A MINHA CHANCE

Epilogo

Seis meses depois

Fecho os olhos e aproveito a brisa que vem do mar e relembro do dia que disse sim a Theo, há três meses, aqui mesmo nessa praia, junto de todos nossos amigos, num dia perfeito casamos numa cerimonia simples, porém com tudo que sempre sonhei em ter: uma família.

Meu Tio, me levando sobre as esteiras de palha espalhadas pelo chão até ao altar com Theo me esperando ansioso, sim, como toda noiva atrasei por uns minutos, mas valeu cada minuto ao ver sua expressão de pura admiração ao me ver vestida de noiva. Ainda sinto a energia no ar, Bebê ao lado de Nina, tão comportado, parecia entender a importância da ocasião e a responsabilidade de trazer as alianças, minha, de Theo e Nina, a menina também ganhou um anel simbolizando o nosso compromisso de amor, um com o outro, nos tornando naquele momento mágico, família.

Demorei pra entender que tudo o que aconteceu no passado, serviu para me fazer a mulher que sou hoje, e sinto imenso orgulho de ser quem sou e de estar aqui, nesse lugar, onde aprendi amar.

Tudo que meus pais iniciaram anos atrás, conseguimos consolidar, a ONG enfim voltou a funcionar, o centro filantrópico da cidade voltou a atender jovens, crianças e todo mundo que gostaria de aprender uma profissão, a associação de pescadores é algo real e o recife devidamente protegido, como deveria ter sido desde o inicio.

Hoje em dia ninguém o visita sem prévia autorização, virou berço de estudos pra jovens estudantes e cartão postal para pequena ilha, que aos poucos retoma o crescimento natural de qualquer lugar, mas com o respeito pela sua história.

Ainda tem muita coisa para acontecer, mas com o tempo, chegaremos lá.

Nesse momento só quero estar só e pensar um pouco nos últimos acontecimentos, em como Nina se tornou oficialmente minha filha, me chamando de mãe pela primeira vez na noite passada, meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar de cada detalhe.

— Boa noite minha querida. — a coloco na cama em meu antigo quarto, que foi redecorado para ela, com minhas antigas bonecas enfileiradas numa prateleira perto da cama aonde ela passa horas brincando.

Desde o casamento, Theo se mudou para a minha casa e derrubamos a cerca que dividia nossa propriedade, Meire preferiu continuar na casa vizinha, e Nina continua se dividindo entre nossa casa e a casa da avó. — durma com os anjos, eu te amo princesa.

— Também te amo, mamãe. — paro de ajeitar seu lençol e a vejo me olhando com seus olhos inocentes engulo em seco, embargada de emoção — você é minha mamãe não é?

— Sim, sou sim.

— E vai demorar muito pra eu ganhar um irmão? — rio dela, Nina sempre é assim, com suas perguntas diretas.

— Irmão? Por que não irmã?

— Porque irmão não vai mexer nas minhas barbies, você as guardou pra sua filha e me deu, então sou sua filha, e quero guardar igual você fez. — explica baixinho e meu coração se enche de orgulho dessa pequena menina, como pode o coração amar tanto assim? — Não quero que estraguem nossas bonecas.

— tá certo, mas vamos combinar uma coisa? — ajeito seu cabelinho e beijo a ponta de seu nariz — se você ganhar uma irmãzinha, iremos dividir a responsabilidade de cuidar das bonecas com ela, ok? Ela vai amar ajudar você a cuidar da coleção.

— Vamos dividir? Igual divido meus brinquedos na escola?

— Isso.

— Tá bom, mãe. — boceja e se ajeita sob as cobertas — então pode ser menina, minha irmã.