Capítulo 9 (Revisado)

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ALEXIS

Nicholas e eu saímos da mansão, pelos fundos, caminhando rapidamente pelo caminho de pedras. Os outros esperariam alguns minutos até que nós fôssemos para saírem com o carro adaptado, como se fossem Alexander. E Jeremy ficaria ali, como testemunha de que o patrão saiu sozinho durante a madrugada.

Olhei para a casa dos fundos, da governanta e tudo continuava apagado.

- Velhos têm o sono pesado. - Nicholas disse como se soubesse o que eu pensei. Assenti, ainda desconfiada.

Saímos pelo portão, fazendo o mesmo trajeto, ambos de cabeça baixa, passando longe dos postes.

- Aquela garota... Carola... Não é muito jovem pra esse trabalho? - Perguntei baixo, tentando tirar alguma coisa dele.

- É. Mas está em período de testes, sendo exposta a diversas situações, você deve saber como é. - Disse. Eu sabia, estava em período de preparação.

- Sei. Mas ela não parece uma garota inexperiente tirada da rua ou qualquer outra coisa - Comentei, lembrando de como foi comigo.

- Não é. Foi criada na Hiusen, seu pai e sua mãe são membros. - Riu - Tentaram me convencer a me casar com ela há alguns meses atrás.

Falava-se sobre isso, mas eu nunca tinha prestado atenção nos boatos. Que a Hiusen impunha que seus membros se casassem e tivessem filhos, para que nunca saíssem de suas mãos.

- E por que não aceitou? Ela parece ter interesse em você... - Soltei tentando soar com humor, e o vi franzir o cenho, mesmo no escuro.

- Ah, por favor, você pode me imaginar casado? - Perguntou relaxado, mas tinha um certo tom de ultraje ali, eu ri ao tentar imaginar. - O interesse que ela tem em mim só a deixa mais entediante. Eu normalmente gosto de desafios. - Murmurou, me olhando pelos cantos dos olhos, enquanto nos aproximávamos da moto.

Então eu era vista como desafio?

Ele se abaixou e pegou os dois capacetes no chão.

- Pra onde você vai? - Perguntou, me estendendo um deles. E sorriu sacana, com segundas intenções.

- Pra casa. - Salientei. - Fica em...

- Eu sei onde fica. - Me cortou, montando na moto, e colocou o capacete, a ligando em seguida.

Era óbvio que ele sabia.

Coloquei o capacete que estava comigo, e montei, e poucos minutos depois, já estávamos longe dali.

(...)

Acordei ouvindo o som da campainha, rolei na cama, e busquei meu celular entre os lençóis. Era dez da manhã de um domingo. Eu merecia acordar muito mais tarde depois da madrugada animada que tive.

Levantei e me embrulhei no robe da minha camisola, passei as mãos pelos cabelos, os ajeitando, e abri minha gaveta, pegando meu tablet, checando pelo app, as imagens da câmera que havia no corredor do prédio, para saber quem era: um entregador, com um buquê de flores em mãos.

Peguei um frasco pequeno de veneno, um dos muitos que eu tinha, e abri uma seringa, a enchendo, a coloquei atrás do corpo e caminhei em silêncio até a sala, ouvindo a campainha tocar novamente. Poderia não ser uma simples entrega.

Abri a porta, e o entregador me olhou, parecia tímido.

- É a senhorita Elena Mills? - Perguntou e eu assenti. Então, não era pra Alexis?

- É pra senhorita. - Disse me estendendo o buquê de tulipas vermelhas, e eu o peguei com a mão livre. - A senhorita tem que assinar aqui. - Disse me mostrando uma prancheta com uma caneta pendurada por um barbante.

DicotomiaOnde histórias criam vida. Descubra agora