capitulo 24 - a noite anterior ao casamento

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A semana passou rápido demais, Marina juntamente com a senhora Maria Laura fizeram uma breve visita ao novo conde na quarta à tarde, mas não se demoraram muito, precisavam respeitar o tempo de luto e dor. Embora a etiqueta pedisse um ano de respeito não podia transferir o casamento, este era um dos últimos pedidos do pai, que Sebastian logo se casasse para melhor assumir suas responsabilidades de Conde. O Rei também havia mandado uma carta com suas condolências para a casa do novo Conde. As meninas da região ainda tinham esperança de que o noivado fosse desfeito e elas pudessem agarra o conde com toda sua herança.
O que de fato não aconteceu.
Os dias continuaram a passar depressa e faltavam apenas quatro dias para o casamento mais badalado do século. Marina e sua mãe estavam na carruagem rumo a cidade, ao ateliê da senhora Virginia para fazerem a última prova dos vestidos, Maria Laura havia escolhido um vestido cor de púrpura com mais brilhos que uma viúva deveria usar, ela pouco se importava, a filha estava se casando com um Conde e todos os seus planos estavam dando certos. Marina optará por um típico vestido branco com rendas delicadas e pequenas pedras de turquesa. Maria Laura não contrariou a idéia de que Valeria seria a dama de honra afinal assim ela veria melhor que Marina se casava com Sebastian.
Pelo caminho elas iam silenciosas, Maria Laura com um sorriso de orelha a orelha lia o jornal que já anunciava p casamento do Conde  e Marina fazia a única coisa que fazia em todos os seus dias, pensava em Dante. Uma mistura de saudade, mágoa e lembranças. Ao recordar tudo o que eles tinham vivido juntos não era capaz de acreditar que ele a deixará só. Ele a havia amado. - ainda que por pouco tempo- Ela tinha certeza que ele a tinha amado. Mas agora, agora seguia seu caminho no futuro e tudo aconteceria da forma que devia ser, sem nenhuma interferência de viagens no tempo ou amores impossíveis de serem vividos. Casar-se-ia com Sebastian como devia ser e pensaria em Dante a cada segundo, mesmo desejando não pensar.
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- Se eu pudes - se vol-voltar. - Ele murmurou cheio de dor ainda em coma, mas não havia ninguém no quarto para ouvir. Mexeu devagar os dedos da mão e por um breve minuto ouviu o barulho que os aparelhos daquele hospital faziam, sentiu cada fio ligado à seu corpo e então novamente dormiu tendo o mesmo sonho ruim.
  Pela manhã Diego passou no hospital antes de seguir para a agência como de costume. Entrou no quarto e aproximou se de Dante.
- Quando você vai acordar Amigão? - Nenhuma resposta como sempre.
O médico entrou no quarto e pediu para que o acompanhasse, Diego consentiu sem entender, despediu se de Dante e seguiu o médico a uma sala a parte.
- Tenho boas notícias.
- Que bom, quando ele irá acordar?
- Em breve meu filho, tudo indica que em breve. - O médico abriu um vídeo no computador e então viu Dante falar durante a noite e mexer os dedos.
- Ele está lutando muito, eu não sei o que esse homem viveu mas ele é quase imortal. - O médico sorriu.
- Ninguém o supera.
- O que ele sussurrou tem algum sentido para você? Ele está delirando ou algo aconteceu e ele não tira isso de mente.
- Eu sei exatamente o que aconteceu, e já sei o que fazer.
Diego passou o resto do dia na agência com seu chimarrão, buscava a coragem necessária para salvar Dante, para trazer para perto de Dante a única pessoa que poderia fazer com que ele acordasse. Sabia também dos riscos que corria, decidiu que iria bem armado afinal nunca se sabe que tipo de vândalos iria encontrar nessa longa viagem.
_________________________________________Estava uma correria dos infernos naquela fazenda. Os criados atarefados corriam de um lado para o outro. No quarto de Marina Maria Laura a bajulava.
- Ah minha querida que grandioso dia será amanhã.
- Queria que meu pai estivesse aqui.
- Ele está em nossos corações e com absoluta certeza está feliz por seu casamento.
- Entrarei sozinha na igreja. - Ela abaixou os olhos.
- Graças aos céus, se você tivesse um primo homem ou um tio essa propriedade diria direito a ele e não a você.
- A senhora mesma sempre reclamou que ficamos jogadas a própria sorte.
- Melhor jogadas a própria sorte do que com um parente ingrato que tiraria nosso teto.
Marina sorriu.
- Sebastian não lhe contou, mas vc não entrará sozinha na igreja, o primo dele irá te levar até o altar.
- Qual primo?
- O príncipe regente Marina. Que glória! - Maria Laura abanava se de alegria.
- Quanta nobreza. - Ela falou sem muito se importar.
- Você não podia se casar melhor minha filhinha. - Queria casar com o Dante ela pensou então a mágoa voltou a seu coração e repeliu este pensamento. - veja seu vestido, que glorioso. Será o casamento do milênio!
  O vestido estava em um cabide pendurado a parede ao lado do espelho para não ser amassado, sob a cabeça ela usaria uma tiara com inúmeros diamante, ela estava na família de Sebastian a cinco gerações e permanecia impecável.
Aquela noite de novembro estava fria, o ar gelado que entrava pela janela fazia os cabelos de Marina voarem.
- Fecha essa janela menina.
- Gosto do vento. Veja como ele nos trás o cheiro das flores.
- Falando em flores porque raios Eliot não colocou flores no seu quarto hoje?
- Deve ter se esquecido, todos estão muito ocupado hoje.
- Tenho coisas mais interessantes do que as tarefas de Eliot para conversarmos.
- Diga mamãe.
- Você e Sebastian irão viver naquela imensa casa sozinhos. E eu aqui na solidão, agora que o Conde Sebastian I se foi você poderia pedir, ordenar, que Sebastian me leve para morar com vocês. Diga que não conseguirá ficar longe de sua mãe, não me deixe sozinha nessa casa Marina.
- Falarei com ele. Embora não goste de me intrometer na casa dos outros...
- A partir de amanhã será sua casa. - Maria Laura a corrigiu.
- farei de tudo para não te deixar aqui sozinha minha mãe.
- Mais uma coisa, sobre a noite de... - Alguém bate a porta interrompendo a baronesa.
- Senhora. Senhorita.
- Eliot. - Marina o saudou Feliz.
- O que você quer rapazinho?
- Desejo uma conversa com a senhora em particular.
- Vamos até o escritório de meu falecido Marido. - Ela se levantou e ele a seguiu.
- O que você quer? - Ela bufou trancando a porta.
- o que me prometeu. Quero Sebastian morto, quero me casar com Marina.
Maria Laura gargalhou.
- Você matou o conde, mas Sebastian continua sorrindo e se exibindo pela cidade.
- Eu nunca mataria o noivo de minha filha, apenas matei o Conde Sebastian I para que Marina me levasse com ela para a grande casa da cidade. Morando com o conde terei um melhor status social.
- Você me prometeu que Marina se casaria comigo e eu vou me casar com ela. - Ele deu soco na mesa a sua frente.
- Você não pode!
- Você não vai me impedir.
- Você não pode se casar com sua irmã.
- O que?
- Tu és o filho bastardo do meu Marido. Ele me traiu.
- Como?
- por que achas que ele sempre te defendeu? Por que te achava um bom rapaz? De modo algum, sabe o que eu fiz com seu papaizinho quando descobri? Eu encomendei a morte dele.
- Você o matou?
- Teria matado você também se fosse uma má pessoa. Mas eras apenas uma criança.
- Você não podia ter feito isso.
- Eu sou a baronesa, eu posso tudo!
- irás te arrepender.
- Vá embora da minha casa. - Maria Laura lhe entregou uma maleta coberta de dinheiro. - Tem dinheiro para construir um chalé, arrume uma esposa e faça sua vida longe das minhas terras.
- Eu juro que você vai se arrepender de ter mentido esse tempo todo, de ter me enganado.
- Não adianta contar isso a ninguém, eu negarei até o fim.
Eliot saiu bufando de raiva daquela casa e ninguém mais o viu até o dia seguinte.


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