Zabdiel
Eu estava dividido, parte de mim queria manter os pés no chão e a outra estava esperançoso que com essa viagem a Nova York, Camilla iria se convencer a mudar.
Ela estava animada, já com a lista de lugares que queria conhecer e onde íamos passear.
Só sorrio enquanto entramos no avião e pego sua mão enquanto ela continua falando tudo o que tinha descoberto da cidade.
- Estou aborrecendo você? – ela pergunta de repente.
- De maneira nenhuma, estou feliz demais por ver você tão animada – respondo e beijo sua mão.
- Estou nervosa, quer dizer, feliz e nervosa – ela sorri – Quero aproveitar mas sei também que tenho que pensar no pedido que você me fez.
- Não se sinta pressionada ok? Vamos só nos divertir.
- Eu sei amor, está tudo bem.
Ela se aconchega ao meu lado e passamos o vôo vendo um filme.
...
Depois de só deixar as malas no hotel, saímos pela cidade para explora-la. Cams me deixava guia-la, apresentando lugares que eu gostava e indo em algum ponto que ela queria ver.
- Puxa, estou cansada – Camilla olha no relógio – E já está tarde, nossa a gente aproveitou muito hein?
- Sim, não me lembro a última vez que andei tanto assim – dou risada – O que quer fazer hoje a noite?
- Qualquer coisa que eu não tenha que andar muito – nós rimos.
- Broadway.
- Você está falando sério? – ela abre um largo sorriso.
- Claro.
- Eu te amo – ela se levanta e vem ao meu lado me beijar.
- Eu te amo mais – sorrio e retribuo os beijos.
Temos uma noite agradável e emendamos com um jantar especial, depois seguimos para o hotel onde tomamos um banho de banheira e temos uma noite inesquecível.
Já na manhã seguinte, aproveitamos o café do hotel e logo estamos na rua novamente.
O dia parece voar de tanto que a gente aproveita e quando notamos já anoiteceu.
Camilla quer ir para a balada mesmo eu dizendo que seria uma péssima ideia.
- Não seja chato, a gente não pode só fazer programas de velhos – ela ri – Temos vinte anos mesmo que às vezes não pareça.
- Ok, você me convenceu, eu vou me arrumar – suspiro derrotado.
Ela se anima e se produz toda e mesmo dizendo que ia me arrumar, fico parado só admirando ela.
- Zabdiel, você tem que tomar banho!
- Não consigo, prefiro ficar aqui te olhando.
- Vai, agora – ela joga o travesseiro em mim e eu não tenho alternativa.
...
O lugar era incrível como eu me lembrava e eu peço um drink especial para Cams, mas o que prometia ser uma noite animada, é estragada por Giulia.
- Olá pombinhos, não sabia que vocês estavam pela cidade – ela se aproxima.
- Viemos passear – trago Cams para mais perto de mim.
- Maravilhoso – ela abre um sorriso falso.
- Você está bebendo? Sabe que álcool pode fazer mal para o bebê? – Camilla a interrompe, apontando para seu copo.
- Isso? – Giulia sorri sem jeito – É sem álcool querida, não se preocupe.
- Vamos dançar amor – pego na mão da Cams e saio.
Mas é óbvio que Giulia não ia desistir tão fácil e se aproxima de nós, também dançando.
O tempo passa mas Giulia se mantém por perto e mesmo que Cams a ignore, sei que está incomodada.
- Quer ir embora? – pergunto em seu ouvido.
- Depois – ela vira mais um copo e continua dançando.
- Desculpa atrapalhar, mas eu estou com dor, você poderia me acompanhar até o banheiro Camilla? – Giulia aparece.
- Claro, sem problemas – ela me dá um selinho demorado e sai com Giulia ao seu lado.
Eu volto a encontrar as duas minutos depois, mas não da maneira que eu imaginei.
Camilla
Abro os olhos devagar, me acostumando com a claridade e preciso focar várias vezes até me dar conta que eu estou em um quarto de hospital.
Um gosto ruim me vem na boca e eu vejo um copo de água e viro.
Saio cambaleando e chego até a porta, notando que estou com a roupa do dia anterior.
- Você acordou – a voz de Zabdiel me assusta.
- Oi, o que aconteceu? Por que a gente está em um hospital?
- Você não lembra?
- Não.
- De nada?
- Lembro da gente na balada, bebendo e dançando, lembro da Giulia e de sair com ela mas não sei o porquê – minha cabeça dói – Eu não sabia que tinha bebido tanto assim.
Zabdiel fica em silêncio e só observa minha expressão.
- Aconteceu algo mais grave? Você se machucou ou algo assim? – eu tentava entender.
- Sim, mas não da maneira que você imagina.
- Zabd, eu não estou entendendo nada – me aproximo – O que aconteceu?
- O que essa garota ainda está fazendo aqui? – a voz de Giulia atrás de mim me sobresalta – Já não basta o que você fez? Não está satisfeita e quer vir aqui, esfregar na minha cara?
- O quê? Do que você está falando?
- Vai se fazer de desentendida agora? Era só o que me faltava – ela ri sem humor.
- Zabd...- me viro para ele, mas sua cabeça está abaixada e não consigo ver sua expressão.
- Você pode ir embora? – Giulia pede – Eu não aguento olhar para sua cara mais, você já me fez mal o suficiente por uma vida inteira.
- Do que você está falando? Eu nunca te fiz nada...
- Empurrar alguém da escada é não fazer nada? – seus olhos se enchem de lágrimas – Fazer alguém perder o bebê é não fazer nada?
- O quê? – eu olho dela para o Zabdiel.
- Você fez isso, você me fez perder o meu filho – ela grita no corredor – Eu nunca vou perdoar você e nem o Zabdiel, você é a pior pessoa que eu já conheci na vida!
Felizmente uma amiga aparece e a leva para longe, mas eu não consigo me mexer.
- Zabdiel... isso é... isso é verdade? – me abaixo perto dele.
- Eu fui atrás de vocês duas – ele diz – Porque eu estava com medo. Eu vi a Giulia no final da escada, caída e você sentada no degrau.
Fecho meus olhos e algumas lágrimas escorrem. Eu não tinha nada pra falar ou pra fazer ali, levanto e saio sozinha.
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Crossed Ways
FanfictionAs frases clichês sempre fizeram parte da minha. "O que tiver de ser, será", " O destino se encarrega de tudo" eram mantras na minha vida e eu levava muito a sério. Eu estava com 20 anos, longe de casa quando reencontrei Zabdiel de uma maneira que n...