A coroa mais se parecia com uma tiara de testa. Tinha alguns fios dourados estavam pendurados e nas duas extremidades perto das orelhas, estava uma flor. Me perguntei o que seria seu significado. Pendurado na flor como um pingente, estava uma pequena aranha dourada. No meio estava uma cobra, simbolizando a soberania de quem usasse aquele adorno.
Olhei aquilo maravilhada com tamanha beleza e delicadeza.
— Ela é linda...
— Ela é sua. — Disse a Tulpa, se aproximando.
— Não. Vou cumprir a professia, mas essa coroa vai voltar para seu lugar de origem quando tudo acabar. Pelo amor de Deus, ela causou a morte de várias pessoas!
— Pessoas que a queriam para fins egoístas.
— Pergunta — Alissa chamou a atenção — Porque uma coroa? Por acaso, houve uma Rainha-Aranha egípcia?
— Sim. A primeira Mulher-Aranha.
A tulpa movia suas mãos enquanto relatava a história, fazendo uma espécie de tela pequena para nos mostrar o que aconteceu naquela época.
— Ela era filha única. Era bela e inteligente, e quando subiu ao trono como Rainha do Alto e Baixo Egito, o Mestre lhe deu os poderes da Aranha. Ele havia se encantado por ela, e ela por ele. Mas o reinado dela não durou muito. Ela foi brutalmente morta pelos irmãos do Mestre, Brix e Bora. Arrasado com a morte de sua amada, o Mestre profetizou que dois totens Aranhas iriam pôr um fim as crueldades de sua família.
— Esse "Mestre" só pode ser o Karn. Desconfiei que ele estivesse envolvido, mas agora não há dúvidas. — Peter disse, cruzando os braços.
— Não tem como voltar atrás agora. Vamos atrás dos outros objetos. — Falei guardando a coroa na bolsa que Ethan havia trazido.
Quando olhei para a entrada da Câmara, notei que uma estátua de Anúbis bloqueava a passagem. Os outros também notaram e acharam estranho. Na sua mão direita estava uma balança pequena e na outra, uma lança.
— Ok, quem foi o engraçadinho que colocou aquela coisa no caminho? — Perguntou Ava em um tom irritado.
— Acho que ela foi pra lá sozinha, Ava. — Alissa disse com um certo tom de receio.
— Ethan, fique atrás de mim.
Puxei o moreno para atrás de mim, adotando uma pose protetora. A estátua bloqueou ainda mais a saída colocando sua lança na frente.
— Gwen, olhe atentamente para o pescoço dele. — Alertou a Tulpa.
Um objeto na cor azul, que mais se assemelhava a um cristal quebrado, era o que estava pendurado. A estátua não se movia e parecia que ia ficar assim por um bom tempo.
— Se eu tentar pegar eu vou morrer, né? — Indaguei para a Tulpa.
— De fato.
— O que eu devo fazer, então? Sentar, rolar e dar a patinha como um cãozinho?
— Não sou sua guia à toa, sabia? — Ela suspira — Tenho que te levar ao plano espiritual.
— Plano, o quê?!
— Confia em mim.
Olhei para Ben e Peter. Os dois estavam tensos, mais até do que eu.
— C-certo.
A Tulpa se aproximou de mim e tocou minha testa com seu indicador. De repente, me vi no mesmo local, só que mais iluminado e arejado. Olhei para os meus amigos e os vi ao lado do meu corpo caído no chão, tentando me acordar.
— Mas o q...?
— Como eu disse, você está no plano espiritual. Para o seu teste.
— Teste? — Olhei para ela.
— Apesar de acreditarmos em você, precisamos que seja a pessoa certa para acabar com os Herdeiros. Por isso, você está aqui. Para o seu único teste.
— Ok... E o que eu tenho que fazer?
— Os egípcios acreditavam em muitas divindades no passado. Osíris, Seth, Ísis... Mas um dos deuses mais importantes era, sem dúvida, Anúbis. O deus dos mortos. — Ela andava em direção a estátua enquanto falava. Aquilo prendeu minha atenção de tal forma que por um minuto esqueci que meus amigos estava logo atrás de mim tentando me socorrer.
Ela continuou:
— Quando alguém morria, seu coração era colocado em uma balança com uma pena do outro lado. Se o coração fosse mais leve que a pena, a pessoa iria para o paraíso. Caso não fosse, era comida um demônio chamado Ammit.
— Aonde você quer chegar? — Perguntei receosa.
— O seu teste, Gwen. Você terá de colocar seu coração naquela balança que Anúbis está segurando.
— Você 'tá brincando, né? — Sorri nervosa.
A Tulpa negou com a cabeça.
— Como vou fazer isso? É impossível!
A Tulpa voltou a se aproximar de mim. Com um leve movimento de sua mão, senti algo dentro de mim se mover. Fiquei sem reação ao ver meu coração levitando acima de sua mão.
Era estranho. Não doía nem nada, e ele nem se quer pulsava.
— Fique tranquila, você não pode ser afetada aqui. Você é apena um espírito.
Ainda com meu coração a centímetros de sua palma, ela se aproximou da estátua e tentou colocá-lo na balança. Mas eu não deixei.
— Não! Por favor, não faça isso.
— O que foi?
— Isso não vai dar certo.
Ela franze o cenho, confusa.
— Pelo fato de você ter matado?
— E por outras coisas.
— Você está arrependida?
— Muito.
— Então, não tem o que temer. O Mestre não quer uma pessoa pura, mas que tenha um bom coração e coragem o suficiente.
— Só... Não faça.
— Mas é preciso.
Passei minhas mãos pelos meus cabelos, tensa. Tudo estava me dizendo que eu não era a pessoa certa para aquela missão, por causa de meu passado.
— Gwen, aceite o que aconteceu com você e siga em frente. Pessoas erram e isso não faz de você uma pessoa ruim.
— Eu não consigo.
— Consegue sim. Pensa no seu parceiro, na sua equipe e na sua família. Pense nos milhares de totens aranhas que irão morrer se você fracassar.
— Chega! Eu não aguento mais!
Virei as costas para a Tulpa, com a intenção de me acalmar. Respirei fundo, sentei no chão e abracei meus joelhos. Parecia que meu passado tinha voltado a tona tudo de uma vez
.
Tudo o que aconteceu nos últimos cinco anos passou como um filme na minha cabeça. E se repetia sem parar.
Até que uma voz que há muito tempo que eu não ouvia conseguiu me libertar.
— Minha menina.
— ... Clint?
Eita, por essa vcs não esperavam kkk
Sim, nossa querida Gwendoly tem um passado com o Gavião Arqueiro/Ronin, que será mais explorado nos próximos caps.
Aguardem.
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Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VI
FanficDepois do ocorrido com Thanos e seus filhos, Gwen e seus amigos tentam seguir em frente da maneira que conseguem. Todos ainda estão muito abalados, mas a perda de seus entes queridos afetou nossa heroína aracnídea mais profundamente, embora a mesma...