Para ser sincera, havia uma pequena, mínima, definitivamente minúscula parte de mim, que estava feliz em ver minha irmã, depois de anos sem ve-la. Mas, a racional, estava terrivelmente frustrada, por isso, definitivamente não fazer parte dos meus planos.
Talvez meu sexto sentido, tivesse me avisado dessa visita, porque eu havia limpado meu apartamento no dia em questão.
E eu não tinha tido muito tempo, tive que driblar Dr. Irvine, Charlie e a polícia. Os bombeiros conseguiram, depois de um tempo, conter as chamas, e retiraram o que sobrou do corpo carbonizado do louco para a perícia, gastando mais do meu tempo. E fui obrigada a passar em meu apartamento, para um banho rápido, me arrumar, e ir até o aeroporto.
Quando coloquei meus pés no mesmo, já ao anoitecer, uma certa ansiedade me invadiu. Fazia muito tempo. Eu a vi, pela última vez, quando ela ainda estava no abrigo, e eu indo pra New York com Brauner.
Muito tempo.
Passei dentre as pessoas apressadas, com suas malas e carrinhos, pra lá e pra cá.
Avistei então, um letreiro luminoso, na área comercial, em amarelo, "Coppet" em um logo horrível. Era uma lanchonete, cibercafé.
Respirei fundo, não seria tão ruim. Logo Alison voltaria pro Alabama, e seria até mesmo proveitoso, para me despedir dela.
Adentrei a lanchonete, e avistei uma jovem, em seus dezenove anos, o cabelo liso cortado em um chanel, o rosto com traços que lembravam a mim, e a nossa progenitora. Ela usava vans, moletom canguru rosa e jeans skinny, e estava com os olhos grudados no celular. Parecia bastante entediada, eu a deixei esperando umas duas horas. Pisquei, com minha garganta se fechando. Quando a vi era uma menina, e agora...
Parece que eu adormeci e acordei em um universo paralelo.
Caminhei na direção dela, seus olhos se ergueram, ela me fitou, e ficou de pé, me olhando como se estivesse vendo uma miragem. Ela se levantou e caminhou na minha direção, e logo senti seus braços me envolverem em um abraço. A abracei de volta, ela era uns oito centímetros menor que eu, e a ouvi chorar contra meu ombro.
— Lexi, que saudade. — Murmurou com a voz entre-cortada com o choro, me abraçando mais forte. Fechei meus olhos, tentando acabar com a ardência neles que estavam cheios d'agua. Droga, odeio me emocionar, e cá estava eu.
Ela se afastou, e me olhou de cima abaixo. Os olhos marejados.
— Você está tão diferente. — Riu dentre o choro. — Nem parece a Alexis magricela do Alabama. Tão linda que parece mentira. — Sorriu. E eu sorri de volta.
— Você me deu um susto quando te vi, não é mais uma pirralha chata. — Fiz uma pausa — É só chata mesmo. — Conclui, implicante, sorrindo também. E ela revirou os olhos. Como eu faço.
Sim, inferno, eu estava com saudade. Era a única família que me restou.
— Eu achei que você ficaria uma fera por eu vir sem avisar. E tambem achei que me deixaria aqui, você demorou muito pra chegar. Veio montada numa mula? — Perguntou. E não, Nicholas não me ofereceu carona.
— Estou uma fera. — Soltei, franca. — Você não pode fazer essas coisas. Eu estava no trabalho, não posso sair na hora que quiser. — Ralhei.
— Você não vai me ver! Eu deixei minhas coisas da feira nas mãos de uma amiga, prometendo arrumar um garoto da minha turma pra ela, pra conseguir vir. — Contou, enquanto pegava sua mala de correr perto da mesa onde estava.
— Vai ficar quantos dias? — Perguntei, o principal.
— Só dois. Tenho que voltar pro último dia da feira. — Disse. — Mas eu estou tão feliz em te ver, sério! — Concluiu, animada, enquanto saíamos dali.
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Dicotomia
Mystery / ThrillerAlexis Osboury é agente de uma organização de assassinos de aluguel, e agora, tem uma nova missão, diferente de tudo o que já fez: Se infiltrar no FBI para destruir arquivos confidenciais. Ela estava confiante, até que um certo agente do FBI entra e...