Capítulo 25

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Durante o anoitecer, depois de Dr. Irvine, ter enchido o dia todo, a Charlie, Olivia e a mim de trabalho administrativo, enfim podemos ir embora da unidade.

Charlie e eu saímos juntos do prédio.

— Eu te ofereceria uma carona... Mas o meu carro está na revisão. - Sorriu envergonhado. — Podemos dividir um uber. — Propôs.

Sorri amarelo, eu pretendia ir pra casa do Nicholas, e isso acabaria me atrapalhando.

— É, pode ser. — Soltei, tentando não demonstrar estar contrariada.

Charlie olhava a nossa volta, com as mãos no bolso, e me fitou, parecendo pensar em algo. Ter uma idéia.

— O que está pensando, Edwards? — Eu quis saber.

— Aceita caminhar até os jardins? Existem pontos de táxi por lá. — Comentou, dando uma idéia de um pequeno passeio, era uma oportunidade, chegar mais perto, eu não podia recusar.

— Eu aceito. — Sorri, satisfeita por estar usando botas sem salto.

Fomos os dois caminhando pela rua, lado a lado, em silêncio, nossas mãos se tocando de tempos em tempos, até que eu o senti entrelaçar nossos dedos, não o olhei, apenas apertei nossos dedos. Tentei me manter neutra, mas para mim, era um tanto sentimentalmente íntimo demais, esse tipo de coisa. Estranho na verdade.

Parecíamos apenas um maldito casal comum nas ruas de Detroit.

Charlie, então logo perguntou algo sobre o trabalho, iniciando um assunto trivial, onde falamos amenidades, inclusive sobre o afastamento que West acabou levando pelas agressões a Nicholas, até que Dr. Irvine resolva toda essa situação. Com sorte, logo esse idiota estaria no olho da rua.

Quando chegamos ao jardim, que na verdade, era uma pracinha, avistei mais pessoas do que esperei ver devido o clima, não fazia mais que 13° graus. Minha roupa era quente, mas o vento frio batendo sobre mim fazia meu cabelo voar e se encher de frizz.

O anoitecer deixava o lugar bonito, as luzes dos postes perto das árvores dava um clima Europeu ao ambiente, mesmo com as crianças e vendedores espalhados pelo local.

Começamos a caminhar por ali, e estremeci ao sentir uma rajada de vento frio vir sobre nós, Charlie ao perceber, retirou sua mão da minha e me abraçou pelos ombros. E eu definitivamente não reclamaria disso.

— Muito frio? — Perguntou simples, com um sorriso, olhando em meus olhos. A ponta do seu nariz estava vermelha, e isso me fez querer rir. Edwards era tão... Ele.

— É. — Concordei. — Creio que irá nevar em breve. — Murmurei pensando que com a virada de tempo, e o inverno próximo, logo a cidade estaria tomada pelo branco.  E minhas botas maravilhosas sairiam do armário.

— Ivy vai adorar. — Comentou, olhando a nossa volta. Mudou de assunto. — Podemos aproveitar o frio, e tomar um chocolate ou café... — Deixou no ar, olhando ao longe para uma pequena cafeteria que ficava perto da praça.

— Eu acho uma ótima idéia. — Soltei enquanto iamos caminhando, abraçados, a passos lentos.

— Eles tem um cappuccino com canela incrível. — Disse, e eu fiz uma expressão de nojo, instantâneamente.

— Canela é horrível, não entendo como alguém pode gostar. — Falei, algo, totalmente real.

— Eu adoro. Pra mim tem gosto de infância. Minha mãe costumava colocar no mingau de aveia. — Disse ele, e eu fiz uma careta. — Era um ótimo mingau. Ivy adora.

— Você dá isso pra menina comer, Edwards? — Perguntei indignada, e ele riu, com vontade.

— Meu Deus, Elena. É só canela!

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