♦PONTO DE VISTA \ NICHOLAS
— Quem é Otto? — Ouvi a voz irritante de Carola, me perguntar.
Respirei fundo, a olhando de esguelha, fazia-se quase quinze anos que Otto sumiu, eu tinha dezoito anos quando ocorreu, Carola tendo agora seus vinte, era apenas uma criança na época, e como esse era um assunto proibido, ela não sabia de nada. E se dependesse de mim, ninguém mais falaria disso.
— Não é da sua conta. — Soltei sem a mínima paciência e saí do carro, vendo ela fazer menção de fazer o mesmo. — Fique aí. — Mandei, e ela bufou contrariada e se encostou contra a poltrona.
— Vai demorar? — Perguntou, e eu fechei a porta do carro sem responde-la.
Carola tinha a missão de me ajudar na noite de hoje. Ela queria missões perigosas, mas teria que ficar de vigia.
Eu queria que ela desaparecesse. Pois bem, ninguém tem o que quer.
Caminhei até o galpão, notando sobre o telhado, a espreita, um atirador, dei a volta para entrar pelos fundos, havia um homem na porta, antes que eu me aproximasse, ele a abriu para que eu passasse. E o fiz.
Ouvi a porta ser fechada atrás de mim, e avistei Paul e seus homens ali, em volta de uma pequena mesa, como a de qualquer bar podre pelas vielas da cidade.
— Ivanov, quanto tempo! — O homem raquítico e tatuado me saldou, me estendendo a mão. A encarei, suja e esquelética, e ergui o olhar. Não, eu não iria apertar.
Ele a recolheu, abrindo um sorriso de prata, dentes de prata, pois as drogas possivelmente levaram os verdadeiros.
— Vamos direto ao ponto. — Fui objetivo.
— O dinheiro primeiro. — Disse, sorrindo e passando a língua sobre a boca rachada, tão podre e asqueroso como qualquer rato de esgoto.
Retirei de dentro do casaco, o pacote.
E um dos homens ali, tirou de trás de si um envelope em papel cartão.
Deixei sobre a mesa o dinheiro, com as mãos sobre ele. E o homem colocou o envelope ali.
— Me deixe ver. — Trouxe o envelope para mim, sem ser impedido. Puxei dali uma folha, ela continha uma foto de Otto, em um presídio, usando a típica roupa laranja, segurando uma placa. Com um nome falso, Joseph Smith. E um número de identificação.
Voltei o papel impresso para dentro do envelope.
— Certo. — Murmurei, e empurrei para eles o pacote de dinheiro.
— Fechado. — O verme confirmou, checando o pacote de dinheiro, havia exatamente a quantia pedida ali. E ele tinha consciência disso, eu era um bom pagador, todos sabiam. E da mesma forma, não tolerava o contrário.
Saí daquele lugar sentindo olhares em minhas costas, estando altamente alerta, preparado para sacar a arma se preciso fosse, mesmo estando seguro que não. Ouvindo sobre minha cabeça, barulho de fios elétricos, olhei para cima vendo os fios dos postes de luz que iluminavam o lugar, engolindo em seco e sentindo minha pele se arrepiar.
Eu odiava esse barulho, imagens bombardearam minha mente, um garoto de oito anos, nú, e aos berros, levando choques do próprio pai, pisquei seguidas vezes, e respirei fundo recobrando o controle.
Como soldados que voltavam transtonardos de suas guerras, os torturados conviviam dia após dia, com o inferno em suas mentes.
Como Alexis, ela nunca esquecerá o que passou com o padrasto. E neste caso, não era só a violação sexual, a moral, a psicológica, era a verdadeira merda. E de violação psicologica, eu entendia.
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Dicotomia
Mystère / ThrillerAlexis Osboury é agente de uma organização de assassinos de aluguel, e agora, tem uma nova missão, diferente de tudo o que já fez: Se infiltrar no FBI para destruir arquivos confidenciais. Ela estava confiante, até que um certo agente do FBI entra e...