Faço a apresentação em modo automático e me desculpo com as meninas pelos erros.
- O que aconteceu Cams? – Anna pergunta – Quer conversar?
- Não foi nada, quer dizer foi – sorrio – Eu passei no estágio então, deve ser isso que me fez ficar assim.
- O que? Eu não acredito, parabéns! – ela me abraça – Temos que comemorar.
- Hoje não, talvez no final de semana.
- Nem pense em fugir de mim mocinha, já conheço todas as suas desculpas – ela ri – Nós vamos hoje.
- Você é incansável – rio também – Vamos hoje.
- Passo as dez na sua casa.
Me despeço e vou trabalhar, avisando o Bob do meu novo estágio.
- Eu não poderia estar mais feliz por você minha menina – ele enxuga as lágrimas – Mas eu vou sentir muito a sua falta.
- Ainda não sei que dia começo, então você vai me aguentar mais uns dias – eu o abraço.
Todos me dão parabéns e prometem uma festa de despedida. Eu não poderia agradecer mais por tanta gente boa comigo e meu coração aperta quando lembro de Zabd.
Vou o caminho inteiro pensando se vou ou não atrás dele para deixar ele se explicar, porém minha dúvida é respondida sozinha.
Eu o encontro na frente do prédio, com Giulia de novo. Ela está parada ao lado de um táxi e conversa com ele.
Acelero o passo e não olho na direção dos dois. Escuto Zabdiel me chamar mas vou direto para as escadas, não dando tempo dele me alcançar.
Chego sem fôlego em casa e me jogo no sofá.
- Estava fugindo de ladrão? – Rebecca pergunta.
- Do Zabdiel – ela me olha sem entender – Depois eu explico, tenho uma coisa melhor para falar: consegui um estágio!
- Eu não acredito! Parabéns amiga, estou muito feliz por você – ela me abraça – Temos que comemorar.
- Vamos hoje, a Anna vai passar aqui.
Vou para o meu quarto escolher a roupa de hoje e em seguida tomo um banho.
“ Vamos conversar por favor”
Era Zabdiel e eu decido ignorar, precisava comemorar e não ficar discutindo o que quer que seja.
Quando me considero pronta, aviso a Anna e a espero na frente do prédio junto a Becca.
Vamos a um lugar novo e o ambiente é incrível. Conversando com o barman, Becca consegue um drink para mim e eu nem pergunto o que é, só viro. Foi o primeiro de uma série de erros.
Quando eu dei por mim, estava no meio da pista de uma maneira que não costumo dançar e chamando atenção de todos ao meu lado. Um cara se aproxima e me envolve pela cintura e eu danço com ele até me dar conta que eu não o conheço e me afasto.
Tomo mais algumas doses e pego meu celular. Vejo a mensagem de Zabdiel e ignorando meu lado sóbrio, aperto o botão de ligar.
*- Camilla? – a voz dele é surpresa.
- Oi Zabdiel ou melhor Zabdzinho – dou risada – Não é assim que aquela garota te chama? Aliás, ela está aí?
- Você está bêbada Cams? – ele parece confuso – Onde você está?
- Eu estou ótima. Sabe, eu vim comemorar meu estágio mas é claro que você não sabe porque toda vez que eu ia falar com você, ela estava junto – suspiro – Ela é mais legal que eu não é?
- Claro que não Camilla, isso não tem nada a ver. Me diz onde você está que eu busco você.
- Que fofo, sempre tão bonzinho não é...pena que eu não acredito mais em você.
- Cams, deixa eu ir te buscar.
- Tchau Zabd*
Desligo e guardo o celular, voltando para a pista.
- Onde você estava? – Anna pergunta.
- Tomando um ar – rio – Vamos dançar.
- Primeiro um brinde, a seu estágio e a todas suas conquistas – ela ergue nossos copos – Você merece!
- Obrigada, eu amo vocês – grito e abraço as duas de uma vez.
Não lembro que horas saímos de lá, mas parecia tarde. Pegamos um táxi e quando chegamos em casa, Zabdiel está na portaria.
- O que você está fazendo aqui? – pergunto assim que o vejo.
- Esperando você, já que não consegui descobrir onde você estava – ele se aproxima – Está tudo bem?
- Óbvio que está – acabo cambaleando e ele me segura.
- Sim, estou vendo que está – ele ri – Eu te ajudo.
- Não quero sua ajuda.
- Você não está em posição de escolher.
Zabdiel então me ergue em seus braços e eu me debato.
- Me põe no chão agora!
- Só quando você chegar em casa – ele me segura mais próximo a ele então me calo – Assim está melhor.
Subimos no elevador e não vejo mais Rebecca. Zabdiel me leva até o quarto e me deixa trocar de roupa enquanto vai até a cozinha.
- Não comeu nada, não foi? – ele pergunta – Trouxe água e algo para você beliscar.
- Obrigada – me sento para comer – Isso não muda nada.
- Que teimosia meu Deus – ele balança a cabeça – Quando você estiver bem, vamos conversar.
- Não temos nada para conversar.
- Eu também sou teimoso – ele diz – Vou deixar você descansar, fecha a porta quando eu sair.
Reviro os olhos e o sigo, ele ainda tem a cara de pau de sorrir para mim antes de sair.
Me encosto na porta e vejo a sala rodando. Fecho os olhos, mas o mal estar continua. Maldita bebida.
Corro pro banheiro e coloco tudo para fora. Minha cabeça dói e eu fico ali mesmo até pegar no sono.
Me levanto com dor pelo corpo todo e a dor na cabeça maior ainda.
Tomo um remédio e me sento no sofá, aviso as meninas que não consigo ir. A campainha toca e eu xingo o barulho.
- Oi – Zabdiel é claro – Sua cara está péssima.
- Muito obrigada por dizer o óbvio – reviro os olhos.
- Trouxe café – ele mostra – E panquecas.
- Isso é golpe baixo garoto – ele ri e entra.
- De nada aliás.
- Obrigada Zabdiel – ele sorri.
- É um prazer.
Me sento e ele também, ao meu lado e bem próximo. Como toma café desse jeito? Eu já estava com a respiração desregulada.
- Está pronta para me ouvir ? – ele brinca com meu cabelo.
- Não – respondo com a boca cheia, o que provoca seu riso.
- Vou falar mesmo assim – ele me faz virar – Me desculpa. Por não dizer que estava trabalhando com a Giulia, não queria te deixar com ciúmes e sim, fui bonzinho demais e ela se aproveitou.
- Estou escutando.
- Ela fez parecer que tínhamos alguma coisa, na verdade ela tentou ter mas não conseguiu. Porque eu quero você, só você e ninguém mais. Por favor, acredita em mim.
- Quando eu terminar de comer, eu te respondo – digo e ele ri, passando a mão pelo cabelo.
- Você vai me deixar louco garota!
- Essa é a intenção.
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Crossed Ways
FanfictionAs frases clichês sempre fizeram parte da minha. "O que tiver de ser, será", " O destino se encarrega de tudo" eram mantras na minha vida e eu levava muito a sério. Eu estava com 20 anos, longe de casa quando reencontrei Zabdiel de uma maneira que n...