capitulo 19- as batidas do meu coração

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    Todos os olhares, tortos e curiosos, dentro da grande agencia de polícia, dirigiam-se para a mesa do Detetive Dante Cortez. Ele não tinha tempo para se querer ligar para eles, na verdade nem os enxergava devido a tantas lagrimas. Se peito havia sido aberto ao meio, seu coração dilacerado em cem mil pedaços e o amor de vida seria tirado para sempre.
- Eu tenho que impedir. – Gritou ainda chorando.
- O que está acontecendo aqui? – Perguntou a chefe ao sair de sua sala.
- A namorada dele... -Começou Diego a responder. – Foi raptada.
- O que? Vamos mandar toda equipe para lá.
- Não adianta- falou Dante.
- Ela foi morta detetive Cortez? Vamos mandar o máximo possível da força policial para prender os bandidos.
- Ela não foi raptada, ela me deixou. – Todos na agencia gargalharam pensando que o temido Dante havia sido deixado para trás. Dante chutou uma mesa a derrubando com computadores e papeis. Saiu furioso da agencia.
- Dante onde você vai?
- Onde eu vou Diego? Adivinha!
- Você não pode ir hoje o portal já se fechou.
- Muito obrigado por ter dito que ela foi raptada. Você pretendia que que toda força policial atravessasse um espelho e salvasse Marina.
- Me desculpa eu não sabia como resolver.
Dante caminhou ainda mais depressa sem responder a Diego que insistiu em ir atrás dele.
- Dante espera.
- Me deixa em paz. – Gritou de volta.
- Dante se acalma e depois você age de maneira...
- Cala a boca.
Diego ficou para trás enquanto Dante caminhava cada vez mais rápido. Sussurrou baixinho na esperança de que Marina ouvisse:
- Não se preocupe meu amor, irei salvar você, tudo ficará bem.
Dante estava apavorado, uma parte sua havia sido arrancada e ele precisava recupera-la de pressa ou seria tarde demais. Como poderia viver sem sua Marina? Aceitaria com dor ficar sem ela somente se ela assim quisesse e fosse feliz. Não podia deixar que ela fosse porta por Sebastian, para encostar um dedo nela ele teria que passar por cima do cadáver e do fantasma dele.
Não sabia o que fazer, o desespero o consumia, só iria chegar em sua casa e ficar perto do espelho, contado os dias, minutos e segundos para a próxima lua nova. Iria arrancar Marina de lá ela querendo ou não, talvez matasse Sebastian primeiro, a ordem não importava muito.
Pegou sua nova moto e saiu a 200km por hora, estar sob a moto o acalmava, lhe dava a sensação de poder e liberdade, mas agora nem isso lhe acalmava, só Marina era capaz.
Tentou frear a moto quando viu que uma caminhonete ultrapassou o sinal vermelho da rua de encruzilhada. Tarde demais.
Sentiu seu corpo colidir com a fria pedra da rua depois de voar por cima de um carro estacionado. Não sentia nenhuma parte de seu corpo, mesmo zonzo viu sangue na rua e vidros quebrados próximos de si, via também carros e motos freando em alta velocidade, olhares curiosos dirigiam-se a ele mais uma vez. Não teve forças para gritar de dor pois concentrou tudo o que restava em pensar na nobre Marina Flamelle e por pensamentos prometer que iria a salvar. Fechou os olhos sem querer fecha-los.

- Nãooo! – Gritou Marina deixando a xicara de chá cair ao chão. Levou a mão ao peito sentindo um fincão dolorido. – Dante! – Murmurou sem que sua mãe entendesse.
- Minha filha. Você está bem? – Marina chorava.
- Josefa! – Gritou Maria Laura. – Josefa rápido.
- Aqui estou senhora.
- Mande Eliot ou alguém dos estábulos buscarem o doutor na vila rapidamente, minha filha não passa bem.
- Ai meu Santo Inácio de Loyola.
- Rápido criada.
Josefa retirou-se da sala. Marina chorava compulsivamente, Maria Laura não ousou a abraçar e molhar seu vestido de seda da índia.
- Acalme-se menina.
- Ele não irá voltar.
- Sebastian está bem.
- Não voltará para mim, sinto que não.
- Joanaaaa! Josefaaa acudam. – As criadas chegaram no mesmo instante. – Levem minha filha para o quarto, o doutor já deve estar a caminho.
Duas horas depois...
- O que ela tem bom doutor?
- Nada aparentemente, Sua menina está saudável. Creio que seja apenas nervosismo devido o casamento.
- Não precisa se preocupar meu anjinho, mamãe está aqui você logo se casará e tudo ficará bem.
- Mande chamar Sebastian. – Maria Laura sorriu diante do que a filha dizia.
- Claro minha filha.
Uma hora havia se passado, o cavalo de Sebastian galopava rumo as terras dos Flamelles.
Da janela Marina via seu futuro aproximar-se. Valeria apena deixar algo solido por sua paixão por Dante? Não sabia, mas esperava que sua intuição estivesse errada, Dante teria de voltar por ela. Pouco importava, já estava muito confusa e não sabia o que fazer, não tinha mais a quem ouvir, ouviria apenas as batidas de suplicas do doloroso coração.
- Aqui estou meu amor. – Disse ele ao entrar em seu quarto.
- É você está aqui.
- Vim o mais rápido possível assim que recebi a notícia de que padecias no leito.
- Por favor me deixem a sós com meu noivo. – O olhar de Marina dirigiu-se a mãe e as criadas.
- Mas minha filha isto não convém a uma dama.
- Não há com o que se preocupar a porta ficará aberta.
- Sou um homem honrado senhora Baronesa, nada irá acontecer a sua filha.
Maria Laura desejava escutar atrás da porta, mas as criadas estavam com ela e não podia permitir que aquelas mexiriqueiras ouvissem uma palavra se quer do que Marina tinha a dizer a Sebastian.
Desceu as escadas rumo a sala principal contrariada rezando em silencio para que sua filha não fizesse uma burrada e perdesse o noivo, precisa que este casamento acontecesse o mais rápido possível, mas antes disso tinha um plano a cumprir, tinha pessoas a se livrar e também tinha a boca de Eliot para manter fechada.
-Diga-me o que queres meu amor e mesmo que seja a lua eu te trarei.
- Ah Sebastian você é um homem tão bom. – Ele pegou a mão de Marina e a levou aos lábios.  
- Eu sinto muito.
- Por que?
- Por não conseguir lhe amar como mereces.
- Esse amor irá surgir com o tempo.
- Não irá, eu lamento.
- Do que estás falando?
- Aquela manhã enquanto passeávamos no jardim lhe pedi um beijo. Tinha certeza de que dando-te meu coração seria seu para sempre. Eu estava enganada, não posso te dar o que já não me pertence.
- Você ama a outro? – Ela consentiu com a cabeça.
As lagrimas vieram de encontro aos olhos de Sebastian, ele não permitiu que elas lhe caíssem sobre o rosto. Seu coração estava ferido, a menina que ele se apaixonou desde o primeiro olhar, desde a primeira dança amava outro.
- Quem é ele? – Sebastian falou com amargura.
- É de muito longe. – Ela chorava, não por ela, por Sebastian. Ele era um homem tão bom que merecia ser feliz e ela uma ingrata que seguia seu inútil e seduzido coração.
- Quem é este homem? – Ele gritou.
- Dante Cortez.
- O que ele faz da vida? Como ele poderá te sustentar?
- Ele é um general. – Não podia falar detetive pois ele não entenderia, também não queria ter te explicar que ele viaja no tempo. Se falasse isso Sebastian a mandaria para um internato.
- Um general.
- Me desculpe por tantas magoas, por te abrir tantas feridas, por ser sua noiva.
- Então você trocará um conde por um general?
- Não me importo com classes sociais, nunca me importei Sebastian.
- Você me chamou aqui para me pedir que rompa com esse noivado ou para partir meu coração e pisar nas migalhas?
- Peço que me libertes deste noivado, mas se não me permitires deixar-te viverei contigo por honra de minha palavra.
- Viverás comigo se eu não libertar-te mesmo amando esse general?
- Pensei em fugir com ele. Mas estaria jogando meu nome na lama. Creio que tudo possa ser resolvido com uma conversa. Os tempos modernos estão chegando, não precisamos agir como tolos, podemos resolver tudo civilizadamente.
Nem ela sabia o que fazer. Honra e amor. Ambos eram tão importantes para ela e não conseguia conciliar os dois. Manteria sua honra casando-se conforme sua palavra. Perderia o amor de sua vida se casasse por honra de sua palavra.
- Diga-me Senhorita Marina, até onde vós fostes com esse tal de Dante? Você se deu a ele?
- Não fui a esse ponto meu caro Sebastian, dei a Dante somente meu coração.
- Você o beijou?
- Sim.
- E como pode me enganar por tanto tempo Marina?
- Nunca lhe enganei. Tudo aconteceu tão de repente que ...
- Então você já estava noiva.
- Infelizmente Sebastian.
- Eu não vou te deixar ir embora Marina, você se casará comigo.
- Como você pode querer se casar comigo depois de tudo que eu lhe fiz?
- Porque eu te amo.
- Mas eu não te amo. Eu amo Dante. Desde o primeiro momento em que o vi e o amarei até o fim de minha vida.
- Você não sabe o que diz. Se casará comigo, será a senhora Lerand e futuramente a condessa. Você é minha Marina, será a mãe dos meus filhos e um dia esquecerá esse general.
- Meu corpo pode ser seu, minha vida pode ser sua, mas meu coração nunca será. Eu poderia viver duzentos anos, e nunca esqueceria Dante. Como poderia esquece-lo se a imagem dele e cada uma de seus promessas e lembranças estão gravadas em minha alma?
- Você o ama de verdade?
- Amo.
- Claro que ama, você deu até seu colar de turquesas para ele.
- Como você sabe?
- Ele não está em seu pescoço, onde mais estaria?
- Você percebeu isso?
- Diga-me minha noiva, você acredita que ele corresponda a seus sentimentos?
- Creio que sim.
- Ótimo. Lhe darei uma prova de meu amor.
- Que prova?
- Te libertarei deste casamento se ele me provar que te ama como eu te amo.
- Sebastian, eu não sei como agradecer.
- Sendo feliz. Desejo sua felicidade mais do que tudo meu amor.
- Você encontrará alguém que te faça muito feliz, alguém melhor do que eu, que seja capaz de amar acima de tudo, alguém que te de o coração no primeiro olhar e se apaixone a cada dia por você.
- Desejo que seu general venha buscar-te como prova de amor.
- Como posso lhe agradecer?
- Não lembrando-te de mim como aquele que causou sua infelicidade, mas como um grande amigo.
- Para sempre meu grande amigo, irei lhe escrever e lhe ser útil em tudo que estiver ao meu alcance.  Mas se seu general não vir lhe buscar, você se casará comigo pois se ele não lhe amou eu te amarei como mereces.
- Obrigada meu caro Sebastian.
Sebastian havia arranhado seu pulso tentando conter a raiva, Marina não seria deste general, na verdade preferiu acreditar que ela era uma tola, uma sonsa e o general um libertino que se aproveitará de sua ingenuidade.
Ele não passaria a vergonha de um noivado desmanchado pois sabia que esse libertino não voltaria para busca-la.



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