Assombrações

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Quando chego a Nápoles, os funcionários do trem são muito solícitos em me recomendar cuidado com a violência da cidade. 

Como se pudesse haver algo mais perigoso nas ruas do que eu...

Vou diretamente ao Museu de Arqueologia Nacional, e para minha surpresa, já estava sendo esperado. Um homem com uma cabeleira farta e uma pele morena, vestindo um terno bem cortado se adianta, me estendendo a mão com uma mesura.

- Signore Nicolae Bartholy! O seu pai, o signore Viktor nos adiantou sua chegada para investigar o... incidente... sobre a espada Tenebris. Meu nome é Giuseppe Santoro, sou diretor do museu e estou a seu dispor.

Assinto respeitosamente e retribuo o cumprimento. Se o Viktor se encarregou pessoalmente desse assunto, os originais devem estar inquietos com o roubo. Olho ao redor, fazendo o reconhecimento da cena.

- Vamos começar pelo básico. Listas de visitantes, escala de vigilantes, mapas do museu e do sistema de tubulações... acesso irrestrito às câmeras... perícias da polícia...

Giuseppe assente.

- Muito bem, signore Nicolae. Considere feito.

- E também preciso dos registros históricos da restauração e da bibliografia sobre o artefato.Qualquer uso mágico que possa ser atribuído a espada me interessa.

Percebo que em seus pensamentos o homem me ridiculariza, como se eu tivesse falado uma grande besteira. 

Um místico e não um investigador, hã?

Geralmente eu deixaria passar. Mas hoje minha paciência está especialmente curta. Olho para o homem de cabelos lustrosos, sem perder a serenidade.

- Veja bem, senhor Giuseppe. Estou há muito tempo nesse negócio. Se me chamaram é porque provavelmente a polícia já esgotou os traficantes de artes, os compradores do mercado negro e os criminosos comuns. Pode ser que o senhor não acredite, mas algumas pessoas vivem com uma preocupação muito... sincera...com relação a existência de seres míticos. Como por exemplo vampiros que leem pensamentos. Capisce?

O homem abre os olhos, assustado.

- Providenciarei tudo o que precisar, Signore! Terá a bibliografia em mãos antes do final do dia

Vejo-o, afastando-se, não sem deixar de me reprimir mentalmente por meu descontrole. De qualquer forma, a história do roubo é intrigante... 

Em plena luz do dia, em expediente, a espada desapareceu sem rastros diante de inúmeros funcionários, durante a limpeza do museu. Perturbações na câmera de segurança sugerem que os dados foram adulterados, mas quem chegaria até a central de segurança sem ser percebido?

 Nenhum alarme disparado e nenhum sinal de arrombamento da cúpula de segurança...

Passo alguns dias examinando cuidadosamente as plantas do museu e as paredes a procura de acessos externos, mas não há nada. Nenhuma tubulação ou rede de esgoto e seguramente nenhuma passagem secreta. 

O prédio é sólido como um bloco. 

Envio cópias dos vídeos de segurança à Drogo e as listas de nomes à Peter. Se houver algo de estranho, os olhos treinados dos meus irmãos com certeza não deixarão passar.

As semanas entrevistando os funcionários do museu foram igualmente frustrantes. Todos são unânimes em afirmar que nada de especial se passou aqui. 

O que por si já é muito estranho... 

Há uma certa superficialidade nos pensamentos dos funcionários quando falam sobre o dia do incidente. Dentre muitas entrevistas infrutíferas, começo a crer que essa caminho não me levará a nada. 

O imortal - Is it Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora