Capítulo 1

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Após mais um dia cansativo, cheguei em casa desejando não ter saído da cama. Paco, que estava sentado no sofá, deixou o livro que estava lendo de lado e veio até mim me dando um abraço apertado. Não esperava uma atitude dessa vindo dele, mas admito que gostei muito. Aquele abraço foi suficiente para me deixar mais tranquila no meio de tanta dor e angústia que estávamos vivendo.

— E aí, pirralho — Sorri para ele — Como você 'tá?

— Bem. Comecei outro livro.

— E é sobre o quê?

Paco segurou minha mão e me levou até o sofá, pegando o pequeno livro logo em seguida. Era um livro antigo sobre cavaleiros e dragões.

— Parece interessante. Me conta o que acontece depois?

Paco assentiu com um sorriso doce e voltou a se sentar no sofá, no meio das almofadas. Notei o olhar de Lily em mim e ignorei isso quando passei por ela, indo em direção a cozinha.

— Precisamos conversar — Ela disse em um tom firme, quase que uma ordem.

— Sobre...?

— Você sabe muito bem.

Suspirei fundo. Isso de novo, não.

Era a terceira vez na semana que Lily vinha discutir comigo. O motivo? Bom, digamos que eu tenha encontrado um jeito de manter a cabeça ocupada e não pensar tanto nas perdas que tivemos.

— Eu não estou com cabeça para isso, Liliane.

— Gwen, sabe que estou pegando no seu pé porque quero seu bem. Me importo com você e não gosto de ver você assim desse jeito como... Como se a cada dia sua humanidade estivesse diminuindo. — Ela se aproxima de mim a passos curtos até ficar a minha frente. Sua expressão era de pura preocupação e confesso que eu não gostava de causar isso logo a ela. — Eu sei que o número de perdas que sofremos foi muito em um intervalo muito curto de tempo e sei o quanto isso está te matando por dentro. Mas não significa que você deva sair por ai e deixar que seu parasi... Que seu simbionte machuque todo mundo que ele vê pela frente.

— Não é "todo mundo". São só os que merecem.

— Será, Gwen? Já parou pra pensar que alguma dessas pessoas talvez seja um inocente que, por acaso, não estava na hora e lugar errado?

Virei-me de costas para ela tentando me manter calma. Eu sabia onde ela queria chegar.

— Outra coisa que está me incomodando é o jeito como você está se afastando daqueles que te amam. Como a mim e a sua equipe. Por que está fazendo isso, Gwen?

— Eu não... Eu...

— Devia estar feliz por ainda estarmos aqui. Só Deus sabe o quanto eu sou grata por você ainda se manter perto do Paco.

Virei-me para ela. Lily me olhou como se esperasse que eu a respondesse com uma grosseria ou sarcasmo, mas não o fiz. Eu acabei me permitindo desabafar com ela.

— Você quer mesmo saber o que 'tá acontecendo comigo?

Lily assentiu, um tanto receosa.

— Quando Peter se foi uma boa parte de mim foi junto com ele. Depois foi Tony, Helena, meus amigos... Todos eles levaram uma parte de mim. E eu não sei lidar com isso.

Lily deixou seus ombros caírem com um suspiro fraco e me puxou para um abraço apertado.

— Você não foi a única a perder pessoas importantes, Gwen. Todos nós estamos passando por isso. A única coisa que te peço é que não se afaste daqueles que ainda estão aqui com você. Tem que se manter forte. Peter iria querer isso.

Peter.

A falta que ele estava fazendo estava ficando cada vez mais insuportável. Eu juro, eu tentei seguir em frente. Mas como fazer isso quando se está faltando uma parte de você? Peter levou com ele a minha melhor parte. A parte em que eu era forte e tinha esperança.

Meu comunicador emitiu um bip com uma mensagem de Steve dizendo para eu ir até o complexo dos Vingadores. Sem perder tempo, coloquei meu uniforme e fui para lá o mais rápido possível.

***

Passei pela sala de reuniões com uma certa pressa, mas acabei por parar na frente da mesma quando vi Natasha conversar com os hologramas de Rocky, Okoye, Rhodes, Nebula e a mesma loira que vi anos atrás só que com o cabelo diferente. Nunca consegui conhecê-la de fato, pois a mesma nunca ficava muito tempo aqui na Terra. Mas o fato de ela ser nossa aliada e ter salvado Tony ja foram suficientes para que ela ganhasse um pouco de minha confiança.

— Ah, aí está você — Ouvi Capitão dizer ao se aproximar — Eu queria falar com você sobre isso — Ele me mostra um pequeno vídeo meu com Cookie lutando contra cinco ou seis caras.

— Eram bandidos.

— Eu sei. Não era disso a que eu estava me referindo.

— E então?

Steve desligou o tablet que segurava e me olhou com certa reprovação em seu olhar.

— Acho legal que você ainda siga em frente com sua vida de combate ao crime, mas devo te avisar que você está se afastando da sua equipe. Os poucos que ficaram deveriam ficar unidos, você e o Clint...

— Agente Barton? O que tem ele?

— Parece que ele está seguindo o mesmo caminho que você. Agindo por conta própria.

— Cada um lida com a dor de um jeito diferente, Capitão.

— Queria que você lidasse com a sua de outra maneira.

— Eu só conheço essa.

Steve suspirou fraco. Ele vinha participando de grupos de ajuda, ajudando outras pessoas com conselhos e palavras de otimismo, mas eu não conseguia sentar em uma cadeira por horas e ficar conversando sobre o que eu havia perdido. Pelo menos não mais. Lutar me mantinha ocupada r era só disso que eu precisava.

Steve me estendeu sua mão para um aperto formal, dizendo sua senha. Aquele não era o fim de nossa conversa, mas com certeza Steve não queria continuar naquele momento.

— Gelo.

— Família — Eu disse a minha, já me afastando.

Capítulo curtinho só pra avisar que vou começar a postar os caps a partir de hoje a noite :)

Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VIOnde histórias criam vida. Descubra agora