— E era um símbolo muito importante para os Celtas.
— Doutor, é uma tatuagem pouco comum, concorda?
— Será mesmo uma tatuagem? Pense bem, Joyce... Renée aguardou alguns segundos e continuou:
— Uma tatuagem é escolhida, algo que seja importante para a pessoa tanto que fica em alguma parte do corpo à mostra para ser vista e compartilhada. — Agora, essa parece ser mais uma marca, algo escondido, acessível somente por alguém que saiba o que procurar. — Joyce você lembra daquela prostituta que teve a cabeça raspada?
— Creio que sim, doutor, não é aquela que chegou toda machucada com as iniciais do seu cafetão queimadas no corpo?
— Você prestou atenção onde ela estava queimada?
Joyce não precisou de muito esforço para se lembrar, foi um caso com muita repercussão, principalmente porque a prostituta, temendo pela vida, sequer concordou em prestar queixa.
— Lembro, doutor, e foi mais ou menos no mesmo lugar onde esta paciente foi tatuada.
— Ela não foi tatuada, foi marcada! Renée, foi incisivo e continuou:
— Note onde ela foi feita, num local similar ao que se usa para marcar gado, assim como aquela prostituta, o mais provável é que a nossa paciente foi demarcada como propriedade de alguém ou de alguma organização.
— Nossa é mesmo... Disse Joyce intrigada.
Naquela altura tudo aquilo parecia um roteiro de film noir ( aquele gênero de filmes policiais antigos de Hollywood, preto e branco, com detetives soturnos, repletos de crimes insolúveis e mulheres fatais). Renée estava visivelmente apreensivo, mal via a hora de fazer um pesquisa sobre o significado oculto por trás daquele símbolo, queria respostas, porém as perguntas eram muitas...
— Doutor, a cirurgia está terminando e a paciente vai descer diretamente para a UTI! Disse Joyce, abruptamente, tirando Renée de seus pensamentos.
A equipe toda, de imediato, se dirigiu ao leito designado esperando a paciente e, a despeito de toda experiência e treinamento, eram sempre momentos de extrema inquietação. Após alguns minutos a maca chega desfazendo a tensão que se acumulava ali. Dr. Bonelli pessoalmente a estava conduzindo. Rapidamente a vítima foi acomodada com a aparelhagem médica necessária e todas medicações prescritas... O velho sisudo, então, aproximou-se de Renée:
— Dr. Renée gostaria de ter uma palavra com você, reservadamente, se não se importar. Era uma solicitação inusitada mas, Renée logo concordou:
— Claro, Dr. Bonelli, vamos à sala de prescrição, lá poderemos conversar.
Dirigiram-se aquela sala sem demora, discretamente e uma vez chegando lá o velho, depois de certificar-se que estavam a sós, disse em tom baixo, nervosamente:
— Por tudo que você considera mais sagrado, diga de onde é que essa garota veio!
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A Última Banshee
FantasyNem todas desapareceram... Nem todas são lendas... Ainda resta uma entre nós.