A MINHA CHANCE

Capítulo 11

Viviane

O restante dos dias passaram de forma rápida, Elis teve que voltar ao trabalho, mas com a baixa temporada, está vindo algumas noites pra casa, nesse meio tempo nos reunimos com a comissão que vai apresentar a causa para as autoridades e enfim conseguimos uma reunião com a secretária do meio ambiente, estamos chegando perto de acabar de vez com a festa dessas empresas e de políticos corruptos que não medem esforços para conseguirem mais e mais dinheiro, sabemos que não será fácil, mas ao menos com as provas que temos, e com a secretária do nosso lado, o momento chegará.

Trabalhei durante essas reuniões, colhendo informações e fazendo imagens com minha câmera, já pensando na primeira matéria que irei liberar, o que me fez pensar que realmente precisávamos gritar ao mundo o que estava acontecendo naquele vilarejo, com a natureza pura que fazia daquele lugar um berçário de seres que buscavam segurança, e pra conseguir apoio da imprensa eu teria que falar com meu tio.

Baixo minha cabeça pensando em como eu pude ser uma pessoa tão desprezível, que saí do meio jornalístico sem deixar ao menos um amigo a quem pudesse conversar e saber como as coisas ficaram lá na redação, eu só consigo sentir um vazio em meu peito, eu não mereço nada, mas ao mesmo tempo eu quero tudo.

Quero meu tio de volta, quero mostrar que sou uma boa pessoa, mas não quero que pense que o estou procurando apenas para causar estardalhaço, apenas do fundo de todo meu coração preciso ajudar essas pessoas a conseguirem salvar o recife, e pra isso levanto da rede da varanda onde estou sentada e vou até meu quarto onde terei a privacidade que preciso.

Respiro fundo e disco o numero que há muito tempo não procurava, espero trêmula o celular responder, e ao primeiro toque, ele atende.

- Viviane? Aconteceu alguma coisa? - ouço sua voz preocupada e não consigo deixar de sorrir, mesmo nervosa.

- Tio? Eu preciso de sua ajuda.

- O que houve? Você está bem? Se machucou?

- Não, estou bem - busco o ar - É sobre trabalho, preciso cobrir algo muito grave que está acontecendo aqui, preciso que me dê a oportunidade de mostrar que sou boa jornalista, que ainda tenho chances de fazer algo útil.

- O que está acontecendo Viviane? - Sua voz grave me faz perceber que está desconfiado de que me meti em encrenca.

- Antes que pergunte, não estou fazendo nada errado, apenas tenho uma história em mãos, é mais que uma história na verdade, é uma denuncia, isso vai explodir tio, e preciso colocar a publico, a sociedade precisa saber! - Me atropelo nas palavras afoita, puta merda, estou realmente nervosa, me sinto uma garotinha tentando provar aos pais que é capaz.

- Filha, preciso que me conte do principio, sobre o quê está falando?

- Sobre o recife que meu pai lutou pra cuidar, lembra? Estão explorando o local com navios de pesca, que depositam seus resíduos de óleo no mar, poluindo os recifes e destruindo as chances de muitas espécies de reproduzirem, é um crime sério, Osmar. - Enfim consigo colocar em palavras coerentes o anseio que bate aqui dentro, só espero conseguir esse apoio.

- Osmar?

- Osmar, não é assim que você sempre exigiu que o tratasse quando o assunto fosse trabalho? Então, estou te procurando e oferecendo uma história, sei que não é seu departamento, mas sei que tem condições de me colocar em contato com quem possa levar a matéria ao ar, pra que todos vejam o que esta acontecendo aqui.

- Viviane, como você chegou a essas pessoas? Como conseguiu se meter em algo que eu pensei que havia morrido com o cabeça dura de seu pai? - para minha surpresa, sinto sua voz exaltada e o barulho de algo caindo. Sento em minha cama, tentando entender o que há de errado no que estou fazendo. - O caralho de Osmar, sou seu tio, estou falando com minha sobrinha!