Rebecca se despede depois do jantar, reclamando de dor no pé, então Zabdiel se oferece para me ajudar a arrumar tudo.
- E você parece bem a vontade de morar aqui, não tem saudades de São Francisco? – ele pergunta enquanto enxuga um copo.
- Sinto às vezes, mas me encontrei aqui – dou de ombros – Não penso em voltar a viver lá.
- Eu entendo – ele sorri – Minha mãe diz que em breve vem me visitar, imagina a alegria dela quando te ver.
- Que saudade da Dona Noemi, ela vai pirar – dou risada e vejo que terminamos.
- Obrigado pelo jantar, eu me diverti muito – ele se aproxima.
- Obrigada pela ajuda.
Zabdiel segura minha mão e meu coração já acelera, mas ele apenas beija minha bochecha e sai. Solto a respiração que eu não sabia que estava segurando e vou para meu quarto.
Acordo no dia seguinte após um sonho muito indiscreto com Zabdiel e tento afastar do pensamento enquanto preparo o café.
- E aí, rolou alguma coisa? – Becca surge mancando.
- Não, a gente apenas conversou.
- Que menino devagar – ela reclama e eu olho feio – Deixei vocês dois sozinhos justamente pra isso.
- Becca, nós somos dois estranhos agora, faz anos que a gente não se vê – sirvo café para nós duas.
- E daí? Vocês têm um passado e bem quente por sinal – ela ri.
- Eu sei – não consigo esconder um sorriso – Porém isso não vem ao caso agora, hoje é sábado, dia oficial da faxina.
- Não estou em condições de fazer nada, a gente poderia deixar isso pra lá só hoje ou você pode ir ajudar o Zabd se quiser tanto assim fazer faxina.
- Você não desiste não é? – ajudo ela a chegar no sofá – Estarei no meu quarto, arrumando as coisas.
- Você também não colabora, por isso vocês se dão tão bem...dois lerdos.
Finjo que não escuto e saio rindo. Decido arrumar meu guarda roupa e estou escutando música quando sinto meu celular vibrar.
“ Vamos sair para jantar hoje?”
Era Richard e eu me surpreendo dele lembrar do que eu falei.
“ Está falando sério?”
“ É claro, te pego as 21hrs, pode ser?”
“ Combinado”
...
Eu tinha saído para comprar um lanche no meio da tarde, quando vejo Zabdiel indo para o elevador.
- Ei – grito – Me espera.
- Claro – ele sorri e abre espaço.
- Como está a mudança? – pergunto assim que entro.
- A pior parte já foi, só falta as coisas mais pequenas mas isso é no dia a dia.
- Que bom.
- E você, vai fazer alguma coisa hoje?
- Na verdade sim, tenho compromisso – falo sem jeito.
- Uma pena – ele diz simplesmente e eu me despeço no meu andar.
Termino meu lanche e vou me arrumar. Não sei que tipo de restaurante vamos então opto por uma roupa casual e uma maquiagem leve.
Desço perto das nove e espero Richard na portaria. Ele chega alguns minutos atrasado mas aparece sorrindo e muito cheiroso.
- Você está linda – ele me abraça.
- Você também não está nada mal – ele abre a porta e seguimos para o restaurante.
Era um lugar agradável e nos sentamos em uma mesa ao ar livre.
- É incrível aqui – digo olhando ao redor.
- Sabia que ia gostar – ele sorri e fazemos nossos pedidos.
- O que deu em você senhor Camacho? – pergunto intrigada – Está se saindo muito bem hoje.
- Estava sentindo sua falta e queria agradar – ele segura minha mão e dá um beijo, me fazendo derreter.
Seguimos comendo, rindo e passando um tempo agradável. Tudo parecia bom demais.
Até que após ele pagar o jantar, voltamos para seu carro e ele recebe uma ligação.
- Era um amigo, ele me disse que a Lit tá bombando, quer ir lá? – Lit era uma das maiores baladas em LA.
- Pensei que íamos ser só nós dois hoje.
- A gente pode ir, passar um tempinho e seguimos para seu apartamento ou o meu – ele dá de ombros.
- Ok, mas sem demora hein? – ele assente e me beija.
É um beijo demorado e cheio de desejo e suas mãos passam pelas minhas costas e descem para as coxas.
- Uau – suspiro e ele ri.
- Pelo jeito, você também estava com saudades – ele me dá um selinho.
- Talvez – me recomponho e vamos até a balada.
Entramos direto e eu agradeço pois a fila estava imensa. Peço uma bebida e seguimos para o camarote.
Richard encontra seus amigos e percebo várias garotas com eles. Cumprimento eles de longe e me sento.
- Vamos dançar – Rich diz algum tempo depois.
Danço com ele e estou me divertindo, até ver seus amigos fazerem alguma brincadeira idiota e Richard ir na onda. Reviro os olhos e me afasto, ele nem percebe e eu sigo para o bar.
Horas se passam e Richard já está bêbado e sem querer ir embora.
- Agora que a gente está se divertindo – ele reclama. Olho no relógio e já se passava das duas da manhã.
- Eu vou embora sozinha então, não estou me divertindo aqui – falo e pego minha bolsa.
- Para de ser chata, a gente só vai ficar um pouco.
- Você disse isso horas atrás e a gente segue aqui – comento.
- E daí? Meus amigos estão aqui, você está aqui e por que não continuar? – um amigo chama atenção dele e ele faz um gesto que já vai.
- Pode ir lá, eu vou embora – ele insiste um pouco mais mas logo aparece alguém para chamar atenção, aproveito e saio da boate.
Pego meu celular e vejo desligar assim que entro no aplicativo para pedir um carro.
- Droga, isso é uma brincadeira comigo? – reclamo e olho ao meu redor, mas ninguém com cara de confiável para me emprestar o celular.
Ando um pouco até encontrar um telefone público e então me dou conta que não sei o número de Becca e nem de ninguém de cabeça. Maldita tecnologia.
Então por um milagre me lembro que estou com o número de Zabdiel anotado em um papel. Era minha única opção e eu ligo antes que possa me arrepender.
*- Zabd, sou eu, Cams – falo assim que ele atende.
- Oi, o que foi? Você está bem? – seu tom é preocupado.
- Eu estou em uma balada, você poderia mandar um táxi pra cá? Meu celular descarregou e eu só tinha seu número, desculpa.
- Não tem que se desculpar, me passa o endereço.*
Volto para porta da boate e espero alguns minutos. Uns bêbados ainda mexem comigo e eu tento ignorar.
Logo eu vejo um táxi vindo e respiro aliviada. Minha surpresa e alívio aumentam quando eu vejo Zabdiel descer do carro.
- Você está bem mesmo? – ele me olha e eu assinto – Vamos, está frio aqui.
- Obrigada – sorrio e ele segura minha mão em todo trajeto até o prédio.
- Acho que você não vai conseguir dormir agora né – ele diz quando a gente entra.
- Não, com certeza não – suspiro.
- Quer ir lá em cima? A gente pode conversar um pouco, até você cansar – ele sorri de lado.
- Eu quero.
Ele então aperta o quinto andar e segura minha mão enquanto subimos até sua casa.
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Crossed Ways
FanfictionAs frases clichês sempre fizeram parte da minha. "O que tiver de ser, será", " O destino se encarrega de tudo" eram mantras na minha vida e eu levava muito a sério. Eu estava com 20 anos, longe de casa quando reencontrei Zabdiel de uma maneira que n...