Já haviam voltado para o apartamento de Diego, Dante passaria a noite lá e na manhã seguinte pensaria sobre para onde iria. Diego já havia ido se deitar e na insônia de tanta coisa acontecendo Dante em sua cama improvisada na sala lia e relia o papel encontrado no laboratório de Skinner.
Desvendaria aquele enigma em minutos, não era de difícil compreensão.
- Ainda bem que Skinner era cientista e não filosofo. – Ele debochou. Assim ele desvendaria o enigma em segredo sem precisar de um interprete ou sem ter que estudar literatura e filosofia mais a fundo.
Quando a lua nova chegar o espelho brilhará – Isso era fácil – Pensou. – Toda lua nova o espelho se transformaria no portal.
E por oito minutos a ciência reinará –Por oito minutos o portal ficaria aberto. – Devia de ser isso, e comprovava que Skinner havia criado alguma coisa que fazia o espelho voltar no tempo já que dizia “a ciência reinará”
Primeiro as duas horas durante a madrugada, segundo as sete da noite e terceiro as dez da manhã e então o ciclo volta. – Precisava decorar esses horários para ir visitar a bela Marina – Pensou sorrindo sozinho.
Uma vez quebrado a magia findará. – Não quebrar o espelho e não deixar que ninguém toque ele, de preferência que ninguém o veja ou saiba de sua existência!
Não ultraje a dama que mora lá! –Precisava perguntar a Marina se mais alguém tinha ido parar em seu quarto, - Tinha quase absoluta certeza que não, pois ela ficou tão surpresa quando o viu pela primeira vez - mesmo que Skinner fosse um Flamelle ele não devia ir no quarto dela, afinal ela se escandalizava fácil, só Dante podia, já que só ele era amigo dela.
Um Flamelle, dois Flamelles, três Flamelles – Hum... Isso estava mais complicado. Marina havia dito que não tinha irmãos e seu pai também não, se o pai havia falecido ela era a última Flamelle, mas Skinner também era um Flamelle. Então como era possível?
O sangue correu no passado e no futuro correrá, descobri tarde para duas vidas salvar, resta um Flamelle. –Huum, um tanto confuso. A interpretação mais óbvia seria que o pai de Marina e Skinner morreram, resta Marina. Devia de ser isso. – Mais uma vez pensou.
Enfim, nenhum enigma tiraria sua felicidade de poder visitar Marina em todo dia que fosse lua nova. Ele só precisava decorar os horários e tomar cuidado para não perder o horário no último dia da lua nova, caso isso acontecesse ele ficaria preso no século XIX.
Mas Marina ia casar-se! E se ela não levasse o espelho para a nova casa? Como ele iria vê-la? Dante também tinha outro problema, o marido dela não iria gostar nenhum pouco das suas visitas noturnas, com certeza não! Dante não se importava, nunca ligou para a opinião alheia e não iria ligar agora. A menos que... que isso prejudicasse ela.
Não, não queria lhe causar transtornos, de modo algum. Pensou na possibilidade de esquecer tudo o que aconteceu, de esquecer a viagem e esquecer Marina, mas não foi capaz nem de cogitar tornar isso real. Não se esqueceria da mulher mais bonita que já viu em toda sua vida, mesmo usando aqueles vestidos esquisitos – Ele tentou a imaginar com uma calça jeans, uma camiseta do Nirvana e maquiagens que não eram feitas de pó de arroz. – Não esqueceria de modo algum da menina mais tímida e pura que conheceu, a menina que ficou escandalizada só o vendo sem camisa, a menina que mentiu para protege-lo, que cantava sobre flores raras e o ensinou a jogar xadrez.
Precisava ir vê-la mais uma vez e lhe levar para ela uma mala com algumas coisas uteis que ainda não existiam por lá, como canetas, um caderno legal, maquiagens e umas peças de roupas modernas, um celular só para que ela visse como é genial a tecnologia, também levaria alguns absorventes – com certeza ela ia querer absorventes, afinal isso ainda não existia por lá e seria muito útil. – Ah e não podia esquecer de adicionar chocolates da Laka e se possível um cachorro quente com bastante maionese, mostarda e ketchup.
Mesmo que quisesse ele não era capaz de esquece-la e mesmo que ela não quisesse mais o ver por causa do marido, ele atravessaria o espelho durante a noite só para checar que ela estava bem, que estava feliz, afinal o portal ficava aberto por oito minutos, oito minutos eram suficientes para ver aquele rosto angelical e ter a certeza de que ela estava segura.
Dante ainda não havia percebido que agora ele a colocava antes de qualquer coisa em sua vida, não tinha percebido que um dia fez com que ele a conhecesse melhor que qualquer outra pessoa a conhecia. Que agora Dante já não respirava porque o ar lhe vinha aos pulmões, mas porque mesmo com dois séculos de distância precisava protege-la. Mas de uma coisa Dante tinha absoluta certeza, que antes de morrer em sua mente estaria a lembrança dela e morreria feliz por lembrar das covinhas daquele sorriso e do brilho daqueles olhos, lembraria do nome que mudou sua vida Marina Flamelle.
E ele adormeceu com esse pensamento.
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O espelho de Skinner
Misterio / SuspensoO detetive Dante Côrtes, um homem frio e cético do século XXI jamais imaginou que investigar um caso - aquele caso - mudaria sua vida, seu destino e seu passado. Seu objetivo naquele instante era encontrar o assassino de Skinner Flamelle o cientis...