Capítulo 15

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Viviane

O dia da festa da comunidade chega enfim, e com ele a ansiedade que me acompanha nos últimos dias parece tomar proporções gigantescas.

A matéria pronta, já deve estar em todas a redes, já que foi liberada na pagina principal e em destaque na pagina da internet da emissora e um frio na espinha sobe pelo meu corpo, avisando que voltei, sim, a matéria levará meu nome, e isso me assusta um pouco, não sei como será vista por meus antigos colegas, os que prejudiquei no passado, mas respiro fundo e termino de me arrumar para seguir para a festa com meu tio e Elis.

Caminho até o quarto dela e abro a porta para apressá-la e a cena que vejo confirma o que tenho notado nos últimos dias.

Limpo a garganta e quase caio na risada ao ver meu tio vermelho e Elis ofegante, sentada em seu colo e o batom espalhado pelo rosto devido aos beijos que trocaram.

— Tudo bem por aqui? — pergunto seria, segurando o riso.

— Tudo ótimo por aqui. — Elis responde e Tio Osmar gagueja embaraçado, afinal nunca o vi com ninguém, meu tio não é de namoros, e se teve mulheres quando moramos juntos, nunca vi, ele sempre foi discreto.

— Precisamos ir. — levanta da cama, depositando Elis ao seu lado — Nos vemos mais tarde?

— Sim — eles se olham apaixonados e me surpreendo com a intensidade dos dois, pelo visto temos romance no ar. Ele passa por mim e sorri amarelo saindo do quarto fechando a porta atrás de si.

Elis e eu nos olhamos e caímos na gargalhada.

— Como isso aconteceu? — pergunto ofegante

— Oras, aconteceu. — ela encolhe os ombros

— Ah não, você me fez contar detalhes de Theo e eu, agora vai me contar tudo! — Cruzo os braços esperando resposta e ela vai ao espelho retocar o batom borrado, lembrar Theo, faz meu coração palpitar em meu peito, sei que hoje ele estará na cidade, desde o dia que nos encontramos em casa, não o vi, e a saudade esta me matando.

— Viviane, sabe que descrição não é meu forte, mas porra! É seu tio, vamos deixar assim, está bem? Estamos apenas nos conhecendo, nada demais...

— Nada demais, sei. — a olho desconfiada, minha amiga parece bem envolvida pra que não seja nada demais, mas respeito seu espaço. — Então né, vamos pra festa, hoje o dia será longo.

— Você já viu as redes sociais? Está em tudo quanto é canto sua matéria, e bombando!

— Não vi, eu estou tensa e com medo, sabe faz tempo que não...

— Viviane! Não se atreva a se acovardar agora! Sabe que fez um excelente trabalho, seu tio não se aguenta de orgulho, não deixe que a insegurança atrapalhe, amiga! — pega minhas mãos frias e me abraça.

— Não deixarei, mas tenho medo, Elis, isso pode...

— Isso vai ser muito bom, entendeu? — me encara nos olhos e assinto. — agora vamos, minha mãe esta na barraca das comidas e espera a gente lá e um certo veterinário deve estar morrendo de saudades, soube que ele voltou.

— Como sabe?

— Ontem vi luz vindo da casa dele, e ele não poderia deixar de vir à festa né? É hoje que o prefeito terá que responder por tudo que vem acontecendo por aqui!

Não escuto mais nada, há dias vigio a casa dele buscando algum sinal que ele esteva lá, mas só via escuridão, e me fechava em meu quarto para deixar as lagrimas lavarem meu travesseiro até dormir, foram dias de trabalho duro, em busca de depoimentos, de imagens perfeitas e de amanhecer em frente à câmera, fingindo que estou bem. Dias me convencendo que essa distancia é boa, que ele seguiu em frente e eu fiquei, mas que tinha que ser assim, isso era meu castigo por ter sido tão sacana em minha vida. Mas agora ele está aqui, e eu sei que vou vê-lo.

A MINHA CHANCEWhere stories live. Discover now