Capítulo 35

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Depois do jantar eu fui para o meu quarto descansar para o dia de amanhã. Estava deitada quando vi a porta abrir e Paco entrar, perguntando se podiamos conversar. Parecia triste quando se sentou ao meu lado na cama.

— Que foi, pirralho? Que carinha é essa?

— Você vai embora, de novo. Porque você nunca fica?

— Embora? Não. Eu só tenho uma missão a fazer.

— Uma missão que não tem data certa pra acabar.

— Ei... — Me aproximei dele, passando meu braço a sua volta — Eu vou voltar. Eu sempre volto, não é? E não fica preocupado com o Sebastian. Ele não vai conseguir.

Paco assentiu, me abraçando.

— Nenhuma prova que ele apresente vai ter peso na decisão do juiz. Fica tranquilo, ok?

— Ok. E você tome cuidado nessa missão, ok?

— Ok. — Sorri.

Paco se soltou de nosso abraço e saiu de meu quarto, deixando-me sozinha. Demorei um pouco para cair no sono, mas quando finalmente consegui, sonhei com aquela Tulpa de novo. Estávamos em um local diferente agora. Estávamos no Egito.

Reconheci o local por suas enormes pirâmides e sua famosa esfinge.

— Aqui é o ponto de partida? — Perguntei para a Tulpa, que agora estava trajada com uma roupa egípcia.

— Sim. Você deve escolher dentre essas pirâmides a certa e pegar a Coroa da Rainha, juntamente com a pedra que me possibilita me materializar. Assim poderei ajudá-la durante toda sua jornada. Se assim, é claro, você decidir.

Olhei para as pirâmides a nossa frente.

— Esse... "Mestre" me escolheu, não foi? Eu não diria que tenho muita escolha.

— Você tem, Gwen Stacy. O Mestre te escolheu por que acredita que você é a única que conseguirá ir até o fim, independente do que pode acontecer. Caso você decida não prosseguir, ele escolherá outra pessoa. Mas não teremos tanta certeza dela, como temos de você.

— Porque eu? Dentre tantas Mulheres- Aranha, porque ele escolheu a mim?

— Isso só ele pode dizer.

— Ok, e onde ele está?

— Ele chegará em breve.

Soltei um suspiro fraco.

— Pode me dizer, pelo menos, o porquê de ter entrado em contato com o Peter também?

— Claro. São necessários dois escolhidos. Um homem e uma mulher, parceiros, leais um ao outro e acima de tudo, que estejam em harmonia entre si.

— Isso é estranhamente específico.

— Não sou eu quem dita as regras. — Ela dá de ombros — Então, você aceita ser a escolhida, Gwendolyn?

— Se eu aceitar... Não poderei mais voltar atrás, não é?

— Você terá seu livre arbítrio até o fim.

— Eu... Eu aceito.

— Fico feliz — Ela sorri — Você deve ir até o Egito e escolher uma das pirâmides. Dentro dela estará a coroa e a jóia. Mas, para não dizer que eu não ajudei, vou te dar um enigma.

— ... Um enigma?

— O que você procura pode estar bem a sua frente e ainda assim, oculto.

— Como um jogo dos sete erros?

A Tulpa deixou sua cabeça cair levemente para o lado, com uma expressão confusa.

— Quer saber? Esquece. Não tem nenhuma dica?

— Já dei tudo o que você precisava. Boa sorte, Mulher-Aranha.

****

Dia Seguinte - Base Aérea

Peter, Alissa, Ben e Ava já estavam a minha espera na Sala de Reuniões. Estavam dicutindo sobre essa nossa pequena missão quando entrei. Todos estavam curiosos.

Contei-lhes tudo o que precisavam saber e eles, claro, aceitaram fazer parte.

— Beleza, então, nossa primeira parada é o Egito — Disse Ava.

— Vamos precisar de um certo pessoal — Comentou Ben — De um paleógrafo, um paleontólogo, um cartógrafo, um arqueólogo e assim por diante.

— Nós vamos embarcar numa missão ou numa escavação a ossos antigos? — Alissa perguntou, de braços cruzados.

— Não, ele está certo — Falei, chamando a atenção de todos — Vamos precisar de alguém que entenda de hieróglifos e que conheça as pirâmides. Um egiptólogo.

— Conheço uma pessoa, mas vai levar um tempo para eu convencer ela — Ava disse.

— Tente, mesmo assim. Ben, sua tarefa será de preparar o nosso quinjet.

— Deixa comigo.

— Alissa, você vai cuidar dos mantimentos e dos medicamentos.

— Certo.

— E eu? — Pete perguntou, se aproximando de mim.

— Você e eu vamos nos despedir de nossa família. Somos dois escolhidos e não sabemos se vamos voltar dessa missão.

Peter baixou o olhar, um pouco triste. Tentei tocar seu rosto com a esperança de lhe transmitir conforto, mas ele acabou se afastando e saindo da Sala de Reuniões. Ava e Alissa o seguiram.

— Posso perguntar o que foi aquilo? — Ben perguntou, se colocando a minha frente.

— Ele colocou essa distância entre nós. Esse muro.

— Porquê?

— Por que eu não consigo lhe contar tudo o que houve comigo nos últimos cinco anos em que estivemos separados. Tudo o que ele sabe até agora é só a ponta do iceberg.

— Você matou, e daí? Já passou, é hora de seguir em frente.

— Fiz mais do que isso e você sabe.

— Você tem que deixar o seu passado para trás. Coisas ruins acontecem e ninguém pode fazer nada para evitar, certo?

— 'Tá recitando o Rei Leão pra mim?

Ben sorriu fraco.

— Sabe o que eu estou tentando dizer, loira. Como quer um futuro com o Peter, se não deixa o passado para trás? Conte a ele o que aconteceu e coloque uma pedra nisso.

— É que dói muito.

— O passado pode doer. Você pode fugir dele ou... Aprender com ele.

— Chega de Rei Leão, Ben. 'Tô te estranhando.

Ben riu, passando seu braço em volta de meu pescoço.

— Vai se acostumando, loira. Vai se acostumando.

Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VIOnde histórias criam vida. Descubra agora