Capítulo 26

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♠ PONTO DE VISTA / CHARLIE EDWARDS

Dois dias depois

— Nos vamos mesmo no parque hoje? — Ivy voltou a perguntar, pela milionésima vez, nesta sexta.

— Vamos. — Confirmei.

— A Elena vai também, né?

— Ela me disse que sim. — Respondi, dado ao que Elena me disse.

Para ser sincero, eu estava mais ansioso que Ivy. E não era para ir ao parque. Acho que Elena me intrigava de uma forma, que tudo o que eu queria fazer era saber o que ela sentia. Não importa quanto tempo passassemos juntos, ou a incrível noite que estivemos juntos, sempre faltava mais, como se algo dentro de mim, precisasse a desvendar, a entender.

Eu a sinto mudar, de doce pra amargo, estando inquieta e confusa, como se estivesse em conflito interno, como se escondesse alguma coisa, que me faz sentir que tem algo muito errado. E isso me incomoda, e eu tenho que me policiar para não atrapalhar tudo, afinal eu passei tanto tempo desconfiando e fazendo análises, que o meu pouco tato na parte sentimental, era quase nulo. E eu tinha medo de confundir as coisas. Eu tento esquecer disso, principalmente quando estou com ela, e a quero tocar, beijar, ter por perto. No final das contas, eu me preservei muito, por muito tempo, depois de me desiludir tantas vezes, e por isso, talvez o problema esteja comigo, e verdade seja dita, eu estava de novo, envolvido demais.

E bem, Ivy gosta dela.

Esta ao retirar o cinto, se ergueu para me dar um beijo estalado na bochecha, e abriu a porta do carro, satisfeita com minha resposta.

— Tchau papai, toma muitíssimo cuidado, eu te amo! — Ouvi Ivy soltar ao sair do carro, e eu me sentia satisfeito por isso, por esse carinho vindo dela, minha menina que estava ansiosa para ir até suas amiguinhas, que a esperavam do lado de fora da escola.

— Tchau Ivy, se comporte, sim? Eu também te amo. — Falei sorrindo, ela acenou com a cabeça e fechou a porta do carro, a segui com olhos enquanto ela corria até as garotas, sai dali apenas quando a vi adentrar o colégio.

Eu tinha um longo dia na unidade. Com Drake afastado, Olivia, Elena e eu ficamos sobrecarregados. Dra. Turner estava sendo transferida, e não sei como fica a situação de Nicholas, mesmo sabendo que hoje ele tem uma reunião com Dr. Irvine.

E para ser sincero, ao conversar com ele, estou de acordo, que Nicholas seja transferido. Em parâmetros gerais, o psiquiatra que eu sou, dúvida muito que ele seja mentalmente estável, tendo em vista suas ações.

Eu tenho pra mim, como principal valor, médico, como um federal e humano, ser uma pessoa boa, justa e paciente. Como aprendi desde muito cedo. Mas Nicholas... Nem mesmo se eu fosse um monge budista.

Quando cheguei, estacionei o carro perto do edifício, e me guiei para dentro, pela frente, avistei Olivia andando em minha direção, a passos rápidos. Parecia nervosa.

Ao chegar ao meu lado, soltou em um sussurro, tensa. — Vem comigo, agora. — Assenti, sem entender. Me preocupando de imediato.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei tocando seu ombro.

— Só vem comigo. — Voltou a repetir, séria, enquanto entravamos no elevador.

— Por favor, Olivia, me explica. O que aconteceu? — Voltei a pedir.

Ela suspirou, enfim começando a falar.

— Eu estava na delegacia, quando passava pela recepção, ouvi uma mulher narrando uma história para um policial. Ela esta aqui. — Disse afoita.

DicotomiaOnde histórias criam vida. Descubra agora