faça-me o favor, viu?

  Até eu que não sou nada da Eloá percebo quando a menina faz manha pra ganhar o irmão. Eloy só pode ter um parafuso distorcido pra não perceber!

— Eu quero todo mundo fora daqui, as galinhas, os galos, os periquitos, os papagaios, todo mundo, voem daqui!

  Pelo menos uma vez por semana é essa palhaçada no quarto, já até está virando rotina da casa da mãe Joana.

— Você não está nisso também, né?- Eloy range os dentes ao perguntar.

— Tenho cara de sua fã?

Ele abre a boca para responder, o interrompo:

— Foi retórica a pergunta, ambos sabemos que não, não sou sua fã.

  É bonito o trabalho de Eloy como bombeiro, mas não chega ao nível de eu idolatrá-lo como as piradas da Olivia e Alice.

— Com certeza não!- Ele diz me olhando de cima a baixo— Uma garota mal ajambrada como você, não notaria meus atributos.

Solto uma risada de escárnio.

— Fora daqui, senhor pau doce!

Ele fecha a cara. Odeia esse apelidinho fofo!

Então, um a um os garotos vão saindo.

— Me deve vinte reais, Nikko.

— Te pago na volta!

Que safado!

— Espera, Eloy, vamos terminar nossa boa conversa- Alice corre atrás do príncipe, que na verdade é o cavalo.

A outra galinha corre atrás da amiga. Como dizem mesmo?

Cada qual com o seu igual, né?

Justamente!

Bato a porta e encaro Eloá.

— Você não cansa, não? De ser trouxa? De ser usada por aquelas ariranhas de cabelo estirado?

Eloá dá de ombros.

ELA. DÁ. DE. OMBROS!

E tenham paciência comigo, porque quero trucidar essa menina!

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Hey, amores, capítulo degustação para vocês, contudo, as postagens só se iniciam dia 07/05
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Espero que aguardem até lá

CativanteOnde histórias criam vida. Descubra agora