O dia seguinte

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Renée despertou no dia seguinte num leito do Hospital Ana Neri, havia sido encontrado num lugar ermo próximo à Rodovia Fernão Dias, no Bairro Parque Edu Chaves, foi encontrado por uma mulher que trabalhava no Motel Passione que ficava próximo. Seu corpo doía muito por ter sofrido vários hematomas e escoriações. Quanto a sua cabeça parecia que iria explodir, devido a uma severa concussão. Tudo girava e era acometido por náuseas intensas, porém o que mais queria era sair dali sem demora e se possível para nunca mais voltar. Sentia que aquele lugar já era uma página virada em sua vida.

—Bom dia Doutor Renée! Era o escroto do Investigador Pereira, inoportuno como uma assombração e novamente lhe dera dois tapas no ombro causando fortes dores que se espalharam pelo seu corpo contundido. Renée visivelmente de saco cheio com essa palhaçada, comentou:

—Não tão bom assim, não é mesmo?

—Sr. Renée vamos direto ao ponto... —O que você lembra do ocorrido ontem?

—Não muita coisa, lembro que uns palhaços vestidos com ridículos ternos pretos e mascarados entraram no Hospital e sequestraram minha paciente. —Fui feito de refém e entramos numa Van do tipo daquelas escolares só que preta. Fui obrigado a fazer ventilação manual da garota por meia São Paulo até chegar naquele fim de mundo. Um outro veículo esperava, era uma ambulância toda equipada e antes que me pergunte não consegui ver a placa. Também não pude ver para onde foram pois me encheram de porrada até que eu desmaiasse antes de irem embora.

—Como era essa ambulância, tinha algum emblema?

—Era uma ambulância típica do SAMU com o emblema padrão e o número 192 destacados além disso, tinha as cores habituais vermelho e branco.

—Isso ajuda muito pouco, não é mesmo Doutor?

—De fato, ela poderia ser de qualquer cidade e estar indo para qualquer lugar...

—O que eles disseram? Diziam alguma coisa?

—Escutei pouca coisa, pois eles se comunicavam por sinais na maioria das vezes.

—Sério mesmo, Doutor... —E como eles conseguiram fazer você de refém?

—Encostando a arma na minha cabeça e mandando seguir em frente com a mesma.

—Tem certeza que não se lembra de algum detalhe, Doutor?

—Não lembro de detalhes, estava ocupando tentando manter a garota viva, uma arma apontada para minha cabeça e não sabia se iria amanhecer vivo... —Investigador, nem tinha cabeça para mais nada.

Renée estava sendo interrogado e sabia disso, por isso seguia a cartilha básica: O mínimo de detalhes e o mínimo de palavras; memorizar e repetir sempre a mesma coisa. Estava perplexo com a incompetência do sujeito, havia tantas providências que ele poderia ter tomado, pelo menos já ter estabelecido uma lista de suspeitos, inclusive investigar  o porquê do senhor Novacheck ter dispendido uma pequena fortuna para se tornar dono do Hospital; ao invés disso a ideia que ele tinha de investigação policial era ficar ali enchendo o seu saco.

—Doutor, não é muita coincidência ela ter sido sequestrada bem debaixo do seu nariz?

—De fato não, Pereira... —A coincidência mesmo é ela ter sido sequestrada bem no dia em que o nosso ilustre Delegado suspendeu a vigilância, não é mesmo?

—Cuidado Doutor isso me parece uma acusação sem provas...

—Longe disso, Investigador, e modo algum, a menos que...

—A menos que? Perguntou o presunçoso Pereira com ar muito curioso, na certa esperando alguma revelação.

—A menos que o que você acabou de dizer, agora pouco, também tenha sido uma acusação sem provas.

O Investigador deu mais dois tapas no ombro de Renée, que visivelmente estava quase mandando para o inferno aquele imbecil.

—Mesmo contundido continua ligeiro Doutor... —Vamos fazer assim, caso se lembre de algo mais me avise. Logo em seguida saiu assoviando como com pouco caso.

—Mal Pereira sai, entra outro inconveniente, dessa vez era o irritante Sanderson, certamente procurando algum gancho para transformar o sequestro numa história sensacionalista. E o dia de Renée estava apenas começando.

A Última BansheeOnde histórias criam vida. Descubra agora