Cinco anos antes...
- Por aqui! – Ordenou o detetive Cortez subindo as escadas luxuosas que lavavam aos da mansão de praia da senhora Betina. Era seguido por mais de trinta agentes das forças especiais com armas de grandes portes.
Engatilhou a arma e respirou fundo, havia sonhado com aquele dia a vida inteira e ele finalmente havia chegado, era mais que uma questão de honra, tratava-se de uma questão de puro orgulho.
Deu sinal para que arrombassem a porta e então as forças especiais invadiram a mansão vendo claramente que a senhora Betina batia em uma criança com uma cinta, ao canto esquerdo da sala havia mais algumas crianças magras e com hematomas, no canto direito outra criança varia o chão entre lagrimas.
A mulher assustou-se com a chegada da polícia e largou a cinta ao chão.
- Betina Cortez, você está presa por maus tratos e exploração de menores. Ajoelhe-se e erga as mãos.
- Deve estar acontecendo um mal entendido por aqui.
- Ajoelhe-se e levante as mãos. – Dante gritou com toda raiva que trazia no peito.
A mulher obedeceu, ao mesmo tempo em que o policial Diego a algemava.
- Betina Cortez, você tem o direito de permanecer calada, todas as palavras que dizer podem ser usadas contra você no tribunal.
- Você não pode fazer isso comigo, eu sou sua mãe.
- Você nunca foi minha mãe. – Ele continuava com a arma apontada para a mulher.
- Vai me matar depois de tudo o que eu fiz por você?
- Você me usou, me explorou, me fez ser um homem rude. Mas não, eu não vou matar você Betina, você vai viver muito para me pagar por cada criança que maltratou.
- Dante, podemos resolver isso de maneira civilizada, quanto você quer para esquecer esse mal entendido?
- Leve-a para a cadeia e prestem socorro a estas crianças.
- Vocês não podem me prender eu tenho câncer, eu não posso me tratar na cadeia.
- Você vai se tratar e vai morrer na cadeia sua vagabunda. – Fez sinal para que a levassem. Betina começou a gritar:
- Dante você vai me pagar por isso! Dante Cortez eu vou mata-lo, meu pessoal irá atrás de você.
- Devia ter matado antes Betina.
Três policiais a levaram, os outros foram fiscalizar a casa e alguns médicos que os acompanhavam foram prestar socorro as crianças. Já Dante estava com o coração a palpitar forte, naquela sala todas as lembranças se faziam vivas, lembrava-se de casa surra que levou naquela casa, de quantas vezes foi obrigado a trabalhar duro cortando grama, carregando pedras para grandes construtoras, de quantas vezes foi abusado naquela casa, e tudo isso quando era apenas uma criança que devia brincar e aprender as graças da vida. A vida não havia sido gentil para com ele, até os sete anos viveu em um orfanato e então aquela mulher o adotou e ele ficou preso naquela casa até os dezesseis anos.
Por vezes chamou a polícia civil, mas Betina tinha fortes contatos lá dentro, então eles a avisavam que a polícia estava indo a investigar e ela colocava as melhores roupas nas crianças, fazia bolo de chocolate e ameaçava a morte a quem dissesse um pio sobre a verdade que viviam naquela casa.
- Seu polícia. – Dante saiu dos devaneios e olhou para a garotinha suja que o cutucava.
- Oi. – Ele abaixou-se.
- Obrigada por vir prender a titia, ela era malvada.
- Ela já foi embora. – Falou entendendo as dores daquela garotinha.
- O que vai nos acontecer agora?
- Vocês vão voltar para o orfanato, ficará tudo bem.
- E outra titia malvada vai nos adotar?
- Não, uma boa família irá os adotar.
- Você e sua esposa?
- Não, eu não tenho esposa e acredito que não seria um bom pai. – Dante não suportava a ideia de se casar e ter filhos, julgava ser coisas de gente do século passado. Naquele momento teve certeza que não desejava ter filhos devido ao grande esforço que fazia para conversar sendo gentil com a garotinha.
- Você vai se casar com uma bela princesa seu policial e ter uma família grande e barulhenta.
- Eu acho que não.
- Você vai, você é como os príncipes de muitos anos atrás, vai achar sua princesa.
- E onde minha princesa está?
- Você vai saber que é ela quando a ver.
Dante tentou não ser rude com a menina pois ela havia passado por muitas coisas nas mãos daquela mulher, era bom que acreditassem em princesas para fugir da dor que a cercava.
- Ei menininha, sou a doutora Brise e preciso examina-la para ver se está tudo bem, pode vir comigo? – A medica falou ao se aproximar, a menina segurou sua mão e a acompanhou, mas antes dirigiu um aceno a Dante.
- Tchau policial, não se esqueça do que eu lhe disse. – E sorriu docemente.
- Tchau. – Ele responder suspirando fundo.
Com passos apressados retirou-se da casa, aquelas memorias o atormentavam.
O que importava agora era que o pesadelo havia acabado, crianças foram salvas, ele foi vingado e Betina estava presa.
Havia vivido em função daquele dia, daquele feito e ele durará apenas segundos. Naquele momento decidiu que dedicaria a vida a caçar e prender pessoas como sua mãe, e desempenhou seu papel com perfeição.
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Na imagem nosso detetive Dante Côrtes.
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O espelho de Skinner
Gizem / GerilimO detetive Dante Côrtes, um homem frio e cético do século XXI jamais imaginou que investigar um caso - aquele caso - mudaria sua vida, seu destino e seu passado. Seu objetivo naquele instante era encontrar o assassino de Skinner Flamelle o cientis...