Capítulo 3 (Revisado)

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ALEXIS


(Uma semana depois | Detroit, Michigan)

Uma semana simplesmente analisando arquivos, e ouvindo instruções, como se estivesse em período de testes. Uma cadela sendo adestrada teria sido mais bem útil. E isso acabava me deixando de mãos atadas perante a minha missão. Mas não era só comigo, para Nicholas as coisas também não ficaram muito diferentes, e até então, ele continua agindo de forma natural, sequer demonstrou desprezo, raiva ou curiosidade sobre mim, me tratava como os outros.

Ele não se aproximava de ninguém.

Eu tentei aos poucos, e o único realmente já solicito a mim, era o agente Drake West. Mas suas intenções eram claras: me levar pra cama.

Sinto muito por ele. Nunca fiz sexo por prazer, sempre foi por necessidade, por alguns trabalhos que iam além de matar. Se preciso fosse, era feito. Apenas isso. E Drake West não era o tipo de homem e personalidade que me atraia.

Eu nunca me envolvi em casos amorosos, eles simplesmente não são pra mim.

- Temos uma ocorrência, agora! - Ouvi a voz alarmada da agente Olivia Collins que surgiu pela porta.

Todos se viraram para ela.
Charlie Edwards que carregava arquivos empilhados em seu braço, quase os deixou cair.
Já Nicholas, que se servia de café, continuou o que fazia, calmo.

A mulher prosseguiu, tendo a devida atenção.

- Um caso. Ao oeste da cidade, violação de menor, seguido de morte. Aparentemente cometida pelo próprio namorado, que foi detido na delegacia em West Side. As autoridades policiais já estão no local. - Nos informou.

- Dr. Edwards, agentes Ivanov e Mills, vão para o local do crime. Agentes West e Collins, virão comigo para a delegacia. - Dr. Irvine nos solicitou, já que Dra. Turner, não estava na unidade.

E essa era a primeira vez que eu era mandada a serviço. Eu não devia me animar por isso, mas acabou acontecendo.

Já a caminho da cena do crime dentro de um sedã escuro, tendo Nicholas no volante e Charlie no carona, tentei me manter neutra no banco de trás, usando o colete azul típico do FBI, armada e pronta para o primeiro caso.

Não houve nenhuma conversa no percurso.

Charlie Edwards era tímido demais.

Nicholas não se misturava.

E eu queria distância de Nicholas, e Edwards parecia querer de mim, sem motivo aparente.

Um círculo vicioso.

Mas focando no caso, no que iria fazer, já vi muita coisa na vida, fiz muita coisa, mas isso estava me deixando ansiosa. Acho que esse trabalho me instigava. Talvez se meus caminhos tivessem sido outros, essa poderia ter sido uma opção.

Quando paramos em frente a uma casa em um bairro simples, avistamos duas viaturas na porta, uma ambulância do IML, e obviamente uma turma de curiosos querendo ver uma parte do show.

Saímos do carro, e autoridades policiais vieram até nós.

- Dr. Edwards, FBI. - Disse Charlie, mostrando seu distintivo. - Esses são os agentes Ivanov e Mills. - Nos apresentou, respectivamente, mas nem Nicholas e eu movemos um músculo sequer para cumprimentar o policial, que também não fez questão.

- O que aconteceu? - Me prontifiquei, enquanto íamos a passos largos para dentro da casa.

- Amanda Giller, quinze anos. Estuprada e morta por traumatismo craniano e esganadura dentro da própria casa. Até então, há uma grande variação nas impressões digitais. Foram relatados problemas com o namorado, segundo o padrasto, Thomas Hunt era possessivo. Há uma mistura de medicamentos entorpecentes no organismo da garota e Thomas Hunt tem passagem pela polícia por tráfico de drogas. - Disse nos guiando entre os cômodos. - A garota costumava ficar sozinha durante a tarde, enquanto a mãe e o padrasto trabalham.

DicotomiaOnde histórias criam vida. Descubra agora