Esqueletos no Armário - Parte III

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Eu me levanto, confuso, percebendo o padrão familiar do chão da mansão. 

As lembranças imediatas são dolorosas.

O olhar vidrado de Sierra, jogando o carro em direção à Victória retorna à minha mente.

Meu esforço em correr em sua direção, sabendo que seria tarde demais... O grande clarão que impediu minha visão, nos levando para dentro do portal para uma dimensão estranha... Tudo pareceria um sonho, se Victória não estivesse flutuando a minha frente, há quase um metro do chão, com uma luz vermelha incandescente ao seu redor. 

O cheiro do sangue irrompendo por um corte na  testa  de Victória preenche minhas narinas.

Tento chegar até ela para socorrê-la, mas percebo, finalmente, que ela não precisa ser ajudada. 

Victória passa as mãos pelo ferimento, que cicatriza, por mágica, diante de meu olhar estupefato. 

Que tipo de poder é este?

Gritos histéricos desviam minha atenção para o canto da sala.

Ao redor de Sierra, um círculo de pedras negras em chamas orbita, impedindo sua passagem. Começo a compreender...

De alguma forma, Victória nos trouxe até aqui quando Sierra tentou contra sua vida e conseguiu elaborar uma perfeita gaiola contra seus poderes de vampira. 

Sierra tenta em vão achar um ângulo para escapar.

- Eu vou arrancar sua cabeça com meus dentes quando eu sair daqui, sua vadia!

Victória solta um riso sarcástico.

- Da próxima vez que tentar me matar, é melhor garantir que o trabalho seja bem feito!

Sua resposta é dada por uma voz gutural e fria. Não é a voz de Victória. Seus olhos estão negros e cintilantes como brasas.

Ela se transformou na criatura que chama de outra Victória, que na verdade é apenas a representação onírica da transformação que Victória sofre com seus poderes, e que vem tentando silenciar há meses.

Talvez ela tenha ficado inconsciente, como da primeira vez, ao sentir sua vida novamente ameaçada. 

A intensidade de seu poder me assusta. Nunca li ou vi nenhuma criatura como ela. 

A última vez em que seu poder esteve descontrolado, Victória incinerou o equivalente a uma quadra de futebol americano. Estranhamente, temo por Sierra, mas principalmente, temo pela consciência de Victória. 

- Victória, me ouça! Estou aqui, vai ficar tudo bem! Sei que você tem todos os motivos certos para estar com raiva. Mas não faça nada do que você possa se arrepender depois!

Sua voz soa, através da criatura.

- Não se preocupe, Nicolae. Não vou machucá-la. Está tudo sob controle.

Estou chocado. É Victória quem está no comando. Ela está consciente, e com tão pouco tempo, ela é capaz de controlar essa força sobrenatural, mas é também capaz de usar de uma violência que eu jamais havia esperado.

- Victória, está tudo bem! Ela não vai te machucar mais! Pode soltá-la.

A voz da criatura responde.

- Em breve Sierra será o menor dos nossos problemas, Nicolae.

Percebo que ela está certa quando uma sensação familiar me paralisa. O desejo por sangue começa a me dominar e a presença de um ser maligno começa a reduzir meu controle. Sinto um calafrio em minha espinha.

O imortal - Is it Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora