Capítulo 12

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Viviane

Meu tio senta ao meu lado na areia fofa com Bebê pulando sobre ele.

— Oi. — brinco com os grãos entre meus dedos tentando ignorar os batimentos acelerados do meu coração.

— Eu não vim do Rio até aqui para ser incinerado debaixo desse sol quente. — Sua tentativa para desanuviar o ambiente só causa um sorriso amarelo em meu rosto e me levanto, limpando a areia presa em meu short.

— Vamos pra casa, não quero mais uma morte me minhas costas. — ele balança a cabeça e me segue pela trilha até em casa.

Não consigo relaxar em sua presença mais, sinto a tensão ali entre nós desde que saí daquele maldito hospital para terminar de me recuperar em casa, apenas com a presença de uma enfermeira para ajudar, me doeu ele jamais ter entrado em meu quarto, ao menos para me perguntar como estava, demonstrar que se importava, mas no fundo, sei que mereci, mas a mágoa ainda me corrói.

Chegamos em casa, e Dedé logo nos serve um suco de melancia gelado, e sento na rede da varanda esperando o que ele tem a dizer, ainda chocada com a vinda tão rápida dele.

— Viviane, pela milésima vez, você não tem culpa da morte daquele canalha. — Ele se refere a Diogo, o famoso ator, que me envolvi por ambição.

Logo depois de quase acabar com minha vida, Diogo morreu tentando fazer Samira de refém, ele armou uma emboscada pra ela e numa luta corporal entre os dois, um tiro foi disparado acertando o coração dele. Quando meu tio contou no hospital todo o ocorrido, me fez ver o monstro que havia me tornado, eu o ajudei, eu dei os horários, todo o serviço pra ele sobre minha colega, e quando percebi que ele estava ficando perigoso, era tarde demais, entrei naquele hotel disposta a impedi-lo de fazer uma loucura, mas não fui capaz, ele simplesmente me espancou e partiu em seu objetivo.

— Não queira minimizar a minha culpa, tio. Sei bem o que fiz, arrependimento não muda nada, mas garanto a você, eu aprendi a minha lição me sinto outra pessoa, as vezes parece que o que aconteceu foi com outra pessoa, mas a realidade vem e sim, eu fui tola, arrogante e infeliz, mas não tenha pena de mim, eu mereço cada olhar daquelas pessoas me julgando e culpando por tudo.

— Eu não minimizo o que você fez, Vivi, mas é passado, você está respondendo por isso, e não pode deixar sua vida girar em torno do seu erro. — baixa a cabeça e o olho surpresa. — Mas não vim aqui pra isso, vim pelo que você pediu ao telefone, e não sei se é possível atender, Viviane.

O que?! Como assim, não sabe se é possível me atender? Se ele que é diretor executivo e sócio majoritário de uma emissora de grande porte não pode me ajudar, a quem devo recorrer? Vejo os planos de ajudar o projeto fugir pelas minhas mãos, e simplesmente não consigo pensar em outra pessoa disposta a ajudar de verdade, a ser justo, a imprensa tem desses casos, nem todos são sérios, e tudo que não precisamos no momento é de especulação, e sim de seriedade, e infelizmente não deixei boas amizades no meio jornalístico, ah como eu me arrependo de ter sido tão burra e fútil quando tive chance de trabalhar seriamente e crescer por méritos.

— Eu irei pagar até quando pelos erros que cometi? — Tento segurar a raiva que me invade, sei que se explodir perderei qualquer chance que possa existir de conseguir seu apoio. — Você diz que o passado é passado e vem aqui pra que? Me punir? — Não me seguro, provoco, porque sou assim, sou geniosa e explosiva, e ele está simplesmente tirando a oportunidade que tenho de fazer algo bom, e não vou permitir.

Respiro fundo, preciso ter controle, mostrar que realmente tenho intenções idôneas, sinto que é necessário provar a ele que mudei.

— Não é nada disso, Viviane...

A MINHA CHANCEWhere stories live. Discover now