Reviravolta

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Zabdiel

Passo o vôo entre LA e Nova York pensando em Camilla e na sua expressão quando eu a vi pela última vez. Ela parecia estar sofrendo e eu não conseguia entender o porquê dela estar lançando uma música se não parecia querer isso.

Afasto ela dos pensamentos quando o avião pousa e vou correndo para o hotel antes de ir para o estúdio onde Giulia estava me esperando.

Estava na cidade para gravar o clipe da minha música de estreia junto com Giulia e me sentia nervoso pois as coisas finalmente estavam acontecendo para mim.

- Oi amor – Giulia me cumprimenta – Estava com saudades, como você está?

Ela fazia parecer que éramos um casal e agora eu entendia o ciúmes de Cams – Estou bem e você?

- Ansiosa! Sei que vamos arrasar, mas sinto um frio na barriga mesmo assim.

Assinto e vou cumprimentar a equipe. Pouco tempo depois, me preparo colocando o figurino, os adereços e tudo o que precisava.

Por ser uma música romântica, iríamos fazer um casal e eu estava um pouco nervoso por isso mas Giu fez parecer natural. Relaxo e a gravação acontece sem grandes problemas.

Eu só não sabia que poderia ser tão cansativo, repetir as cenas, me preocupar com ângulos e a iluminação. Mas por fim, depois de todo o dia, o diretor dá por encerrada a gravação.

Respiro aliviado e troco de roupa, vendo Giulia me esperando.

- Pensei que a gente poderia sair um pouco, comemorar – ela diz.

- Não acho uma boa ideia...

- Por favor Zabd, a gente merece vai – ela segura minha mão – Você nem vai ficar tanto tempo na cidade.

- Ok, mas vamos só jantar – ela revira os olhos.

- Um drink não vai matar ninguém ok? Você era mais divertido antes, o que aconteceu? Está com medo do que pode acontecer? – Giu provoca.

- Não – bufo – Um drink, vamos.

Ela me leva para um bar que sempre íamos quando éramos namorados. Era um lugar agradável, que sempre tinha uma banda tocando e drinks diferenciados.

Experimento uma novidade que era mais forte do que eu pensava e me vejo bem solto depois disso.

Giu me puxa para dançar, no lugar da banda, um dj tocava músicas latinas e eu acompanho o ritmo. Minha mão vai parar em sua cintura e ela cola seu corpo no meu.

- Nós combinamos tanto – ela sussurra – Como você se esqueceu disso?

- Eu... não sei – pego outra bebida, para me afastar um pouco dela.

- Não esqueceu, eu tenho certeza disso – ela me encara – E eu vou provar isso.

Giulia me beija e eu sou pego de surpresa. Mas a familiaridade de seu corpo, seus braços me envolvendo, me fazem corresponder e eu gosto da sensação.

Eu passo a conduzir o beijo e a levo para uma parede, me afastando para uma parte sem muita gente. Suas mãos entram debaixo da minha camiseta e eu seguro seu cabelo, nos beijamos até ambos ficarem sem ar.
...

O resto da noite é uma incógnita para mim e eu acordo de manhã na cama do hotel, com Giulia ao meu lado.

Camilla

Estou trabalhando e estudando dobrado para dar conta de tudo, ao mesmo tempo que evito as ligações de Kevin. Ele não podia me intimidar mais, eu já havia feito tudo o que ele queria.

Estava sentindo falta de Zabdiel, mas da última vez que perguntei para o porteiro, ele disse que ele estava viajando. Queria explicar tudo e pedir desculpas, mas ficava difícil sem o ver.

Decido ligar para Sofia, minha melhor amiga e a única que estava sabendo de tudo o que estava acontecendo.

*- Eu estou me sentindo tão mal, não sei o que fazer – suspiro.

- Esse cara não sai do seu pé, você tem que fazer alguma coisa – ela diz – Procurar um advogado que reveja esse contrato e faça alguma coisa para te livrar de vez desse manipulador.

- Você acha que eu devo processar ele?

- Se necessário – ela é direta – O que não pode é você continuar sendo chantageada.

- Você está certa, vou correr atrás disso – sorrio – Como eu queria ter você por perto.

- Mas eu estou sempre aqui. E Cami?

- Sim?

- Não desiste do Zabdiel.*

No dia seguinte, falto na faculdade para ir atrás de um advogado. Fiz uma pesquisa pela internet, mas queria explicar o caso pessoalmente.

- Oi, você é a Camilla, não é? – uma estranha me para na rua.

- Sim, desculpa eu não lembro de você – dou um sorriso nervoso.

- Não nos conhecemos, quer dizer, eu conheço sua música e queria dizer que ela é muito boa – ela abre um largo sorriso – Você tem um grande futuro na música.

- Obrigada.

Saio andando com ainda mais pressa, não era isso que eu queria e eu ia acabar com isso de vez.

Chego no primeiro escritório de advocacia mas não sinto firmeza, porém no segundo eu encontro uma advogada que me acalma e me explica tudo o que podemos fazer.

Me sinto aliviada e passo horas agilizando o processo.

Quando volto para casa estou exausta, mas feliz. Com um toque de coragem, vou até o apartamento de Zabdiel e bato na porta.

Sem resposta. Dou de ombros e me viro para ir embora.

- Cams? O que faz aqui? – Zabdiel aparece.

- Eu precisava falar com você – respondo – Tem um tempinho?

- Claro, eu...- ele é interrompido por seu celular – É da gravadora, preciso atender mas me espera.

Assinto e ele se vira, eu me encosto em sua porta e espero.

- Preciso ir lá na gravadora – ele diz – Parece que tem um problema com meu vídeo.

- Que tipo de problema?

- Não sei, Kevin está enlouquecido lá... alguma coisa no não está saindo como ele quer.

- Posso até imaginar o que seja – ele me olha sem entender – Ei, posso ir com você? Preciso mesmo falar com ele.

- Vamos – descemos em silêncio e seguimos assim até a gravadora.

Kevin se espanta quando me vê, mas parece feliz. Ele ainda não sabia de nada e eu permaneço em silêncio.

- Se tivesse respondido minhas ligações saberia que preciso de você para uma festa de lançamento do seu clipe – ele explica – Ou o Zabd...

- Não tem nada no contrato que me obrigue a isso. Eu reli – ele fica surpreso – Suas ameaças não vão fazer efeito dessa vez.

- Você tem certeza que é esse caminho que você vai seguir? – ele provoca.

- Tenho – sorrio. Kevin revira os olhos, ainda com sua confiança intacta.

- Vão ter consequências – ele avisa.

- Você não tem ideia de quais.

O deixo sozinho e me junto a equipe de Zabdiel, que também não entende porque eu estava tão feliz.

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