Capítulo 33

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Alexis &_Nicholas| Criminal - Britney Spears

Ele é um cara mau com um coração podre (...)
Ele é um vilão pelas leis do diabo
Ele é um assassino só por diversão
Ele é um dedo-duro, imprevisível
Ele não tem consciência, ele não tem nada(...)
E esse tipo de amor não é racional, é físico (...)
Então eu acho que está tudo bem
Ele está comigo(...)
Pondo a razão de lado, não posso negar, eu amo aquele cara (...)

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Meus passos eram tortuosos, as escadas pareciam não ter fim, eu não conseguia pensar em muita coisa enquanto todo aquele medo, cru, estava fazendo meu coração martelar contra meu peito.

Passei rapidamente pelo corpo em uma poça se sangue (vivo ou morto) de Olivia Collins, não me limitei a perder tempo, esforçando minhas pernas o máximo que elas podiam para avançar, quando cheguei ao térreo senti uma pontada forte no ventre, ignorei a dor, e segui, avistando então, o corpo de Nicholas caído a alguns metros, do lado de fora, o prédio, só tinha três andares, mas as  colunas eram muito altas.

Corri em sua direção, tão absorta que acabei tropeçando em algo que não tem importância, caindo no chão, perto de todos aqueles cacos de vidro.

E eu finalmente o vi.

Arrastei meu corpo pelos cacos, que me feriam superficialmente, sem forças pra me erguer, até ele. Lágrimas cheias vertiam de meus olhos sem permissão embassando minha visão.

Ele estava de bruços, desacordado, no meio de todo o vidro, manchado de sangue, boa parte vertia de sua cabeça. O rosto virado na minha direção.

— Nic-cholas... — Soltei, engasgada, horrorizada, limpando os vestígios de lágrimas dos meus olhos enquanto novas se formavam, eu senti um desespero tão latente, que me impedia de respirar. Eu não sabia o que fazer.

Notei os agentes se aproximando de nós, Dra. Turner e Dr. Irvine correram para dentro, junto a outros, mas estes pararam, assistindo a um espetáculo macabro.

Ele odiaria terminar assim.

Todo aquele vidro, enterrado em seu rosto, cravados na pele. De uma forma assustadora, que deformava sua face a tranformando em carne, estilhaços e sangue.

Junto a sua cabeça contra o solo, chocada.

Peguei seu braço instantaneamente para checar seu pulso, temendo o pior, mas alimentando um fio ridículo de esperança. Nada mais me importava.

E então senti, pulsação. Mesmo que fraca. Ele ainda estava aqui.

Vivo.

Ainda estava vivo.

Suspirei em meu breve alívio, entre meu choro desenfreado e meu empenho em manter nossas mãos juntas, mesmo que machucadas pelo vidro. Deixei mais lágrimas caírem, eu não queria me despedir, não podia. — Ei Nicholas... — Sussurrei — Fica comigo, por favor, Nicholas... Ninguém no inferno quer você por lá... Droga, eu amo tanto você, seu bastardo maldito, e eu só tenho você agora, não me deixa aqui sozinha...  — Proferi, aos soluços, completamente destruída, tomada pelo momento, sem me importar com espectadores, mesmo sabendo que ele não me ouvia. Ele precisava urgentemente de atendimento, era primordial, mesmo que nossas vidas estivessem fadadas a coisas terríveis, daqui em diante.

Logo os agentes se aproximavam de Nicholas, eu podia os ouvir chamar uma ambulância.

Ele vai sobreviver, nos vamos.

Menti de novo, pra mim mesma.

Senti meu corpo ser agarrado por trás, alguém me imobilizando por eu estar deitada, nada fiz, eu não tinha mais forças pra lutar, e nem tentei, tudo em mim dóia como o queimaduras do fogo do inferno. Eu parecia catatônica, tomada pelos meus fantasmas, ao ver o caos, que eu causei.

Eu sou um monstro.

O homem que eu amava estava morrendo, bem na minha frente, e eu sequer admiti pra ele, que estava apaixonada.

Senti meu corpo ser erguido de forma brusca, então gritei de dor por conta de uma fisgada no ventre, porém vislumbrei Edwards saindo do prédio colado a maca com Olivia, junto aos médicos, sendo amparado pelos agentes, devido ao tiro que levou na coxa, e Ivy no colo de Dra. Turner. Por ela, ele ficaria vivo. Apenas pela Ivy.

Mas tudo foi ficando opaco... Senti todas as minhas forças se esvairem, era latente, não tive tempo pra pensar, tudo foi girando a minha frente, eu não sentia mais nada, meu corpo não aguentou, e eu então fui, acolhida pela escuridão.

Despertei lentamente, minha cabeça deu uma fisgada, enquanto a luz atingia meus olhos, pisquei algumas vezes, aturdida, notei que estava em uma enfermaria de um hospital medíocre qualquer.

Não importava.

As lembranças das últimas horas horas me atingiram, não consegui sequer me desesperar. Ou gritar. Eu só desejei, profundamente que ele estivesse vivo, pois eu não saberia lidar com a dor, o imaginar, já me era insuportável.

Olhei a minha volta, estavam ali, três agentes federais.

Um deles caminhou em minha direção, permaneci como estava.

— Alexis Osboury, sou agente Peters, assim que os médicos a liberarem, será levada para a interrogação. — Nada falei. — Devido ao ocorrido, deve saber que não perdeu a criança, de três semanas, mas sua gravidez se tornou de alto risco, aguardará julgamento em uma enfermaria penitenciária.

Criança.

Três semanas.

Droga.

Engoli em seco, eu estava grávida... Eu sequer saberia ser mãe, essa criança nasceria em uma cadeia. Eu não queria pra ela, um destino como o meu. Nas ruas, sozinha. Sem um pai.

Mas ao mesmo tempo, era uma vida. Era algo meu e de Nicholas.

— Nicholas... — Sussurrei, com os olhos marejados e um aperto doentio no peito, tudo voltando a tona, como se eu tivesse levado um choque que me trazia de volta pra realidade,  fitei o agente, em uma súplica silenciosa, pra que ele me dissesse qualquer coisa. Eu precisava saber. — Ele... Ele se feriu muito? — Saiu dos meus lábios, da forma mais amedrontada e idiota do mundo. Eu parecia ter cinco anos de idade de novo, e ter medo de monstros que te arrastam pro inferno.

Notei o agente, em uma condescendência grande, comigo, sabendo ele quem eu era...

Respirou fundo.

— Inúmeras contusões e um traumatismo craniano, os médicos alegaram, inúmeras paradas cardiorrespiratórias, antes mesmo de chegarem ao hospital. Tentaram de tudo... — Fez uma pausa, longa demais, uma vida inteira. — Sinto muito. O corpo será levado pra família, em New York.

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pois bem, insonia tive, publicado está ❤

sinto muito pelos envolvidos

DicotomiaOnde histórias criam vida. Descubra agora