Capítulo 23

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         |Konohagakure, O7:O5 AM]

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         |Konohagakure, O7:O5 AM]

           "Bom dia, não se preocupe, precisei sair cedo para uma missão, estarei de volta antes que você comece a sentir a minha falta, te amo!

          Kakashi xx."

    ── Tarde demais, Hatake! Já estou sentindo a sua falta. ─ murmurei para mim mesma, após reler o bilhete deixado pelo platinado umas cinquenta vezes. Respirei fundo e deixei o pequeno pedaço de papel sobre o criado mudo e me levantei, logo sentindo uma enorme tontura se apoderar de mim e corri para o banheiro, me inclinando no vaso e colocando tudo o que não tinha no meu estômago para fora.

   Eu odiava aquilo.

    Fiz as minhas higienes e tomei um banho demorado. Deixei o cômodo vestindo apenas peças íntimas e parei na frente do espelho, encarando o meu corpo e notando as mudanças no mesmo, minha barriga estava começando a aparecer, o médico disse que eu estava grávida de doze semanas, três meses. Eu me senti incrivelmente mal, me sentia pressionada e aquilo não me agradava, eu queria gritar tudo o que estava preso dentro de mim, mas eu não queria machucar as pessoas a minha volta. Eu me sentia enojada por mim mesma, não conseguia mais me olhar no espelho, as lembranças dos piores momentos da minha vida se passavam por minha mente, automaticamente me fazendo querer desabar, senti meu corpo se chocar contra o colchão da cama e uma crise de choro tomar conta de mim, meu desespero era evidente, eu malmente conseguia respirar, aquilo foi tão repentino. Minha visão estava turva, eu tentava me lembrar de como era respirar, mas eu não conseguia, meu peito queimava e o choro era alto e incessante, era como se eu estivesse morrendo. Eu estava? Eu quis gritar por socorro, mas as palavras não eram formuladas, apenas choro. Meu corpo não obedecia aos meus comandos, minha cabeça estava girando e eu me sentia frágil e vulnerável, estava apavorada e queria que Kakashi estivesse ali, mas ele não estava e com o tempo eu fui me dando conta de que não o queria ali.

          A porta fora aberta abruptamente e eu pensei ser o platinado, mas eu estava errada. Iruka se colocou em minha frente e eu pude ver sua expressão exasperada e preocupada, não entendia o que ele estava fazendo ali e como soube, eu estava chorando tão alto assim? Tinha certeza que sim. Ele não falou absolutamente nada, senti seus braços envolverem o meu corpo e meus olhos foram se fechando e meu choro cessando aos poucos, ele sussurrava palavras de conforto e dizia que estava tudo bem, enquanto acariciava os meus cabelos, ele me apertava com força e eu já não me sentia tão mal, estava sentindo aquela sensação ruim se esvaindo aos poucos de meu corpo, dando espaço para uma calmaria enorme, proporcionada pelo meu ex sensei.

    ── O que está acontecendo comigo, Iruka? ─ minha voz era falha, mas finalmente consegui formular uma frase.

   ── Eu não sei, Akira! Mas não se preocupe, está tudo bem agora, eu estou aqui. ─ ele sussurrou.

   ── Eu odeio isso, Iruka! Eu odeio, eu não quero mais me sentir assim.
─ me desatei em lágrimas novamente, me desvencilhando do abraço do rapaz e o encarei. ── Todas as vezes que eu fecho os olhos, me lembro de tudo o que aquele monstro me fez, todos os dias eu tento esquecer e as vezes eu consigo, mas é agora, Iruka? Isso agora é parte de mim, eu nunca mais vou esquecer.

   Iruka ficou em silêncio, pensativo. Imaginei que ele estivesse me achando um monstro por não querer aquele filho, esperei que ele começasse um discurso sobre aquela criança não ter culpa de nada e que eu não poderia fazer aquilo com um bebê, que era pecado e coisa do tipo, mas ele não o fez, pelo contrário.

   ── Eu entendo, Akira! Você está se sentindo pressionada, porquê é algo extremamente complicado e ninguém quer enxergar o seu lado, ninguém quer considerar como você está se sentindo. ─ ele disse dando- lhe uma breve pausa. ── É difícil, eu sei. Mas antes de tomar uma decisão, pense bem, porquê não terá volta.

   ── Eu não posso ter esse filho, Iruka. Só que eu não sei o que fazer.
  ─ eu disse fungando e secando as lágrimas que insistiam em cair.

   ── Independente do que você decidir, eu estarei contigo! ─ e então me abraçou novamente, fazendo- me sentir acolhida. Meus pensamentos eram diversos, eu precisava decidir o que fazer, antes que fosse tarde demais.

                                    ˖⃟˖⃟─♛─˖⃟˖⃟ ਂ۪ᤢ໋۫࣪

 

               Abri meus olhos com uma certa dificuldade, tentando me acostumar com a forte claridade daquele quarto de hospital. Minha boca estava demasiadamente seca, olhei para o lado e me esforcei para alcançar o copo dágua, logo ingerindo todo o líquido contido no copo de plástico. A porta fora aberta revelando a imagem da loira, que caminhou até mim e segurou em minha mão, estava evidente a sua chateação comigo, mas ela jamais iria dizer aquilo para mim, principalmente após o que havia acontecido. Eu não fazia idéia de como as coisas seriam dali para frente, eu não havia me preparado, mas não tinha escolha a não ser enfrentar as consequências da minha escolha.

    ── Como você está, querida?
─ perguntou a Hokage. Suspirei e me sentei na cama, colocando o copo vazio na mesinha ao lado da minha cama.

   ── Madrinha, eu sinto muito, sei que está chateada comigo, mas eu precisava disso. ─ engoli um seco, segurando em sua mão com mais força, esperando que ela dissesse algo.

   ── Eu não estou chateada, querida! Um pouco triste, mas chateada não. Você fez o que era melhor para você e eu jamais ficaria chateada por isso, pelo contrário, estou feliz que você está bem. ─ indagou a loira e eu senti meus olhos marejarem. As coisas mudaram e eu estava parecendo um pedaço de vídro, frágil, como se pudesse quebrar a qualquer momento.

     

    ── Então acha que eu fiz a coisa certa, madrinha? ─ perguntei e ela afirmou com a cabeça.

   ── Descanse, querida! Foi um dia e tanto. ─ dito isso, a loira me deixou sozinha no quarto e eu fiquei a encarar o teto branco daquele quarto de hospital.

   Kakashi me odiaria e aquela idéia estava me destroçando de dentro para fora. O platinado ainda estava em missão, achei que não tinha melhor oportunidade do que essa, caso ele estivesse presente, não iria permitir que eu fizesse o procedimento, iria fazer chantagem emocional ou coisa do tipo. Tinha grandes chances dele me deixar, mas eu não iria aguentar levar aquela gestação a diante e eu queria muito que ele entendesse, mas parecia impossível pra ele. Não havia mais volta, não poderia ser revertido, acabei interrompendo a gestação e eu estava me sentindo bem comigo mesma. Eu estava tão exausta de todo o procedimento, que acabei caindo no sono novamente, acordando depois de mais ou menos três horas. Minha visão estava um pouco turva e eu não tinha certeza se o que eu estava vendo era real.

    ── Você esperou eu sair da vila para fazer um aborto, você é inacreditável, Akira. Como você pôde?

    Apertei os olhos no intuito de enxergar melhor e lá estava ele, parado na janela, com os braços cruzados e uma expressão séria, por trás da máscara. Kakashi estava ali e eu não fazia idéia de como reagir, não esperava ter que encarar o platinado tão cedo. Mas lá estava ele, certamente me odiando e eu não sabia se aguentaria lidar com mais aquilo.

     me perdoem pela demora e pelo capítulo ruim, me esforcei, mas não deu muito certo, espero que não me matem! amo vocês, comentem para que eu poste um capítulo novo. 💓

𝐋𝐄𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄 | kakashi hatake.Onde histórias criam vida. Descubra agora