capitulo 6- conhecer o amor

864 120 3
                                    


- E você Dante, já encontrou o amor da sua vida? – Perguntou Clary observando com cautela as reações de Dante. Ela era a psicóloga analista da equipe policial, era uma ruiva de cabelos Chanel e óculos grandes, tinha um corpo invejado por todas as mulheres da cidade e sabia disso.
- Nunca vou encontrar se não procurar. – Debochou levando o copo a boca.
- Dante, como você pode desejar viver sozinho por toda sua vida? Como imagina passar os dias ruins? – Aquilo era mais que uma simples pergunta, Clary estava o analisando, tentando desvendar os segredos mais obscuros do detetive.
- É melhor viver sozinho do que ter que aturar os defeitos de alguém, já quase não suporto os meus. 
Marina viu que ele falava a verdade, já Dante também a analisava talvez por uma só noite aquela mulher se mostrasse uma boa companhia. Diego intervém na conversa falando:
- Eu juro que não sei como o Dante consegue beber tanto e continuar consciente. Eu já estaria contando sobre como desejo correr para minha mãe as vezes.
- Falando em família. – Clary mais uma vez se dirigiu a Dante. – Onde está sua família Dante? Nunca ouvi você mencioná-los e na sua mesa não há nenhuma fotografia.
- Eu não tenho família. – Dessa vez emborcou a garrafa de vez na boca bebendo todo liquido contido ali.
- Vai dizer que você nasceu da chocadeira.
Ele estava gostando do sarcasmo da ruiva, decidiu que ela lhe seria útil não só para passar uma noite, mas que também daria uma boa psicóloga e ele precisava mostrar sua raiva para alguém.
- Meus pais me abandonaram em um orfanato no segundo dia de vida, já que eles não quiseram saber de mim também nunca procurei por eles. Aos doze anos fui adotado por aquela mulher que explorava criancinhas.
- Desculpe eu não sabia, entrei na agencia há só quatro meses. –O clima tenso instalou-se na mesa.
- Nunca mais toque nesse assunto.
- Interessante!
- Você realmente acha?
- Aos olhos da psicologia todo esse estresse que você tem, essa agressividade é apenas um trauma devido a rejeição dos seus pais que você sente.
- Traumas são apenas uma forma diferente que as pessoas acham de não admitir que são fracas.
- A cada frase sua você me surpreende mais Detetive Dante. Eu realmente gostaria de estudá-lo.
- Eu não sou um objeto de pesquisa, mas com sorte talvez eu permita seus estudos. – Clary ficou vermelha.
Dante foi até o balcão pagou a conta, acenou para seus colegas e pegando a moto percorreu o caminho rumo a casa. Assim que estacionou sentiu-se observado, olhou ao redor. Pessoas conversavam perto da praça ao outro lado da rua, no café ao lado de sua grande casa um homem mexia no celular, Dante tinha certeza que o conhecia de algum lugar, não se lembrava de onde exatamente, mas aquele homem lhe lembrava algo.
Pobre Dante o efeito de tanta bebida não o fez perceber que aquele homem pertencia a quadrilha de Bruce e novamente havia fugido da prisão, e muito mais importante que isto, que estava ali para vingar a morte do chefe, que estava ali para matar Dante da pior forma que um detetive pode morrer.

Marina caminhava pensativa pelo jardim, a este horário o duelo já deveria ter acabado, esperava que Sebastian chegasse logo com as notícias. Levou um susto quando de repente uma mão tocou em seu ombro.
- Senhorita Marina. – Saudou
- Que susto Eliot. – Disse ela ao jardineiro.
- Me perdoe, não queria assustá-la.
- Eu sei que não, você é gentil de mais para isto.
- O que achou das flores de lótus que pus em seu quarto hoje?
- São perfeitas.
- Perfeita é só a senhorita.
- Que cavalheiro você é meu velho amigo. – Velho amigo. Eliot odiava quando essa palavra saia da boca de Marina, embora ele fosse quinze anos mais velho que ela e a tivesse visto crescer ele a amava, Marina devia o pertencer, por isso todos os dias as nove horas da manhã assim que ela dava seu primeiro passeio pelo jardim ele levava flores a seu quarto, e nos finais de semana as levava a noite antes dela e sua mãe voltarem das missas das oito. Eliot sabia que os bons costumes não permitiriam que Marina se casasse com o jardineiro, era só ver o escândalo na fazenda vizinha, mas ele também sabia que Marina tinha um bom coração e sempre o seguia, podia esperar que Maria Laura falece-se e então sua amada seria sua. Mas não contava com Sebastian no meio disso tudo e também não esperava que ninguém distante fosse chegar.
- Como está sendo seu dia? – Ele indagou.
- Tudo está bem, embora eu esteja um pouco triste devido ao duelo, espero que Sebastian chegue logo com notícias.
- Sebastian?
- Sim, o filho do conde.
- Você não devia de chamá-lo de senhor Sr. Sebastian?
- Sim devia, mas é que ele me pediu que eu o chamasse de Sebastian. – A fúria preencheu os olhos de Eliot. Havia alguém em seu caminho, obvio que ela se casaria segundo a vontade da mãe, sentia que era o fim do mundo, não era justo perder um amor deste jeito. Não podia deixar que o raio de luz da sua vida fosse embora daquela casa e o deixa-se na escuridão.
- A senhorita vai casar-se com ele?
- Sim, eu vou.
Aquelas palavras foram como uma faca transpassando seu coração, sentia se abandonado, Marina o deixaria. Não, não podia perder seu amor, nunca a perderia jurou assim como no dia em que ela nasceu jurou que a protegeria.  De fato, ele não possuía riquezas, não possuía nem uma casinha pois a que morava pertencia aos Flamelles, mas ele possuía coragem e amor por aquela menina, ele morreria e mataria por ela, decidiu que ficaria próximo dela e a protegeria custasse isso o que custasse, não deixaria ninguém machucá-la ou tira-la de seus olhos.
- Mas a senhorita nem o conhece? E se ele não for um bom homem?
- Ele é.
- A senhorita não sabe realmente.
- Eu sinto.
- Ah querida menina você conhece tão pouco das pessoas.
- Mas sei que você estará aqui para me proteger do que poderá acontecer não é mesmo?
- Tenha certeza que sim. – Afinal ele a havia protegido de perigos que ela nem imaginava correr.
- Veja Sebastian chegou, vou recebê-lo.
O homem ficou triste a vendo partir para perto do pretendente. Antes do fim do jardim ela virou-se e lhe disse alto.
- Obrigada pelas flores, combinam perfeitamente com as cortinas de meu quarto.
- Minha cara senhorita Marina, como está? – Saudou Sebastian.
- Bem. E as notícias?
Maria Laura apareceu e raiou com a filha.
- Marina que modos são estes? Convide primeiro para que seu noivo entre.
“Noivo” Pensou Sebastian.
- Desculpe.
- Não se preocupe, eu a entendo.
- Vamos entrar. – Ambos entraram enquanto Maria Laura cortejava Sebastian, eles sentaram-se a sala e Maria Laura mandou que as criadas trouxessem um refresco.
- Então, por favor, Sebastian, não me deixe mais nesta angustia conte-me logo. – Maria Laura também estava interessada em saber quem havia ganhado o duelo, mas era mais importante garantir seu bem estar e o futuro da filha.
- Querido Sebastian, creio que agora já posso lhe chamar assim. – Ela não deu espaço para que ele respondesse. – Minha filha já lhe tem uma resposta, sobre o pedido de casamento.
- Que noticia excelente Senhora Maria Laura.
- Ela aceita. – Maria Laura deu a resposta ao filho do conde.
- Você aceita Mariana? – Ela consentiu com a cabeça. – Que alegria, meu coração vai saltar para fora do peito de tanta felicidade.
- Oh! – Disse Maria Laura abanando-se.
- Espero lhe fazer feliz.
- Também espero lhe fazer feliz. – Por fim ela disse, ela gostava do jeito dele e desejava o amar, e que ele o amasse, assim como seus pais.
- E você fará.  - Ambos sorriram, embora Marina estivesse aflita. – Marcarei o baile de noivado para o final da semana, na minha casa.
Maria Laura parecia que iria desmaiar de alegria a qualquer momento, um baile na casa do conde, um baile onde sua filha seria pedida em casamento pelo futuro conde, era muita alegria.
- Farei um vestido bem bonito para o baile, prometo.
- Eu sei que estará linda.
-Até mesmo se vestir as roupas de uma criada? – Ela riu e a sua mãe a olhou atravessado.
- Mesmo que você usasse as roupas de uma criada, ainda assim a rainha não chegaria nem aos seus pés.
- É muito gentil da sua parte.
- Poderia lhe cortejar pelo resto da tarde, mas sei que a senhorita está ansiosa por saber as notícias.
- Sim, estou em agonia. Por favor, me conte tudo o que aconteceu.
Maria Laura levantou a cabeça ansiosa pelos mexericos, também não se importou que a governanta da casa estava de ouvidos em pé próxima a porta.
- Bom de acordo com um dos criados da família, o cocheiro e a senhorita Valeria Luize tentaram fugir antes do sol nascer, mas o senhor Lavontes foi atrás deles e os trouxe de volta, a senhora Lavontes tentou fazer com que o marido esquecesse esta história de duelo, mas ele alegou que não voltaria atrás em sua palavra.
- Então o duelo realmente aconteceu?
- Sim.
- E quem? – Marina pôs as mãos na boca enquanto temia a resposta de Sebastian.
- Ambos morreram. O senhor Lavontes acertou o peito do jovem, o próprio pai de Valeria começou a ofende-la por ter caído nos braços de alguém que não sabe lutar então o cocheiro levantou-se e acertou o pescoço do velho homem, neste instante ambos caíram sem vida ao chão.
- Que tragédia! – Maria Laura exclamou. – Essa história daria um belo livro.
Marina chorou, não pelo senhor Lavontes que a tratava muito bem, ela estava sentindo ódio dele por ter provocado todo esse caos, também não chorava pelo amor de sua amiga que estava morto, mas chorava por Valeria que havia perdido o pai e o amado, tudo podia ser resolvido com uma conversa amigável.
Ah pobre Valeria, pobre amiga irmã, que momento de tristeza, ter de enterrar o pai e o amado, perder os dois de maneira tão bruta, que dor. Queria consolar a amiga lhe dar um abraço e disser que aquilo iria passar. Mas sua mãe não permitirá que ela fosse até lá ainda mais agora que os corpos ainda deviam de estar por lá, que devia haver sangue no local. Pobre Valeria.
Não podendo fazer nada Marina apenas chorou nos braços de Sebastian que a amparou, Maria Laura estava contente de vê-la nos braços do noivo independente das circunstâncias.
Duas horas depois... Sebastian Lerand ainda continuava naquela casa, após estar mais calma Marina pediu autorização a mãe para ir ao enterro dos homens que seria no cemitério há um km da vila, após teria uma missa na capela do padre Antônio. Maria Laura consentiu em irem, mas só se Sebastian as acompanhasse, ele concordou. Na mais pura verdade Maria Laura não desejava ir ao enterro desejava apenas aparecer em público com o futuro conde acompanhando sua filha.

O espelho de SkinnerOnde histórias criam vida. Descubra agora