Sentindo a profunda e amorosa paz que emanava de Riona, Sive decidiu abraçá-la e viu-se envolvida numa plenitude que nunca antes havia experimentado...
— Estou em Annwnn, o Outro Mundo? Disse Sive, placidamente, tendo por base a educação reclusa que teve em sua infância estritamente dentro dos preceitos da religião antiga dos Druidas Celtas; e de acordo com seus cânones nosso plano de existência é dividido em 3 círculos:
Abed (onde a alma é encarnada, este mundo);
Annwnn (o outro mundo e suas regiões, para onde nosso espírito segue após a morte);
Gwyfyd (para onde a alma ascende após as provações , as quais todos temos que passar).
Riona, sorri e diz:
— Ainda não minha criança, você está entre um mundo e o outro, numa dimensão entre eles que os interliga como uma ponte, tal a qual nossos irmãos nórdicos chamavam de Bifrost , a ponte arco iris, ou mesmo o plano astral como é mais conhecida atualmente.
Sive estava perplexa, havia sido criada num isolamento proposital visando esconder suas origens e ocultar conhecimentos importantes; portanto, havia muitas coisas que ela desconhecia inclusive sobre si mesma. Brotavam muitas dúvidas em sua mente, que agora já estava mais lúcida, e esperando obter respostas seu espírito inquieto perguntava:
— Porque ainda estou aqui, Riona, retida nessa penumbra?
—Porque ainda não chegou a hora de sua morte de fato criança, é preciso que entenda algo que o destino lhe ofertou, a raríssima oportunidade da escolha.
—Que escolha Riona, não entendo...
—A escolha entre viver e permanecer ou morrer e partir.
Sive jamais imaginou que estaria frente a uma opção dessas mas, para ela, não seria algo assim tão difícil.
—Riona não pretendo permanecer, não me sinto presa a este mundo, na verdade, sinto que sequer faço parte dele, dentro de meu ser sinto uma saudade de outro lugar, outro tempo... — Além disso, tenho sido mantida sob uma pretensa proteção, mas que na verdade nunca passou de uma prisão; e isso desde há muito tempo, então, por que razão deveria optar em ficar?
—Sive, na verdade, não somos mesmo deste lugar, viemos de longe, de outro planeta em outra constelação; portanto essa sensação de não ser daqui é perfeitamente justificada e natural.
—Como viemos e por que viemos para cá, então? —Quem somos, nós?
Riona sabia que Sive havia sido criada sem saber de sua ancestralidade, que havia sido mantida em uma proposital ignorância para poder ser facilmente manipulada, portanto a situação agora exigia que ela fosse absolutamente sincera e transparente para não perder a credibilidade que estava tentando estabelecer com Sive:
—Somos Banshees, minha pequena... —Sei que não irá acreditar de imediato, pois é dito que somos apenas lendas, mas existimos, somos reais e você, neste mundo, é a última de nós. — Agora a razão de virmos para esse planeta se deve a uma intervenção de Heylel.
—Quem é Heylel?
—Criança, para responder essa pergunta será necessário que eu lhe conceda permissão de acesso aos registros arcanos do Akasha, que é a substância primal da qual todos os seres viventes são formados, é o espaço que os antigos chamavam de éter e onde tudo é registrado... —Mas, como estamos numa situação crucial e delicada irei lhe conceder esse acesso, pois você terá que tomar uma decisão muito difícil; portanto é imprescindível que saiba muito bem o que está em jogo para poder decidir sabiamente. —O acesso, uma vez concedido, é muito simples de ser feito, basta mentalizar o que se quer saber e olhar para dentro de si mesma, concentrada e determinada; pois o acesso a essa fonte está em nós mesmos, uma vez que somos todos formados dessa mesma substância, portanto depende apenas de nossa percepção empenhada... — Assim, criança, se quiser saber, olhe... — Olhe e veja!
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A Última Banshee
FantasyNem todas desapareceram... Nem todas são lendas... Ainda resta uma entre nós.