Sive acompanhava tudo absorta como se estivesse num transe... O acesso ao Akasha permitia não somente acessar fatos, tais como realmente ocorreram, mas também vivenciá-los... E passar por esse processo lhe causara profundas impressões.
—Então foi assim Riona, a sucessão de eventos que nos trouxeram para este planeta?
—Sim Sive, exatamente assim. —Nosso clã acabou sendo um dos grupos selecionados para se estabelecer em Gaia, ou Terra como é mais conhecida agora.
—Aportamos em uma região próxima ao rio Danúbio em sua porção superior numa época bem antiga quando a humanidade ainda engatinhava. —Encontramos culturas que mantinham costumes e crenças absolutamente sanguinários, ferozes e terríveis. —Decidimos, então substituir seus primitivos dogmas e crenças, por um conjunto de princípios, ritos e mitos mais pacíficos.
—Uma Doutrina que pudesse unir diferentes etnias num elo comum que seria essa nova religião que visava reverenciar os animais e seres mais sutis, celebrar o amor, a vida e a sexualidade. —Tudo isso dentro de um panteão e mitologia que deveria lembrar a todos que estávamos aqui, acima de tudo, para evoluir e alçar a luz. —Procuramos construir uma sociedade, como em Avignon, onde as mulheres receberiam seu espaço e seriam respeitadas.
—Assim, coube aos homens ensinar esses povos como se defender e a arte manipular os elementos e os metais. —As mulheres, por sua vez, como obter das ervas medicamentos e cura.
Logo vários povos dos arredores se aglutinaram em torno dessa nova sociedade que se fortalecia e que ficou conhecida como nação Celta. Por fim, as pessoas dentro desse universo começaram a perceber que todo homem estava entrelaçado à natureza, e que a vida consistia de uma sucessão de ciclos, envolvendo novas experiências e descobertas. —Quanto a nós mulheres, terminamos por nos apegar por demais a todos que vinham ter conosco, e manifestávamos nossa profunda tristeza por lágrimas incontroláveis, quando prevíamos ou presenciávamos a morte de um ente querido. Esse fato aliado aos nossos dons, fizeram com que ficássemos conhecidas como:
—Ben Síde que na língua arcaica significava: Fada Mulher. O termo sofreu várias derivações até resultar em Banshee, que prevalece nos dias de hoje.
—No início estávamos absolutamente entusiasmados por termos vindo em nossa forma física e com nossos dons para prestar auxílio. —Porém logo depois percebemos o quão longo, tortuoso e cheio de percalços seria esse caminho.
—Quais seriam esses dons? Perguntou Sive, curiosa embora já possuísse uma vaga noção de alguns dos quais em questão.
—Em nosso mundo temos uma anatomia diferenciada dos humanos que nos permite ter grande longevidade. —Particularmente em nosso clã as mulheres possuem um fator de cura que circula em nosso sangue oriundo de um órgão fisiológico que apenas nós possuímos. —Temos, além disso, a capacidade de metamorfose em momentos extremos.
—Metamorfose?
Riona já tinha conhecimento, adquirido em sua reclusão, que seu sangue possuía propriedades curativas, mas quanto a metamorfose isso lhe era desconhecido.
—Sive em momentos de grande tensão podemos assumir a forma de um predador ou de uma ave noturna, bem semelhante a uma coruja.
—Além disso temos a capacidade de prever a morte de alguém quando está próxima e uma capacidade intuitiva para o perigo.
—Isso eu mesma já havia percebido Riona, mais algum dom?
—Sim mais dois e são os mais cobiçados pelos seres das trevas. —O primeiro é o nosso grito de morte, capaz de tirar a vida da maioria dos seres vivos com poucas exceções. —O segundo e o mais cobiçado, é o dom que nos permite manipular portais desde os de energia cósmica até os que abrem passagens para outros lugares e dimensões. —Os trevosos têm usado as Banshees desde tempos imemoriais para manipular os portais emissores de luz que se abrem aqui nesse planeta e inverter sua polaridade transformando-os em portais dissipadores de negatividade.
—Já nossos homens tem o seu dom que é a capacidade mágica de manipular os elementos: Terra, ar, água e fogo.
—Nossos homens? —E onde eles estão, Riona?
—Se foram todos com exceção de um.
—Apenas um... —Também o último Riona?
—Sim Sive, o derradeiro de nossos homens no planeta Terra.
—Riona, onde ele está? —Quem é ele? —Preciso conhecê-lo!
—Não sei onde está, ele se esconde por meio de magia e quanto a quem seja... —É delicado dizer...
—Diga Riona quem é ele?
—Seu pai...
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A Última Banshee
FantasyNem todas desapareceram... Nem todas são lendas... Ainda resta uma entre nós.