Capítulo 16

3K 353 137
                                    

A NARRATIVA VOLTA AO ORIGINAL/ ALEXIS

Foquei meus olhos no inquérito, tentando entender o caso que estava a minha frente, mas minha mente estava longe.

Era por volta das onze da noite, eu tinha alguns casos que o Ministério Público nos enviou para analisar, obviamente, os de âmbito federal.

Mordi o lábio inferior, olhando pra essa mesa, tão grande, eu poderia estar fazendo coisas bem mais interessantes do que analisar inquéritos. Minha mente trouxe a tona, a noite passada, os toques quentes, os beijos... Cruzei as pernas, e apertei as mãos em punho, cravando as unhas na carne. Olhei pelo vidro, para ver se Edwards já estava vindo, e como não, peguei meu celular, e procurei o nome conhecido.

Coloquei pra chamar, afinal, eu também queria saber sobre essa história do "Ceifador de Almas", traficar pessoas.

Eu não me importava com homens fedidos e tarados tendo seus órgãos arrancados. Mas poderiam ter mulheres e crianças nessa história, pessoas que não tinham culpa, pessoas sem sorte, garotas sozinhas na rua sendo apanhadas para servirem como mercadoria. Assim, como poderia ter acontecido, comigo.

O celular dele chamou, algumas vezes, e enfim foi atendido.

— Alexis que prazer... — Ouvi uma voz feminina, o sotaque italiano conhecido de Carola.

— Oi. — Soltei ríspida.

— Quer falar com Nicholas? Olha... Ele está dormindo, aqui do meu lado, eu o cansei bastante, sabe como é, não é? — Perguntou ardilosa, me fazendo apertar a folha do inquérito entre os dedos, sentindo uma coisa estranha na boca do estômago.

— Realmente... Você o animou bem. — Soltei, soando indiferente. — Depois falo com ele, o coitadinho deveria estar bem entediado pra ter dormido. Boa noite, querida. — E desliguei.

Olhei para a página do inquérito amassada a minha frente, e passei as mãos sobre ela em um ato nervoso, para deixa-la uniforme.

Respirei fundo.

Não tinha haver com Nicholas, tentei me convencer, era só Carola que me tirava do sério.

Fiquei de pé, maquinando algo, intempestiva, saí da sala e caminhei a passos rápidos até o elevador, o adentrei e logo desci no terceiro andar onde se localizava a cozinha.

Cheguei no batente da porta, vendo Edwards olhando a cidade da janela, enquanto a cafeteira fazia seu serviço.

— Charlie? — Chamei sua atenção para mim. Ele se virou.

Caminhei até ele. Decidida. Cansei de toda essa enrolação, eu precisava ser rápida e objetiva.

Mas claro, Elena Mills tinha que ser comedida. Mas ela estava apaixonada e não aguentava mais esconder.

Atue, Alexis.

— Eu... Na verdade, quero te chamar pra sair... — Murmurei, me aproximando dele. Vi a surpresa passar pelo seu rosto, pela minha coragem repentina, mas ele sorriu em seguida.

— Me chamar pra sair? — Perguntou, sondando o terreno, dando um passo a frente, estando então, rente a mim.

Bem rente, fazendo um clima de flerte se instalar.

— É que temos folga sábado a noite... — Deixei no ar.

— Temos. — Concordou.

Agora, Alexis.

— É... E podemos usar pra nos conhecer melhor... — Fiz uma pausa, e coloquei as mãos nos ombros dele, sentindo seu olhar baixo, sobre mim. E seu nariz roçou o meu, ofeguei baixo — Gosto de v...— E antes que terminasse, sua boca cobriu a minha. O senti segurar as laterais do meu rosto, com as duas mãos, enquanto aprofundavamos o beijo. Agarrei sua camisa, e quando estava pronta para arranhar e cravar minhas unhas na carne, me policiei de imediado e passei aos mãos em volta de seu pescoço, mantendo minhas unhas longe, movendo meu corpo em direção a ele, nos encostando na bancada da cozinha, o senti fazer carinho em meu pescoço com o polegar, enquanto o beijo intenso se estendia, e a outra mão se guiar para minhas costas, em um abraço firme. Sem aviso prévio, ele separou nossos lábios devagar, e me deu um selinho.

DicotomiaOnde histórias criam vida. Descubra agora