Ao chegar a porta Pereira subitamente parou e, ante a expectativa de todos, deu meia volta e disse:
— Ah, antes que eu esqueça, assim que a garota abrir os olhos gostaria de ter uma palavrinha com ela, quem sabe fazer umas perguntas, talvez ela possa esclarecer algo.
— Quando ela acordar, caso isso aconteça, pois seu estado é gravíssimo, creio que não estará em condições de falar coisa alguma. Disse Renée preocupado que os investigadores pudessem, de alguma forma, agravar o estado da paciente forçando-a além de suas condições. Pereira sem perder a pose retrucou:
— Não se preocupe doutor, isso é com vocês porém, assim que ela estiver apta, gostaria de ser avisado. Ao dizer isso caminhou na direção de Renée e colocou um cartão no bolso do médico.
— Sabe conto mesmo com isso, caso contrário poderá ser entendido como um crime de obstrução de justiça, o que será algo muito degradável, não é mesmo doutor? Indagou jocosamente Pereira e finalmente saiu.
Pouco tempo depois todos já estavam empenhados em suas tarefas rotineiras porém, consigo mesmo, todos estavam aguardando notícias da cirurgia. O que se sabia até o momento era que se tratava mesmo de uma hemorragia intra-abdominal e que fora finalmente estancada. Porém, havia sido coletado liquor (líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro e medula espinhal) e estava profusamente hemorrágico, o que significava a existência de algum sangramento intracraniano. Portanto foi necessário acionar a equipe de Neurocirurgia, a qual se já preparava para entrar em campo.
Era visível a angústia de Renée, pois de alguma forma, aquela paciente lhe havia chamado a atenção de forma excepcional.
— Doutor Renée. Disse Joyce interrompendo os pensamentos do jovem médico.
— Sim, o que houve. Disse Renée meio que acordando de um transe. Joyce, então, se aproxima discretamente, pega sua bolsa fazendo o possível para não chamar atenção.
— Gostaria de visse uma coisa... Joyce falou em baixo tom quando estava bem próxima do médico, retirando com cuidado um celular de dentro. Certificando-se que não era observada o segura com ambas as mãos e completa:
— Por favor, veja isso aqui... Renée se inclina e olha fixamente para a tela do celular. Após alguns segundos pergunta:
— De onde veio isso?
— Ao trocarmos as roupas da paciente, durante a higienização na antessala cirúrgica, notei na região posterior do quadril direito e tirei uma foto.
Renée olhava atentamente, a surpresa inicial deu lugar a curiosidade. Era uma tatuagem de um símbolo que ele já havia visto. Após acessar com muito empenho sua memória Renée se lembra de um CD, presenteado num amigo secreto, de um grupo de folk rock Irlandês chamado Gael (que significa: "o protegido" ou o "que protege"). No verso estava o símbolo com as emblemáticas três espirais entrelaçadas.
— Joyce, você sabe o que é isso?
—Não doutor, esperava que o senhor pudesse responder.
Após uma pausa, Renée exclamou:
— É um triskelion!
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A Última Banshee
FantasyNem todas desapareceram... Nem todas são lendas... Ainda resta uma entre nós.