Capítulo 26

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- TT, tadinha da fera. - Cheryl disse, se virando no sofá para ficar de frente com Toni e se enroscando ainda mais no corpo quente da menina. Apesar do aquecedor e da lareira acesa, o dia estava bastante frio.

- Por que se virou? - Toni perguntou, olhando para Cheryl. Ela estava no canto do sofá e Cheryl na ponta, ambas deitadas com as pernas esticadas.

- Porque eu não gosto de ver eles xingando a fera só pela aparência dela. - Cheryl disse e Toni sorriu.

- Eu fico feliz que você tenha esse conceito na sua mente. - Toni disse, puxando a coberta mais para cima. Sua mão tocou, respeitosamente, a cintura de Cheryl, apenas por conforto e comodidade, afinal não tinha onde apoiar sua mão.

- Será que a Bela vai proteger a Fera?

- Eu não vou te contar, você precisa assistir o filme, mocinha. - Toni disse rindo.

- É que eu também virei porque eu gosto de olhar para você. - Cheryl disse e Toni suspirou.

- Às vezes parece que a experiente daqui é você. - Toni falou rindo e Cheryl ergueu o rosto, olhando meticulosamente para as orbes castanhas.

- TT, eu posso te fazer uma pergunta? - Cheryl indagou e Toni assentiu curiosamente.

- Quantas você quiser. - Respondeu docemente.

- Você não gostou, digo, não gosta quando eu te beijo aqui? - Perguntou, levando seu indicador até os lábios de Toni, causando a petrificação da menor.

- Não é isso. - Toni se limitou a dizer, sendo completamente sincera.

- Então você gosta? - Cheryl perguntou confusa pela resposta de Toni e a menor suspirou.

- Gosto. - Confessou.

- Então por que você sempre foge? - Cheryl perguntou novamente, se ajeitando mais em seu lugar.

- Você está passando por muita coisa agora. - Toni disse. - Eu não quero parecer apressada ou desrespeitosa, não quero que você faça algo por curiosidade e lá na frente veja que era apenas confusão.

- Mas eu gostei, TT. - Cheryl disse, acariciando o rosto de Toni como se fosse uma obra de arte. - Eu gosto muito de ficar perto de você; mais do que da professora e mais do que da psiquiatra; mais do que da Josie e mais do que ver todos os filmes de princesa do mundo todo. - Foi inevitável um sorriso bobo nascer nos lábios de Toni.

- Eu também gosto de ficar perto de você, Cherry. Tanto que eu passo aqui todos os dias desde que você veio para cá mês passado.

- Isso significa que eu posso te dar mais beijos aqui? - E seu dedo indicador voltou a desenhar o contorno dos lábios de Toni com total suavidade.

- Você quer? - Toni perguntou, meio incerta se deveria ter perguntado isso.

Ao invés de uma resposta em palavras, Cheryl se inclinou e se moveu para cima, para ficar à altura de Toni, logo beijou seu rosto demoradamente. Toni iria dizer algo, contudo, Cheryl afastou os lábios de seu rosto e deixou outro beijo, dessa vez, na ponta do nariz de Toni.

Toni conteve a súbita vontade de puxar Cheryl para um beijo, então a única coisa que fez foi apertar um pouco mais a cintura da garota, sem sequer se dar conta do que fazia. Cheryl deixou outro delicado beijo no canto dos lábios de Toni, fazendo o pobre coração da moça martelar contra seu peito sem pudor algum.

- TT? - Cheryl sussurrou assim que roçou seus lábios nos de Toni, seu hálito acariciou a pele da menor enquanto seus olhos se ergueram e se concentraram absolutamente no olhar de Toni, à procura de alguma espécie de aprovação.

Era demais para Toni conseguir suportar. Toda a sua força de se afastar foi em vão, pois Cheryl estava muito próxima, tão perto que podia sentir o sabor dos lábios de Cheryl sobre os seus, tão perto que o cheiro o shampoo de Cheryl invadiu completamente seus sentidos, tão perto que ela não resistiu: Se inclinou mais um milímetro e tocou seus lábios nos de Cheryl.

O encostar de lábios foi um pouco mais demorado do que os outros, o que foi suficiente para Toni perder absolutamente todo o ar de seus pulmões. Ter que manter todas as suas vontades de aprofundar o beijo custou-lhe quase uma dor física, mas mesmo assim conseguiu, se afastando alguns segundos depois.

- Seu beijinho tem gosto de mel. - Cheryl sussurrou em meio a um sorriso. Toni riu, pois apesar de não gostar de mel, entendeu que Cheryl quis dizer que era doce.

- Ah, sim? - Toni perguntou, mordendo o próprio lábio para conter o sorriso.

- Sim. - Cheryl disse baixinho. - E eu acho que eu sou uma abelhinha. - Completou, voltando a se inclinar e roubar mais um selinho de Toni.

E depois outro.

E outro.

Toni sentia seu peito doer devido às batidas insistentes de seu coração, mas quase perdeu o ar quando Cheryl a olhou intensamente, como se sua respiração estivesse tão desregulada quanto a de Toni, como se aquele momento estivesse sendo tão mágico quanto.

E então Cheryl voltou a se inclinar, era como se aquilo não fosse o suficiente, talvez seja pelas cenas de casais das séries que viu nos últimos tempos, ou talvez fosse só seu pobre coração avisando que ela podia fazer mais, que podia se conectar melhor com aquela boca rosada e tão atraente para os olhos de Cheryl.

Tomada por toda a sua vontade, curiosidade e coragem, Cheryl abriu a boca quando seus lábios estavam conectados e, para a alegria das borboletas em seu estômago, Toni não se afastou.

Sentiu algo derreter dentro de si quando a língua de Toni esbarrou na sua e, de repente, seu estômago estava estranho e uma forte pressão em seu peito dominou Cheryl, o que fez com que ela fechasse os olhos e levasse seus dedos até a raiz dos cabelos de Toni. A língua da garota era macia, carinhosa e extremamente viciante.

Cheryl arfou assim que Toni finalizou o beijo com um longo selinho e apertou sua cintura, provavelmente para se conter de algo que Cheryl não conseguia entender.

- TT? - Cheryl sussurrou, ainda de olhos fechados. - As florzinhas querem me matar. - O riso gracioso de Toni preencheu-lhe os ouvidos.

- Elas só querem nascer. - Toni disse, completamente anestesiada, pois ainda sentia em seus lábios o gosto do beijo de Cheryl.

- Já nasceram todas, agora mesmo. - Cheryl disse. - Agora elas querem me matar e invadir meu corpo. Tenho certeza!

- Elas não irão te machucar, meu amor. - Toni disse, acariciando a cintura de Cheryl.

- Promete de dedinho?

- Eu prometo de dedinho. - Toni disse, sentindo Cheryl afundar o rosto na curva de seu pescoço e inalar seu perfume.

- Eu não estou mais preocupada com a Fera, TT. - Cheryl pronunciou com a voz um pouco abafada.

- Ah não? - Indagou. - Posso saber o porquê?

- Se a Bela gostar tanto da Fera igual eu gosto de você, o que eu acho que ela gosta, então eu sei que ela vai proteger a Fera igual eu protegeria você. - Toni abriu a boca para dizer algo, mas tudo o que saiu foi mais um suspiro embasbacado. Aparentemente Cheryl despertara esses suspiros nela e, definitivamente, ela adorava aquilo.

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𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐥𝐢𝐧𝐤 𝐨𝐟 𝐚𝐧 𝐞𝐲𝐞 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora