epílogo

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   Um ano depois Marina já havia se adaptado ao novo mundo como se tivesse nascido para ele. Havia cortado o cabelo e agora usava roupas como a de qualquer mulher recatada do século XXI – Naquele dia em especial vestia uma blusa preta meia manga de rendas, calça Jeans e sapatilhas pretas. - mas os olhos e o sorriso mostravam que ali ainda era ela.
Naquele dia Dante acordou e sorriu vendo quem estava ao seu lado, era ela, era seu sonho real de amor, Marina dormia com o cabelo bagunçado e a boca semi aberta, ele sorriu e levantou-se em silencio para não acorda-la. Foi até o berço e pegou a pequena bebe que batia as perninhas, ela sorriu ao ver o pai aprovando o fato dele ter acordado.
Depois que primeira filha daquele casal nasceu, a pequena Heloise, Dante foi mais feliz do que nunca imaginou ser, e embora ele já não fosse mais o carrancudo de antes desde o dia que conheceu Marina Flamelle esforçava-se para ser cada dia melhor pela família grande que agora tinha.
Com os documentos falsos de Marina e a grande carreira policial que ele tinha, tomaram uma decisão assim que Marina soube da Gravidez, adotaram quatro crianças, a primeira delas se chamava Clara, quando entraram no orfanato pela primeira vez Marina vestia um vestido longo e a menina correu até eles e disse:
- Seu polícia você se lembra que eu disse que você iria achar sua princesa? Ela é mais bonita do que eu pensei.
Marina pegou a meninha no colo sem pensar duas vezes.
- E você disse também que felizes seriam meus filhos. Vamos adotar você. – A pequena Clara chorou de alegria e eles choraram junto com ela.
Depois adotaram o Francisco, a Helena e o Henrique. E então nasceu a Heloise. Nenhum dos dois havia tido bons pais e por isso julgavam que aquelas crianças mereciam ter o que eles não tiveram. Poderiam não ser os melhores pais do mundo, mas ao menos tentariam.
Eram uma grande família do século XXI. Dante trabalhava ao dia enquanto Marina em casa dava seu colo e cada minuto de seu tempo a suas paixões, seus filhos, Heloise Flamelle Cortez, Clara Flamelle Cortez, Francisco Flamelle Cortez, Helena Flamelle Cortez e Henrique Flamelle Cortez. E quando Dante voltava para casa todos corriam saudosos para ele, então tudo tornava-se risadas e alegrias, ele nem sabia como um dia imaginou viver sem filhos, sem amor.
Também planejavam ter mais filhos, uma casa cheia de crianças era o sonho de Marina e Dante desejava muito realiza-lo.
O detetive Dante Cortez deu por encerrado o caso do cientista louco alegando haver sido um suicídio, embora agora soubesse toda verdade. Também havia entendido com clareza o enigma deixado por Skinner. Três Flamelles e restava um vivo, Eliot vivia e Marina havia sido dada por morta. Rasgou aquele papel que tanta dor lhe lembrava, não, não deixaria que nada de mal acontecesse com sua Marina, nem com sua Heloise.
De volta ao passado, Sebastian jurou após longos meses de recuperação ter visto fantasmas naquele quarto, enquanto Marina o jogava pela janela. Negou convicto todas as acusações de Eliot que ele havia matado a esposa, negou e jurou ver pessoas saírem do espelho. Foi considerado um louco.
Eliot foi legitimado um Flamelle e casou-se com uma mulher da alta sociedade, como herdeiro da propriedade e atual barão jogou Maria Laura no olho da rua sem nem um tostão e viveu seus dias com os fantasmas de seu passado, enlouquecido e lamentando a morte de Marina, acreditou firmemente, em seu juízo imperfeito, que Sebastian havia a matado.
Maria Laura virou uma criada que mendigava abrigo a seus patrões depois de ser despejada de casa por Eliot, ela e Valéria Luize foram as únicas que acreditaram na inocência do Conde Sebastian. Por sua vez, Sebastian e Valeria se casaram e viveram em paz por alguns anos até que o príncipe o convocou para a revolução farroupilha dando-lhe o cargo de general dos exércitos, lutar era o preço por sua pena de matar a jovem Marina. Ele aceitou, mas lembrando das palavras dela, decidiu que fugiria do país antes que a guerra estourasse. Suas noites agora se baseavam no seguinte pensamento: Como Marina sabia?
Josefá, a antiga governanta da casa dos Flamelles declarou que a filha havia fugido com um soldado de alta patente que lhe prometeu casamento, embora não soubesse onde Joana havia se metido, ainda assim acreditando nas próprias mentiras rezava todas as noites pela filha desaparecida.
De volta ao presente, a cada dia que passava Joana se via mais encantada, realizada. Agora ela e Marina frequentavam uma universidade, Marina no curso de letras, literatura e Joana na área da medicina – Seu sonho de infância que imaginava nunca realizar, até porque mulheres não exerciam profissões importantes. – O príncipe encantado que ela não havia conhecido no passado, havia achado no século XXI. A cada minuto que passava tinha mais certeza que Diego era o amor da sua vida, por ele ela tinha voltado para o futuro. Ela o achava corajoso, bonito e sabia muito bem como tratar uma dama, a tratava como uma igual e não como superior a ela, e ela o amava ainda mais por isso, estavam noivos fazia dois meses e ela mal podia esperar pelo casamento. Eles também eram os padrinhos da pequena Heloise e já não viam a hora de construir sua própria família.
Naquele dia, por volta das nove horas Marina e Dante bateram a porta do apartamento em que Diego morava, Joana ficaria com Dante e Marina até o dia do casamento, mas ela havia ido cedo para a casa do noivo naquela sexta feira.
- Olá meus amigos, oi crianças.– Diego falou ao abrir a porta. Joana foi correndo os receber. Recebeu um olhar reprovador de Marina ao ver que estava usando shorts extremamente curtos, era os tempos modernos.
- Marina eles será muito bem cuidada, não há com o que se preocupar – E pegou Heloise dos braços da mãe. A pequena choramingou um pouco. Enquanto as outras crianças entraram correndo no apartamento.
- Não chore princesinha. Você viu Joana ela é esquentadinha igual você. – Diego comentou, Joana revirou os olhos enquanto Dante e Marina riram.
- Não iremos demorar. – Dante falou – Cuidem da nossa princesinha. – Marina deu um beijo em Heloise e saiu segurando a mão de Dante.
- A onde você quer tanto me levar que precisamos deixar nossa filha com eles?
- Surpresa meu amor – Ele sorriu e sapecou um beijo na boca dela.
- Meu querido esposo, se formos a missa e alguém fizer algum comentário do meu belo e tradicional véu eu vou perguntar por que raios não falam daquelas mulheres de short, falta de respeito. – Dante gargalhou mesmo sabendo que sua esposa estava certa, e mais ainda ela, tinha certeza que ela não esqueceria seus valores.
Entraram no carro e ele dirigiu por uns vinte minutos até chegarem a uma praça onde aconteceria um show a céu aberto. Entraram na área vip e pararam lá na frente.
- Um show?
- Um show especial meu anjo. – Então os cantores entraram no palco e gritaram boa noite levando o público a loucura. Dante abraçou Marina por trás e ela segurou a mãe dele. Sentiu lagrimas de felicidade lhe brotarem nos olhos quando começaram a cantar:
“Para falar do amor de verdade, vou começar pela melhor metade, te mostrar tudo de bom que tenho e se for preciso eu desenho, que eu amo você, que eu quero você, a outra metade é defeito você vai saber de qualquer jeito, anjo ou animal, suave ou fatal. O que de um grande amor se espera é que tenha fogo que domine o pensamento e traga sentido novo. Que tenha paixão, desejo. Que tenha abraço e beijo. E seja a melhor sensação, que preencha a vida vazia mande embora a agonia e que traga paz pro coração. É você, é você.”
- Dante, eu não acredito é a nossa música! – Ela o abraçou e eles começaram a dançar devagarzinho ali sem se importar com a multidão. – Obrigada meu amor, muito obrigada meu amor.
- Ah meu anjo! – Falou na certeza de que era aquilo que ela era, um anjo na sua vida. – Eu te amo tanto!
- Eu também te amo, dois séculos não acabam com esse amor.
- Nem mais dois milênios acabarão eu te prometo.
- Eu amo você, eu quero você! – Ela cantou no ouvido dele enquanto pensava como a vida havia sido gentil para com ela. Dante por vez sorriu e a envolveu nos braços na certeza de que havia encontrado o amor da sua vida, sentindo-se forte por ter sido capaz de acha-la mesmo que dois séculos os separassem e mais do que tudo estava agradecendo ao céu por ter levado aquele espelho para casa.



O espelho de SkinnerOnde histórias criam vida. Descubra agora